Assim como Jair Bolsonaro, aliados da tropa de choque do presidente também registraram um aumento de seguidores fora do padrão em suas contas no Twitter. Desde a última segunda-feira (25) deputados, ex-ministros e generais ganharam dezenas de milhares de novos seguidores, os followers, com características de robôs, ou bots. Até a tarde desta quarta-feira, de acordo com a plataforma Social Blade, o presidente já havia faturado novos 101.946 followers.
Dos deputados que compõem a tropa de choque bolsonarista, Carla Zambelli (PL-SP) e Bia Kicis (PL-DF) são as que mais foram premiadas com o aumento de seguidores com em suas contas na rede do passarinho. Zambelli, que costumava registrar entre 1.000 e 1.500 novos seguidores ao dia, teve um aumento de 62.148 novos perfis em apenas dois dias. Bia Kicis vem logo atrás. A deputada, ex-presidente da Comissão de Constituição e Justiça, teve aumento de 51.027 seguidores no mesmo período de dois dias. A média de novos seguidores da deputada brasiliense era de 800 a 1.200 novos perfis ao dia.
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A manobra veio à tona nesta terça-feira, após o criador da plataforma Bot Sentinel, Christopher Bouzy, denunciar nas suas redes sociais o crescimento súbito de contas do Twitter de políticos da extrema-direita, no Brasil e nos Estados Unidos, de seguidores com características de robôs. Bouzy publicou uma lista na qual mostrava que mais de 61 mil novos followers que passaram a seguir o perfil do presidente Bolsonaro tiveram suas contas criadas no mesmo dia.
Em nota ao Congresso em Foco o Twitter informou não ter identificado nenhuma anormalidade.
“Temos analisado as recentes variações na contagem de seguidores de perfis no Twitter globalmente. Ao que tudo indica, essas oscilações parecem ter sido, em grande parte, resultado de um aumento na criação de novas contas e desativação de outras, organicamente. Seguiremos analisando essas alterações e, como parte de nossos esforços contínuos, tomando medidas contra contas que violem nossa política de spam. Manteremos as pessoas informadas a respeito do assunto conforme seguimos observando as movimentações.”
*Veja abaixo quem teve seu perfil do Twitter inflado:*
Bot não vota
“Os bots não vão votar, mas eles vão manter o engajamento e talvez pessoas que se desanimem com pesquisas eleitorais quando veem que o Bolsonaro está atrás, talvez possam a partir desse engajamento se lembrarem e terem um ânimo a mais. O engajamento é bom para manter o que já tem. Não implica voto. Implica muito mais euforia em torno de um nome. Estudos mostram que não há um impacto direto das mídias sociais e das mensagens que circulam nelas sobre decisão de voto, por exemplo. O que existe é o aumento no engajamento, a condução da agenda dos debates”, explica o PhD em Ciência Política pelo Instituto de Ciência Política (IPOL) da UnB, e especialista em desinformação e comportamento político, Carlos Oliveira. “Através dos bots eles conseguem engajamento.
Para Oliveira, não há evidências científicas de que seguidores com características de bots ofereçam risco ao processo eleitoral, mas é uma maneira de manter Bolsonaro, por exemplo, em destaque.
“As mídias sociais normalmente são utilizadas mais para manter engajamento e quanto mais menções, quanto mais curtidas e compartilhamentos daquelas mensagens políticas que são postadas nas mídias sociais, mais o beneficiário daquela mensagem, no caso o presidente Bolsonaro, consegue arregimentar gente, mesmo que não sejam pessoas verdadeiras, mesmo que sejam bots. Ele vai ter menção, ele vai ser lembrado.”
O especialista cita que, no caso das eleições dos Estados Unidos, a extrema-direita, “o pessoal trumpista”, utilizou de maneira mais hábil as mídias sociais para difundir as ideias deles. Para o especialista, a direita lida melhor com as mídias sociais que a esquerda.
“A esquerda sempre se movimentou mais nas redes sociais no sentido sociológico. E, nas mídias sociais, acabou que a esquerda deixou passar uma oportunidade estratégica que acabou sendo dominada pelos partidos mais conservadores de direita. Há estudos que dizem o seguinte, que informações ou discussões mais intuitivas acabam chamando mais atenção. É mais fácil eu discutir com as pessoas, ainda mais nas mídias sociais, que bandido bom é bandido morto. Melhor maneira de enfrentar a criminalidade de maneira intuitiva é punir do mesmo jeito a pessoa que cometeu um crime, prisão perpétua, pena de morte”, afirmou.
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