De 49 lives realizadas este ano pelo presidente Jair Bolsonaro para se comunicar com seus apoiadores, em 42 ele dedicou tempo para fazer ataques à imprensa, ou seja, em 86% das transmissões. O levantamento é da Agência Lupa que contabilizou ao menos 78 críticas diretas do presente a veículos de comunicação.
Mais do que opiniões, as críticas trazem declarações desvalorizando e menosprezando o trabalho de jornalistas. Também são registradas insinuações de que matérias produzidas pela imprensa são mentirosas e responsáveis pelo desgaste da imagem do Brasil no exterior. Em uma dessas lives o presidente chegou a parabenizar os jornalistas pelo Dia da Mentira, em 1º de abril.
Em outra ocasião, Bolsonaro se desdisse para afirmar que um jornal havia mentido. A Folha de S. Paulo trazia como manchete “Bolsonaro diz que pode usar armas fora da Constituição”.
Na live Bolsonaro vociferou: “Matéria da Folha, fake news, mentira. Alexandre de Moraes, investiga a Folha!” Entretanto, um dia antes dessa manchete, ele havia declarado: “Ele abre [o STF], apura e pune? Sem comentário. Está dentro das quatro linhas da Constituição? Não está, então o antídoto para isso também não é dentro das quatro linhas da Constituição”.
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Ficaram de fora das críticas do presidente, no entanto, veículos simpáticos à ele como o programa Pingo nos Is, da Jovem Pan, que transmite suas lives ao vivo todas as quintas-feiras.
Ataques de Bolsonaro em 2020
No ano passado a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) publicou um relatório denunciando os constantes ataques de Bolsonaro à imprensa.
PublicidadeAo monitorar discursos, entrevistas e postagens e redes sociais do presidente, a Federação identificou 299 declarações hostis a jornalistas entre janeiro e setembro de 2020. Isso corresponde a mais de um ataque pode dia.
Essa postura adotada por Bolsonaro fez com que o Brasil tivesse o seu chefe de Estado listado entre os “predadores da liberdade de imprensa”. O ranking é elaborado pelo Repórteres Sem Fronteiras e teve a última edição veiculada em julho deste ano. Nela, Bolsonaro é apontado como autor de “insulto, humilhação e ameaças vulgares”.
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