O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse que, com o adiamento das eleições, as privatizações ficam ainda mais difíceis para o ano de 2020. Para Maia, a agenda ampla de privatizações não tem sinal do Planalto. “Pode ser uma agenda de parte do Ministério da Economia, mas do meu ponto de vista eu não acho que é uma agenda do Palácio do Planalto”, disse ele em live nesta terça-feira (7) com a Genial Investimentos.
No domingo, em entrevista à CNN Brasil, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que o governo pretende anunciar nos próximos três meses a privatização de quatro grandes estatais. Ele não adiantou o nome das empresas, mas indicou que os Correios deverão fazer parte da lista.
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Maia ponderou que persiste a resistência no Senado Federal à privatização da Eletrobras no modelo apresentado. “Isso aí tira ainda mais as condições de a matéria avançar”, disse. A privatização dos Correios seria outra possibilidade, mas ele afirmou não ver intenção do governo de encaminhar projeto nesse sentido.
Reformas
Sobre as reformas, Maia disse não trabalhar com a possibilidade de votação da reforma administrativa até o fim do ano. Para ele, a eleição municipal ajuda na tramitação da reforma tributária, pois quase todos os entes estão a favor do tema. “Acho que essas duas reformas seriam eixos importantes para que o investidor possa olhar o futuro com mais tranquilidade no Brasil”.
O deputado criticou a intenção do governo em recriar uma CPMF e afirmou que, se insistir na proposta, será derrotado pelo Congresso, pois não há espaço para aumento da carga tributária no país. “Estou otimista em relação a pauta, mas o governo precisa encaminhar as propostas. Se o governo quiser mandar a CPMF, que encaminhe, vai ser uma derrota desnecessária”, alertou.
Mais uma vez, o presidente da Câmara cobrou o envio das reformas e criticou a ausência de propostas para o período pós-pandemia. “Não é possível que o governo, sabendo da sua importância, queira transferir ao Parlamento a sua responsabilidade.”
Maia disse, ainda, que deve retomar ainda esta semana a discussão da PEC da reforma tributária. Segundo ele, se não for possível retomar os trabalhos da comissão mista, a discussão será iniciada pela Câmara. Maia também acenou para a importância das PECs emergencial, do Pacto Federativo e dos fundos públicos, mas disse ser preciso esperar o tempo do Senado, visto que as propostas iniciaram a tramitação por aquela Casa.
Relacionamento com o Executivo
O presidente da Câmara disse também que a proximidade com o governo Jair Bolsonaro depende da pauta. Segundo ele, há um “ambiente melhor” nas últimas semanas, com redução do tensionamento por parte do presidente, o que ajuda no diálogo.
O deputado minimizou conflitos com o governo e apoiadores do presidente Bolsonaro. “As relações políticas, os conflitos ideológicos não podem prejudicar o interesse da sociedade no Parlamento”, disse. Ele afirmou que o ministro da Economia, Paulo Guedes, agrediu a Câmara de forma “desnecessária, absurda” nas discussões sobre o projeto de auxílio a estados. “Quem bate esquece, quem leva pancada não esquece”, disse.
Ainda assim, Maia considerou ser bom para a sociedade a construção de uma base do governo no Parlamento. “Espero que o governo consiga manter essa base, é importante”, disse. Na avaliação dele, na agenda econômica o governo consegue ter maioria para a aprovação de reformas e de marcos regulatórios.
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