O atual presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e o seu sucessor, Gabriel Galípolo, deram entrevista coletiva nesta quinta-feira (19) sobre a transferência de cargo e o balanço da inflação de 2024. Oficialmente o mandato de Campos Neto termina no próximo dia 31. O clima foi de cordialidade e de agradecimentos mútuos. Indicado pelo presidente Lula ao cargo, Galípolo se referiu a Campos Neto, alçado ao cargo por Jair Bolsonaro, de “amigo”. Os dois também demonstraram afinidade na avaliação do cenário econômico. Assista à íntegra da coletiva:
Gabriel Galípolo, que assumirá o cargo em 1º de janeiro de 2025, declarou que Lula está ciente dos problemas fiscais enfrentados pelo Brasil e que não há uma solução mágica para solucioná-los. Segundo ele, as dificuldades fiscais e as questões referentes às contas públicas vêm sendo discutidas há algum tempo. “Todos no mercado e na academia compreendem que é extremamente desafiador apresentar qualquer projeto ou programa fiscal que represente uma solução única para todos os problemas atuais, especialmente no curto e no curtíssimo prazo.”
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Ele enfatizou que, em suas conversas com o presidente Lula e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, percebeu um reconhecimento da necessidade de abordar as questões fiscais. Para ele nenhum programa proporcionará uma solução imediata; serão necessários passos que evidenciem a compreensão do problema e que indiquem um rumo a seguir. “Esses passos sempre demandarão diálogo com a sociedade e com o Congresso.”
Além disso, Galípolo compartilhou uma conversa com o presidente Lula na manhã desta quinta-feira (19). “Ele vivenciou essa realidade e conhece os impactos de uma inflação alta. Lula demonstrou confiança no Banco Central e em seus diretores, garantindo que eles irão trabalhar para manter a inflação dentro da meta. Estou contente em saber que ele está se recuperando e voltando para Brasília.”
Promessas cumpridas
O atual presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, falou em tom de despedida, informando que cumpriu as promessas e que a instituição atua no câmbio conforme necessário. Campos Neto explicou que o Banco Central intervirá no câmbio sempre que considerar necessário. “A instituição deve agir no câmbio quando identifica alguma disfunção no fluxo devido a operações pontuais, saídas extraordinárias ou fatores de mercado,” declarou.
Ele também observou que, no final do ano, começou a notar uma saída atípica de recursos, com dividendos acima da média e um fluxo financeiro consideravelmente negativo, indicando que este poderia ser um dos piores anos da história.
Além disso, Campos Neto destacou que a atuação do Banco Central permanece inalterada, mencionando que a instituição possui protocolos bem definidos para intervenções cambiais e que “disponha de vastas reservas” para agir conforme necessário. Quanto às incertezas fiscais, ele ressaltou que não compete ao Banco Central avaliar a situação fiscal do país, mas que a instituição busca fortalecer a credibilidade nas questões monetárias do Brasil.
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