A economia segue reagindo muito mal à possibilidade de o governo furar o teto de gastos e desrespeitar a Lei de Responsabilidade Fiscal para conferir um valor de R$ 400 ao Auxílio Brasil, o programa social que irá substituir o Bolsa Família.
O dólar opera em alta e às 10h30 estava cotado em R$ 5,637. No mesmo horário, o índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa) tinha queda de 1,7%.
As reações do mercado à possibilidade de valor do auxílio para além do teto de gastos já tinham feito o governo adiar o anúncio do novo programa, que inicialmente estava previsto para acontecer na terça-feira (19). Ontem, o ministro da Cidadania, João Roma, deu uma entrevista no Palácio do Planalto sinalizando para um aumento no valor do auxílio emergencial, que hoje está em R$ 300, mas sem se comprometer com o valor. Para pagar R$ 400, o governo pretende que R$ 300 saiam do Orçamento hoje usado no Bolsa Família e que os outros R$ 100, de forma provisória, fiquem acima do teto de gastos.
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Inicialmente, a equipe econômica de Paulo Guedes reagiu a essa possibilidade, que é defendida pelo grupo político do governo, que tenta convencer Bolsonaro de que ele não terá outra chance de recuperar a popularidade se não for aumentando o valor do benefício social. Por outro lado, parte da equipe econômica defende que ignorar a Lei de Responsabilidade Fiscal fará subir a inflação, desvalorizar a moeda e desorganizar a economia.
A afirmação de Guedes, no sentido de pedir uma “licença” para gastar além do teto, foi entendida pelo mercado como uma sinalização de que ele, diante da pressão política, acabe cedendo.
Essa discussão já está vinculada a uma outra, que também preocupa. Que é a PEC que permite o parcelamento do pagamento de precatórios. A votação do relatório do deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) para a PEC foi novamente adiado na quarta-feira (20) na comissão especial da Câmara. Parte dos recursos para o pagamento do Auxílio Brasil viria da possibilidade de parcelar o pagamento dos precatórios.
Torcendo pelo ”quanto pior, melhor”