O presidente Jair Bolsonaro decidiu nesta sexta-feira (17) demitir Roberto Alvim do comando da secretaria nacional de Cultura do Ministério do Turismo. A informação foi confirmada pelo Congresso em Foco com dois auxiliares próximos do governo.
O dramaturgo é alvo de uma enxurrada de críticas após parafrasear um discurso nazista ao anunciar premiação na área cultural.
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Alvim está no cargo há pouco mais de dois meses, desde o dia 7 de novembro. Antes dele, a secretaria era subordinada ao Ministério da Cidadania e ocupada por Ricardo Braga, que ficou dois meses no comando da área.
Braga substituiu Henrique Pires que foi nomeado no início do governo de Jair Bolsonaro e ficou até agosto.
Em mensagem divulgada em seu Facebook, Roberto Alvim disse que colocou o cargo a disposição de Bolsonaro.
PublicidadeLeia a íntegra da nota:
Caros:
ontem lançamos o maior projeto cultural do governo federal.
Mas no meu pronunciamento, havia uma frase parecida com uma frase de um nazista.
Não havia nenhuma menção ao nazismo na frase, e eu não sabia a origem dela.
O discurso foi escrito a partir de várias ideias ligadas à arte nacionalista, que me foram trazidas por assessores.
Se eu soubesse da origem da frase, jamais a teria dito.
Tenho profundo repúdio a qualquer regime totalitário, e declaro minha absoluta repugnância ao regime nazista.
Meu posicionamento cristão jamais teria qualquer relação com assassinos…
Peço perdão à comunidade judaica, pela qual tenho profundo respeito.
Do fundo do coração: perdão pelo meu erro involuntário.
Mas, tendo em vista o imenso mal-estar causado por esse lamentável episódio, coloquei imediatamente meu cargo a disposição do Presidente Jair Bolsonaro, com o objetivo de protegê-lo .
Dei minha vida por esse projeto de governo, e prossigo leal ao Presidente, e disposto a ajudá-lo no futuro na dignificação da Arte e da Cultura brasileiras.
Entenda o caso
Roberto Alvim usou trechos de um discurso do ministro de propaganda na Alemanha Nazista, Joseph Goebbels, para divulgar na noite de quinta-feira (16) o novo programa do governo de Jair Bolsonaro para a Cultura, o Prêmio Nacional das Artes.
Por isso, tornou-se alvo de uma enxurrada críticas nas redes sociais: os termos Alvim, Goebbels e Nazista estão nos assuntos mais comentados do Twitter na manhã desta sexta-feira (17).
No vídeo de divulgação do Prêmio Nacional das Artes, que foi publicado pela própria Secretaria Especial da Cultura nas redes sociais na noite dessa quinta-feira (16), Alvim diz que a premiação vem para reconhecer que a arte brasileira da próxima década será heróica, nacional e imperativa. O discurso é semelhante às promessas de Goebbels no governo de Adolf Hitler.
Compare os dois discursos:
> Segundo o livro Goebbels: a Biography de Peter Longerich, Goebbels anunciou o seguinte para os diretores de teatro da Alemanha Nazista: “A arte alemã da próxima década será heroica, será ferreamente romântica, será objetiva e livre de sentimentalismo, será nacional com grande páthos e igualmente imperativa e vinculante, ou então não será nada”.
> Já no vídeo da Secretaria de Cultura brasileira, Alvim diz: “A arte brasileira da próxima década será heroica e será nacional. Será dotada de grande capacidade de envolvimento emocional e será igualmente imperativa, posto que profundamente vinculada às aspirações urgentes do nosso povo, ou então não será nada”.
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Poderia aproveitar o momento para fazer uma profunda limpeza no ministério, colocando gente competente, honesta e diplomática e parar com fofocas no portão do Alvorada e entrevistas na mídia usando camisetas esquecendo-se que é presidente de um grande país e não dirigente do clube do bairro.