O presidente da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), Arthur Maia (União-BA), celebrou o acordo feito nesta terça-feira (20) para aprovar a presença de requerimentos para ouvir em audiências o ex-diretor-adjunto da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), Saulo Moura da Cunha, e do ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Gonçalves Dias.
Arthur Maia também anunciou que na quarta-feira (21) haverá uma reunião com a advocacia do Senado para deliberar sobre a liberação do inquérito sigiloso da ABIN, um dos documentos mais requisitados pela oposição para acusar o governo de omissão no dia 8 de janeiro. O documento em tese foi elaborado pela Agência para alertar o governo sobre ofensivas à Praça dos Três Poderes dias antes da tentativa de golpe de estado.
“Nós conseguimos produzir um acordo importante para que houvesse a convocação dos requerimentos da oposição. Eram reivindicações muito fortes e, a meu ver, justas. Afinal de contas a CPMI é um instrumento da oposição e que não pode funcionar com apenas um lado”, afirmou Maia.
Conforme o deputado, todas as figuras centrais que gravitam em torno do debate sobre o dia 8 de janeiro precisam ser ouvidos para produzir material que leve à conclusão do trabalho da Comissão. O presidente também comemorou o andamento da quarta audiência, que ouviu o ex-diretor geral da Polícia Federal Rodoviária (PRF), Silvinei Vasques, na terça-feira.
“É uma CPMI polêmica, que sempre vai ter esse embate. Felizmente, estamos avançando e o depoimento [de Silvinei] é de muita utilidade. Me pareceu um depoimento satisfatório. Penso que o inquirido pode responder as perguntas, claro que pode ter respondido de maneira insatisfatória à relatora”, ponderou Maia.
Ao ser questionado sobre o comportamento de Vasques, que em vários momentos desviou de conceder respostas diretas, com um simples sim ou não, e apresentou dados do sistema interno da PRF sobre o Nordeste que foram altamente rebatidos e questionados por parlamentares, em especial os naturais da região, Maia procurou não cravar que o depoente estava mentindo.
“Tenho que me basear nos dados que [Vasques] apresentou. A relatora teve condições normais de fazer as perguntas. Como parlamentar experiente, posso afirmar que tanto a inquirição e o depoente cumpriram seu papel”, disse o presidente da CPMI ao buscar certo equilíbrio para uma sessão marcada por níveis de acirramento e altercações acaloradas.
Congressistas da base do governo questionaram a versão de Vasques. O ex-diretor da PRF apresentou informações que desenharam o Nordeste como um reduto de tráfico de drogas e armas com malha rodoviária de grande porte que demanda maior atuação do efetivo da corporação, bem como lar da maior quantidade de crimes eleitorais do país.
O governo então se esforçou para denunciar uma possível manipulação de dados por parte de Vasques. Eles pediram as fontes de informações do depoente, uma vez que os dados apresentados pelos parlamentares, essencialmente provenientes do ministério da Justiça, apresentam um cenário distinto ao relatado por Vasques.
Sob pena de ser preso, Vasques foi acusado diversas vezes de ter mentido ao longo da audiência por parlamentares do governo, inclusive pela senadora e relatora Eliziane Gama (PSD-MA).
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