Um projeto de lei de autoria do deputado Kim Kataguiri (DEM-SP), que prevê a legalização da venda do cigarro eletrônico no Brasil, motivou nota de repúdio da Associação Médica Brasileira (AMB) contra a medida. Ao tomar conhecimento da nota, o deputado respondeu à nota por meio de suas redes sociais e afirma considerar equivocada a posição da organização.
A principal preocupação da AMB é o impacto que o cigarro eletrônico provoca na saúde do usuário, que passa a sofrer com o risco de dependência química. “A maioria absoluta dos cigarros eletrônicos contém nicotina – a droga psicoativa responsável pela dependência química. Nos cigarros eletrônicos, ela se apresenta sob a forma líquida, com forte poder adictivo, ao lado de solventes”, explicam os representantes de classe.
Cigarros eletrônicos, por utilizarem vapor no lugar de fumaça, costumam ser oferecidos como uma alternativa menos agressiva ao cigarro para aqueles que procuram reduzir os danos do vício. A AMB considera falaciosa a ideia de que o mecanismo possa representar um meio seguro de inalação da nicotina.
“Entre agosto de 2019 e fevereiro de 2020, ocorreu um surto de doença pulmonar aguda ou subaguda grave denominada EVALI (ferimento pulmonar associado a produto relacionado a cigarro eletrônico), em usuários de cigarros eletrônicos, tendo sido notificados 2.807 casos nos EUA, com 68 mortes confirmadas”, narram como exemplo de impacto do cigarro eletrônico na saúde pública.
Na visão da associação, o lobby da indústria de cigarro pode estar por trás do interesse no projeto. “Como falar em liberdade com o uso de uma droga psicoativa pesada como a nicotina, que torna a maioria de seus dependentes cativos da indústria do tabaco pelo resto de suas vidas e os levará ao adoecimento e morte prematura? Esta indústria perversa agora demoniza o outrora glamourizado cigarro convencional e vem afirmando que os cigarros eletrônicos são úteis na tentativa de cessação do tabagismo”, apontaram.
Deputado retruca
Em resposta, Kim Kataguiri afirmou que, independente do efeito do produto na saúde, a proibição não é o caminho mais eficaz para se impedir a proliferação do cigarro eletrônico. “O comércio de cigarros eletrônicos no Brasil é proibido, mesmo que o produto tenha se popularizado e seja vendido em toda esquina do nosso país. O ‘vape’ já é vendido à luz do dia, barrar sua criminalização só beneficia criminosos”, disse.
O deputado segue afirmando que o cigarro eletrônico é menos nocivo à saúde do que o tradicional, e alega que “a Associação Médica Brasileira quer que o mercado continue ilegal com produtos contrabandeados por entender que ainda assim faz mal à saúde”. Ao seu ver, a legalização ainda traria um impacto positivo na economia, afirmando que a abertura desse mercado traria geração de riqueza e de arrecadação.
Além da defesa dos efeitos práticos desejados, Kataguiri explicou a questão ideológica que o levou a defender tal pauta. “Eu defendo que o indivíduo faça o que bem entender da sua vida pessoal e arque com as consequências de suas escolhas”, disse. “Nós, aqui de Brasília, não deveríamos, com uma canetada, dizer o que um cidadão deve ou não consumir, desde que não prejudique a vida de outros”.
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