Depois de o jornal O Estado de S. Paulo revelar que o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tentou trazer ilegalmente um conjunto de joias do Oriente Médio para a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, a bancada do Psol na Câmara afirmou que entrará com uma representação no Ministério Público Federal (MPF) para apurar o caso.
“Bolsonaro tentou trazer ilegalmente diamantes para o Brasil e usou até mesmo um avião da FAB [Força Aérea Brasileira] para resgatar o contrabando. Não podemos normalizar esse comportamento miliciano. É inadmissível que um presidente da República use descaradamente o governo para enriquecer a própria família”, afirmou Guilherme Boulos (SP), líder da bancada na Câmara. A peça da denúncia deverá ser apresentada na próxima segunda-feira (6).
O senador Humberto Costa (PT-PE) também anunciou que acionará o MPF e a Polícia Federal para investigar o caso. Segundo ele, o caso “cheira a lavagem de dinheiro”. “A intimidade daquela família presidencial com milícias e ilícitos, a tentativa de controle a que submeteu órgãos de Estado, como a PF e a Receita, tudo isso parece parte de um grande esquema criminoso”, publicou o senador no Twitter.
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Humberto ressaltou que o “Brasil estava dominado por uma quadrilha golpista disposta a destruir a democracia enquanto saqueava a Pátria”.
A intimidade daquela família presidencial com milícias e ilícitos, a tentativa de controle a que submeteu órgãos de Estado, como a PF e a Receita, tudo isso parece parte de um grande esquema criminoso.
— Humberto Costa (@senadorhumberto) March 4, 2023
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O ministro da Justiça e Segurança pública, Flávio Dino, afirmou que apresentará na segunda-feira um ofício para que a Polícia Federal investigue o caso. “Fatos relativos a joias, que podem configurar os crimes de descaminho, peculato e lavagem de dinheiro, entre outros possíveis delitos, serão levados ao conhecimento oficial da Polícia Federal para providências legais”, afirmou o ministro em post nas redes sociais.
Fatos relativos a joias, que podem configurar os crimes de descaminho, peculato e lavagem de dinheiro, entre outros possíveis delitos, serão levados ao conhecimento oficial da Polícia Federal para providências legais. Ofício seguirá na segunda-feira.
— Flávio Dino 🇧🇷 (@FlavioDino) March 4, 2023
Entenda o caso
Segundo o Estadão, as joias avaliadas em R$ 16,5 milhões foram dadas pelo governo da Arábia Saudita à ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro em outubro de 2021. Na primeira tentativa de ocultar a entrada dos diamantes no país, um assessor do então ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque, guardou as joias dentro de sua mochila. O sargento Marcos André do Santos Soeiro foi parado pelos fiscais da Receita no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo. Por lei, o beneficiário teria de pagar na forma de imposto o equivalente à metade do valor dos itens apreendidos, além de outros 25% por tentar esconder os objetos da alfândega, o que daria algo em torno de R$ 12 milhões.
Após a repercussão do caso, Michelle Bolsonaro ironizou a situação em uma publicação no Instagram. “Quer dizer que eu tenho tudo isso e não estava sabendo? Meu Deus! Vocês vão longe mesmo hein?! Estou rindo da falta de cabimento dessa imprensa vexatória”, afirmou a ex-primeira-dama.
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