O ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia (RJ) criticou a posição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Gleisi Hoffman, ambos do Partido dos Trabalhadores (PT) por saírem em defesa da revogação da reforma trabalhista no Brasil. A discussão foi reavivada após publicação de Lula sobre a Espanha estar revendo as mudanças na legislação trabalhista feitas em 2012.
No Brasil, a reforma foi realizada durante o governo do ex-presidente Michel Temer (MDB), com a promessa da criação de “milhões de empregos” e “aumentar a renda dos trabalhadores”.
“É importante que os brasileiros acompanhem de perto o que está acontecendo na Reforma Trabalhista da Espanha, onde o presidente Pedro Sanchez está trabalhando para recuperar direitos dos trabalhadores”, escreveu Lula.
Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, Rodrigo Maia disse que o PT repete os erros praticados entre meados do governo Lula e a gestão Dilma Rousseff.
“O PT parece que vem para esse processo eleitoral trazendo os mesmos erros que geraram a grande recessão que o Brasil passou durante dois anos do governo Dilma. Principalmente do governo Dilma, mas também a parte final do governo Lula, com uma matriz econômica de proteção a empresas brasileiras, de incentivos fiscais como IPI e desonerações e gastos crescentes”, diz o deputado.
O assunto tem repercutido nas redes sociais. Na manhã desta quarta, Maia voltou ao Twitter para retrucar: “Acho interessante que a esquerda critica a reforma trabalhista, mas não tem uma proposta para reduzir a informalidade no Brasil.”
Histórico de Maia
Em 2017, o ex-presidente da Câmara articulou a aprovação em plenário do projeto. Segundo ele, as reformas trabalhista e da previdência iriam produzir “mudanças profundas” na relação entre capital e trabalho e assim contribuir para a retomada de investimentos, empregos e do equilíbrio fiscal do País.
Hoje, ele afirma que a revogação da reforma iria inflexibilizar o mercado de trabalho.
“O que tem acontecido —e aconteceu de 2020 para 2021— é a recuperação do emprego sempre no emprego precário, na informalidade. O PT vê a questão do emprego pela ótica equivocada. O Brasil não vai voltar a crescer criando restrições, criando um Estado paternalista.”, disse à Folha.
Na Espanha, a mudança foi aprovada em 2012 e serviu como base para a proposta no Brasil. Chamada de “contra reforma” no país europeu, a negociação foi articulada pelo primeiro-ministro Pedro Sánchez, empresas, sindicatos e partidos, como o Partido Socialista Espanhol (Psoe).
A reforma atual, entre outras medidas, estabelece regras para que acordos entre empresários e representantes dos trabalhadores passem a ter força de lei, o chamado “negociado sobre o legislado”.
A proposta, no entanto, ainda deverá passar por análise do parlamento da Espanha.
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