Matheus Moura, do Rio de Janeiro *
Especial para o Congresso em Foco
Na busca por reaproximar o BNDES de um propósito de fomento de desenvolvimento social, o banco oficializou nesta quinta-feira (21) o programa BNDES Periferia. A ideia, segundo o presidente da instituição, Aloizio Mercadante, é investir parte dos recursos não reembolsáveis (dinheiro cedido pelo banco fora da modalidade de crédito) em seis frentes: polos de desenvolvimento e cultura; trabalho e renda da periferia; novos rumos; conectividade em favelas; finanças híbridas; cooperativas e microcrédito.
Serão investidos R$ 100 milhões, metade do BNDES, do fundo Socioambiental, e a outra metade de captação com parceiros. O projeto se divide nos eixos polo de desenvolvimento e cultura e trabalho e renda na periferia.
A diretora socioambiental, Tereza Campello, explica que a equipe do banco passou a quarta-feira (20) realizando uma oficina fechada com entidades da sociedade civil que trabalham nas periferias e organizações das próprias comunidades. O objetivo era capacitar os representantes das organizações para formulação de projetos dentro dos parâmetros idealizados pelo banco.
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“Foram mais de 250 entidades do Brasil todo; uma parte presencial, aqui, uma parte online”, explica.
Os editais já estão abertos no portal do BNDES. O polo de desenvolvimento de cultura receberá projetos por dois meses, até o dia 31 de maio. Após esse período, começa o processo de avaliação e consolidação. A partir daí reinicia um novo ciclo de recepção de projetos.
Publicidade“As comunidades deverão escolher as necessidades para ocupação no próprio projeto, que tem que ser bem estruturado, partir de um diagnóstico e levantamento bem feitos, padrão BNDES”, reforça Tereza Campello.
No polo de trabalho e renda na periferia, o BNDES focará em mulheres, jovens e população negra com capacitação e mentoria para empreendedores, aporte de recursos para capital semente e uma iniciativa que contratará mês que vem o Senai com capacitação de mão de obra na periferia e preparo para o mercado 4.0, que engloba sistema de tecnologias avançadas como inteligência artificial, robótica e internet das coisas.
Os projetos devem ter um valor mínimo de R$5 milhões, metade do banco, metade de parceiros; demonstrar capacidade de execução do proponente; e advir de organizações com histórico comprovado de participação em território de comunidade. “Tem que mostrar como vai conseguir manter o projeto ao longo do tempo”, frisa Tereza.
Mercadante afirma que um dos objetivos desse programa é ampliar o acesso da população que mora em favela à internet de ponta. “A primeira capital que vai ter 100% de conectividade em todas as favelas vai ser Fortaleza”, revela o diretor do banco.
Ele explica também que parte do programa deverá ser dedicada ao fomento de cooperativas e que o plano é descentralizá-las das regiões Sul e Sudeste, estimulando o aumento de cooperativas nas regiões Norte e Nordeste e, quando nos centros urbanos, nas favelas. “Pra mim o caminho mais forte pra gente financiar em periferia é pela cooperativa.”,
O programa BNDES Periferia é fruto da nova política da visão de Mercadante sobre o que significa ser um banco de desenvolvimento ao fomento. “Quero subir a Rocinha e ver que ali tem uma estrutura desenvolvida pela comunidade e financiado pelo BNDES”, conclui.
* Jornalista formado pela UFSC com mestrado em ciências sociais pela UFRJ e doutorado em sociologia pela UFF em andamento. Colaborações em: Piauí, UOL, Folha de SP, Ponte Jornalismo etc. Autor de “O coronel que raptava infâncias” (Intrínseca).
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