O apoio ao ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, e à Lava Jato foi a principal bandeira levantada nas manifestações deste domingo (30) em dezenas de cidades do país. O pacote anticrime de Moro e a reforma da Previdência foram outros temas destacados, assim como críticas ao Supremo Tribunal Federal, ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e ao ex-presidente Lula (PT).
Já a defesa do presidente Jair Bolsonaro e de seu governo dividiu movimentos de direita que convocaram os atos. O Movimento Brasil Livre (MBL) e o Vem pra Rua evitaram proferir palavras de ordem em favor de Bolsonaro. Já o Nas Ruas defendeu também o presidente.
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As manifestações mais expressivas ocorreram em São Paulo, Brasília e no Rio de Janeiro. Em vários estados a Polícia Militar não estimou o número de participantes, o que impede a divulgação de uma estimativa do número de manifestantes. Moro e Bolsonaro agradeceram pelo Twitter.
“Eu vejo, eu ouço, eu agradeço. Sempre agi com correção como juiz e agora como ministro. Aceitei o convite para o MJSP para consolidar os avanços anticorrupção e combater o crime organizado e os crimes violentos. Essa é a missão. Muito a fazer”, publicou o ministro. “Sou grato ao presidente Jair Bolsonaro e a todos que apoiam e confiam em nosso trabalho. Hackers, criminosos ou editores maliciosos não alterarão essas verdades fundamentais. Avançaremos com o Congresso, com as instituições e com o seu apoio”, emendou.
Bolsonaro parabenizou os manifestantes. “Aos que foram às ruas hoje manifestar seus anseios, parabéns mais uma vez pela civilidade. A população brasileira mostrou novamente que tem legitimidade, consciência e responsabilidade para estar incluída cada vez mais nas decisões políticas do nosso Brasil.”
MBL sob ataque
Os atos foram convocados por movimentos de direita depois da divulgação de diálogos atribuídos a Moro, quando juiz da Lava Jato, que indicam que ele deu orientações a integrantes da força-tarefa da operação, prática que é proibida por lei.
Por não terem se posicionado a favor do governo, integrantes do MBL chegaram a ser chamados de “petralhas”, “pelegos” e “traidores” por outros grupos de direita no Rio e em São Paulo, onde houve princípio de tumulto com o Direita SP na Avenida Paulista.
“São grupos radicais sem representatividade na direita. Acreditam piamente que para ser de direita é necessário ser adesista”, rebateu o deputado Kim Kataguiri (DEM-SP), principal liderança do MBL, em mensagem ao Congresso em Foco. Segundo ele, o grupo manterá sempre sua posição de independência em relação ao governo.
O Movimento Brasil Livre e o Vem pra Rua já haviam ficado de fora dos atos de 26 de maio, também chamados pela direita, alegando que não concordavam com o teor da pauta, considerada mais radical, que incluía a defesa do fechamento do Congresso e do Supremo.
Discurso de general
Em Brasília, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente, e o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, subiram no trio elétrico e discursaram.
Coube ao general o pronunciamento mais duro deste domingo:
“O ministro Moro teve a coragem de abandonar 22 anos de magistratura para se entregar à pátria sem ganhar nada. Ao contrário, perdendo seu salário. E este homem está sendo colocado na parede para tirar da cadeia um bando de canalhas que afundaram nosso país”, discursou, dizendo-se emocionado. “Acho uma calhordice quererem colocar o ministro Sergio Moro na situação de julgado, ao invés de juiz, invertendo os papéis, e transformar um herói nacional em acusado”, afirmou.
Eduardo também provocou o PT. Ele disse que muitas “notícias falsas tentam dizer que Lula é um perseguido político e não um vagabundo preso”. “Tem mais condenação para vir por aí, tá ok?”
Bonecos infláveis
O presidente da Câmara foi hostilizado no Rio, sua base eleitoral, e em São Paulo, onde foi erguido um boneco inflável dele com o uniforme do Botafogo – em alusão ao seu time de coração e ao apelido atribuído a ele na lista de políticos beneficiados com propina ou doações não declaradas da Odebrecht.
Bonecos gigantes também foram inflados em Brasília. Um deles trazia Moro no papel de Super-Homem. Outro, já utilizado em diversas manifestações, remete à figura de Lula como presidiário. Um terceiro adereço erguido reúne as imagens de Lula, do ex-ministro José Dirceu e do ministro Gilmar Mendes, do Supremo. Na última terça, Gilmar defendeu a soltura de Lula enquanto a corte não julgasse um pedido de liberdade apresentado pela defesa do petista. A sugestão acabou rejeitada.
Também na capital federal houve apelo pela instalação da chamada CPI da Lava Toga, para investigar a conduta de ministros de tribunais superiores. Os pedidos apresentados até agora foram arquivados pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP).