Após postar foto ao lado do presidente Lula, que visitou o Ceará na última sexta-feira (12), o deputado federal Yury do Paredão (PL- CE) tem gerado revolta em alguns de seus colegas de partido. Nesta quarta-feira, ele votou com o governo a favor do regime de urgência para acelerar a análise do chamado arcabouço fiscal. Ao todo, 29 deputados do PL, do ex-presidente Jair Bolsonaro, apoiaram o pedido do governo Lula para dar celeridade à apreciação das novas regras fiscais.
Yury posou para foto com Lula durante reunião de assinatura do Pacto Nacional pela Retomada de Obras da Educação Básica, na cidade de Crato. Vaiado pelos apoiadores do governo ao subir no palco, o deputado também foi criticado por colegas de partido, como André Fernandes (PL-CE), que fez uma publicação nas redes sociais.
“Deputado do PL que posa ao lado do maior ladrão da história do Brasil em foto tem que ser expulso imediatamente do partido. Quem tem ‘honra’ em receber Lula, não tem honra para permanecer no nosso partido”, escreveu.
Na legenda da foto com políticos petistas, Yury do Paredão escreveu: “É uma honra recepcionar o presidente Lula em minha cidade, Juazeiro do Norte, ao lado do senador e ministro da Educação, Camilo Santana, o governador do Ceará, Elmano Freitas, e o líder do Governo na Câmara, deputado Zé Guimarães. Estamos ansiosos para discutir ideias e soluções para o desenvolvimento do nosso estado. Juntos, podemos construir um Ceará mais forte e justo para todos”.
Depois de ser atacado nas redes, o deputado tentou se defender. “O Brasil precisa olhar para frente. Os conflitos radicais não fazem bem ao povo brasileiro. A política é instrumento para a superação de desafios. Ela não deve servir ao radicalismo e nem incentivar o ódio”, escreveu no domingo (14).
O presidente do PL na Câmara, Valdemar Costa Neto, também se pronunciou no Twitter, na segunda-feira (15), e sugeriu ao deputado que começasse a procurar outro partido. “Ainda não falei com o Yury, mas já adianto que se ele cumprimentou o Lula por que acha que ele governa do jeito certo, ele tem que sair do partido e procurar uma outra legenda”, disse. “Mas se cumprimentou por cordialidade e respeito a liturgia do cargo de presidente da República, ele está correto. Oposição e ódio são coisas bem distintas. Somos oposição ao Lula e assim seguiremos”, ponderou.
O deputado já havia sinalizado ao governo no início do ano, quando o Planalto articulava a retirada de assinaturas para barrar a instalação da CPI mista dos ataques golpistas de 8 de janeiro. Ele foi um dos que retiraram o apoio às investigações.
Yury do Paredão, de 34 anos, foi eleito pela primeira vez em outubro do ano passado. Antes de sua carreira como político, atuou como empresário e produtor no ramo musical. Em 2018, Yury chegou a passar uma semana preso após aparecer atirando na direção de um funcionário em uma fazenda no Ceará.
No final do ano passado, recentemente eleito, o deputado foi alvo de uma operação de busca e apreensão. Na época, a Polícia Federal (PF) investigava contratos firmados pela prefeitura de Ouricuri (PE) com empresas prestadoras de serviço sediadas nos estados de Pernambuco e Ceará. A PF cumpriu dez mandados de busca e apreensão, um deles na casa do deputado, que negou qualquer irregularidade.
Em março, a irmã de Yury do Paredão, a vereadora por Juazeiro Yanny Brena, de 26 anos, foi encontrada morta ao lado do namorado, Rickson Pinto, de 27. Segundo a polícia, Rickson assassinou Yanni e cometeu suicídio. “Afirmo com clareza que a minha maior meta agora será combater o feminicídio”, escreveu o deputado em seu primeiro pronunciamento sobre o caso. A jovem era presidente da Câmara Municipal de Juazeiro.
Veja como cada deputado votou a urgência para o arcabouço fiscal
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