Após o PDT orientar os deputados a votarem favoráveis à PEC dos Precatórios na última quarta-feira (3), deputados contrários se articulam para reverter a situação e virar o voto dos parlamentares na Câmara até a votação em segundo turno, na terça-feira (9). O deputado Túlio Gadêlha (PDT-PE), que votou contra a medida, afirmou ver a orientação do partido como um “erro” e disse que tentará virar o voto de pelo menos 10 partidários para a próxima votação.
“Isso foi um erro de tática mesmo, porque fere diretamente princípios do partido de defesa da educação, principalmente porque grande parte desses precatórios eram direcionados ao Fundef. Acho que vamos conseguir reverter a situação. A minha expectativa é de que dos 15 deputados que votaram, pelo menos 10 sejam revertidos”, disse ao Congresso em Foco.
A PEC dos Precatórios foi aprovada em primeiro turno por 312 votos. Apenas quatro a mais que os 308 exigidos para uma mudança constitucional. Dos 21 pedetistas votantes, somente seis se aliaram à oposição e votaram contra a proposta.
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A proposta prevê o adiamento na folha de dívidas reconhecidas pela Justiça e abre espaço fiscal para viabilizar o pagamento do Auxílio Brasil, substituto do Bolsa Família no ano eleitoral de 2022. Na aprovação da PEC em primeiro turno, o PDT foi o único da oposição a orientar voto favorável ao governo.
A decisão do partido levou Ciro Gomes a suspender a candidatura à presidência pela legenda. O ex-ministro anunciou a suspensão nas redes sociais na última quinta-feira (4). Gadelha também avaliou a decisão de Ciro correta e disse acreditar que com a mudança de postura do partido, a pré-candidatura de Gomes será emplacada.
“Acho que Ciro tomou uma boa postura dentro do partido e retirou sua candidatura, essa foi uma postura, uma orientação do PDT. Uma posição necessária dentro desse momento aqui de instabilidade programática que a gente vive no partido. A candidatura de Ciro Gomes é um projeto de desde 2017. Quase cinco anos de defesa de um projeto, não acredito que os parlamentares pensando nos seus acordos com o governo, com Arthur Lira, vão sacrificar um projeto que vem sendo defendido pelo partido há muitos anos”, afirmou.
Depois da ameaça de Ciro, o presidente do PDT, Carlos Lupi, entrou com ação no Supremo Tribunal Federal para anular a votação de quarta-feira. “Cumpre informar aos estimados companheiros que estou dando entrada agora, na parte da manhã, com uma ação no STF contra a autorização do presidente da Câmara, Arthur Lira, para que 23 parlamentares, em viagem, votassem remotamente na PEC dos Precatórios. Um cheque em branco que a Câmara deu ao Sr. Lira e ao Profeta da Ignorância!”, publicou Lupi nas redes sociais.
A visão de Túlio também reflete as divergências dentro do partido. Segundo ele, o PDT sofre uma “crise de identidade”, que gera oscilações internas.
Não é a primeira votação que há desconforto no partido. Em junho, a legenda saiu a favor do voto impresso, outra bandeira defendida pelo governo de Jair Bolsonaro.
Segundo o radar Congresso em Foco, que mostra o governismo dos deputados até setembro deste ano, o PDT aparece como o segundo partido de oposição mais alinhado com governo, com 42%. Em primeiro, encontra-se o PSB, com 43%, que também orientou favorável a PEC dos Precatórios.
Ameaça de Ciro abre crise no PDT e põe em risco aprovação da PEC dos Precatórios
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