O presidente Jair Bolsonaro discursou na manhã desta terça-feira (22), na abertura da 75ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU). O presidente defendeu o agronegócio brasileiro e afirmou que o país é “vítima de uma guerra de desinformação sobre Amazônia e Pantanal”. No pronunciamento, Bolsonaro se eximiu de responsabilidade pelo aumento do desmatamento e das queimadas no país e pelo elevado número de mortos por covid-19, áreas em que o país tem sido contestado internacionalmente.
> Bolsonaro mente e distorce informações pelo menos 15 vezes em discurso na ONU
“A Amazônia brasileira é sabidamente riquíssima”, disse o presidente. “Isso explica o apoio de instituições internacionais a essa campanha escorada em interesses escusos que se unem a associações brasileiras, aproveitadoras e impatrióticas, com o objetivo de prejudicar o governo e o próprio Brasil.” Bolsonaro ainda comparou a discussão sobre a Amazônia aos incêndios que ocorrem no estado norte-americano da Califórnia.
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Os focos registrados no norte do país, segundo Bolsonaro, não são de responsabilidade do agronegócio. “Os incêndios acontecem praticamente, nos mesmos lugares, no entorno leste da floresta, onde o caboclo e o índio queimam seus roçados em busca de sua sobrevivência, em áreas já desmatadas”, disse, sem demonstrar qualquer comprovação sobre a declaração.
O presidente disse que o Brasil se “destaca na área ambiental” e acusou a Venezuela de ter vazado óleo nas praias brasileiras em 2019. Ele afirmou ainda que o país tem se destacado na área dos direitos humanos com o refúgio dado a venezuelanos.
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Bolsonaro, que discursou por cerca de 15 minutos, abriu sua fala “lamentando cada morte ocorrida” pela pandemia do coronavírus, mas disse que o Supremo Tribunal Federal impediu que o governo federal agisse. O STF definiu que os estados tinham autonomia para tomar suas decisões.
“Não faltaram, nos hospitais, os meios para atender aos pacientes de Covid. A pandemia deixa a grande lição de que não podemos depender apenas de umas poucas nações para produção de insumos e meios essenciais para nossa sobrevivência. Somente o insumo da produção de hidroxicloroquina sofreu um reajuste de 500% no início da pandemia”, afirmou o presidente, mais uma vez concentrando seu discurso de combate à covid-19 no medicamento que não tem comprovação cinetífica.
“Cristofobia”
O presidente, pela primeira vez em um discurso oficial, citou o termo “cristofobia”, que seria o ódio contra a religião cristã. Encerrou sua fala com a afirmação de que “o Brasil é um país cristão e conservador e tem na família sua base.”
Pela primeira vez desde a fundação da organização internacional, os discursos não ocorrerão na sede da Organização, em Nova York. Devido à pandemia, os discursos são gravados pelos chefes de estados e transmitidos online.
O Presidente da República do Brasil falou após discurso do presidente das Nações Unidas, o português Antônio Guterres. Após Bolsonaro, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, também discursou de maneira online, fazendo duras críticas à China.
Leia aqui a íntegra do discurso de Bolsonaro na Assembleia Geral da ONU.