Entre os dez deputados com maior influência nas redes sociais, apenas um é aliado do governo Lula. E ele nem é dos partidos mais atuantes dentro do governo. Trata-se do deputado André Janones (Avante-MG). No Senado, o problema para o governo Lula é ainda maior: todos os dez senadores que encabeçam a lista de popularidade digital são oposicionistas. É o que mostra o Índice de Popularidade Digital (IPD), formulado pelo Instituto Quaest e pela Genial Investimentos.
O Índice de Popularidade Digital mede o desempenho dos parlamentares nas redes a partir de 152 variáveis analisadas em seis plataformas digitais. O bloco de oposição na Câmara obteve um IPD de 17,3, enquanto os governistas ficaram com 15,2. No Senado, a disparidade é ainda maior: 16,9 para os governistas contra 23,4 para os oposicionistas.
Polêmico em muitos momentos, Janones é quem vem dando um alívio para os aliados de Lula desde que desistiu da sua candidatura à Presidência para se unir ao bloco liderado pelo candidato do PT eleito presidente. Usando das mesmas estratégias mais agressivas daqueles que fazem oposição a Lula, Janones ganhou destaque, apesar das confusões. Na última, chamou o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) pelo apelido de “Chupetinha” em plena sessão da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) que sabatinava o ministro da Justiça, Flávio Dino. O PL quer levar Janones ao Conselho de Ética pelo episódio.
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Nikolas Ferreira
Curiosamente, o nome que lidera a lista de popularidade digital entre os deputados é justamente Nikolas Ferreira. Ele é seguido por um nome independente: o motivador evangélico Fábio Teruel (MDB-SP). Janones é o terceiro na lista dos dez com maior popularidade. E todos os demais são bolsonaristas: Mauríco Marcon (Podemos-RS), Eduardo Bolsonaro (PL-SP), Tiririca (PL-SP), André Fernandes (PL-CE), Bia Kicis (PL-DF), Gustavo Gayer (PL-GO) e Marcel Van Hatten (Novo-RS).
No Senado, todos os dez parlamentares no topo do Índice de Popularidade Digital fazem oposição ao governo Lula. Cleitinho Azevedo (Republicanos-MG) lidera a lista. Em seguida, vêm: Flávio Bolsonaro (PL-RJ), Sergio Moro (União Brasil-PR), Romário (PL-RJ), Magno Malta (PL-ES), Damares Alves (Republicanos-DF), Marcos do Val (Podemos-ES), Hamilton Mourão (Republicanos-RS), Rogério Marinho (PL-RN) e o Astronauta Marcos Pontes (PL-SP).
Veja a íntegra da pesquisa:
Assuntos
O relatório observa que os parlamentares bolsonaristas pautam diversos assuntos relacionados ao governo. Enquanto os governistas ficam centrados mais em apontar erros de Bolsonaro. Dos temas de maior alcance, o principal foi o discurso que Nikolas Ferreira fez no Dia Internacional da Mulher, com uma peruca loira na cabeça, para atacar mulheres trans, como suas colegas de plenário, Erika Hilton (Psol-SP) e Duda Salabert (PDT-MG). O relatório da pesquisa avalia que a estratégia de Nikolas Ferreira é justamente “criar polêmicas”.
O governo conseguiu pautar o seguinte tema de maior alcance, que é a denúncia sobre as joias dadas de presente a Bolsonaro pelo governo da Arábia Saudita.
Janones
Com relação a rankings anteriores, André Janones subiu na classificação, observa a Quaest. “Aliado de Lula com maior visibilidade nas redes, Janones é conhecido no mundo digital por seu tom alarmista. Seu foco é o ataque ao bolsonarismo e a defesa da agenda social – como no dia 2 de março quando falou sobre o novo valor do Bolsa Família, o que lhe rendeu 62 mil curtidas no Twitter. O deputado mobilizou mais as redes nessa 1ª quinzena de março em relação à quinzena anterior, conquistando a 3ª posição no ranking do IPD”, diz o relatório.
Um ponto observado na pesquisa é que a oposição passou a dominar a Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara, o que ajuda a fazer render temas que se impulsionam nas redes sociais. A deputada Bia Kicis é a presidente da comissão.
Senado
No Senado, o principal nome é Cleitinho. “Ocupa, com folga, a liderança da lista. Sendo também um representante do bolsonarismo, sua atuação nas redes não se limita a atacar o governo e defender o ex-presidente. O senador é um grande crítico da cobrança de impostos e do serviço público”, observa a Quaest.
Flávio Bolsonaro vem em segundo, comparando críticas ao governo Lula com realizações do governo anterior de seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Em terceiro, vem Sergio Moro, que se notabiliza pelo antagonismo com o presidente Lula. Foi Moro que, como juiz, condenou Lula, condenação que o levou a ser preso.
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