O hacker Walter Delgatti Neto, uma das presenças mais aguardas pela CPMI dos Atos Golpistas, afirmou aos parlamentares que esteve no Ministério da Defesa em quatro ocasiões, a pedido do ex-presidente Jair Bolsonaro, e que o objetivo era que ele testasse o código-fonte das urnas. As informações fornecidas, segundo Delgatti, foram usadas pela pasta para um relatório encaminhado ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
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Delgatti acrescentou que esteve em uma reunião em um posto de gasolina em uma cidade perto de Ribeirão Preto com a deputada Carla Zambelli (PL-SP), que usou um celular novo para falar com o ex-presidente. Segundo o hacker, Bolsonaro lhe contou que conseguiu um grampo que mostraria informações comprometedoras de Alexandre de Moraes. O grampo seria resultado de um trabalho de agentes internacionais. Delgatti afirmou que aceitou a oferta de Bolsonaro para assumir a autoria do grampo com a promessa de que não seria preso. E que, se o fosse, seria beneficiado com um indulto presidencial. O indulto foi usado por Bolsonaro em favor do ex-deputado Daniel Silveira (RJ), preso acusado de atentar contra o Estado democrático de direito.
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Delgatti afirmou que foi contratado, em julho de 2022, por Zambelli como gestor das redes sociais pelo valor de R$ 3 mil.
No dia 9 de agosto, ele teve uma reunião na sede do PL em Brasília e esteve com Valdemar Costa Neto, presidente do PL, Carla Zambelli, o irmão e o marido da deputada, assim como o advogado de defesa de Delgatti, Ariovaldo Moreira. Valdemar agendou uma reunião com o marqueteiro do partido.
Houve uma reunião à tarde, naquele dia, para tratar das urnas com o marqueteiro Duda Lima. A ideia ventilada na reunião era que ele provasse no dia 7 de setembro que ele poderia invadir uma urna e deixar claro à população que as urnas não são invioláveis.
Ele explicou que um código-fonte é composto por vários comandos que, antes de serem finalizados, podem ser modificados para dar um resultado distinto do voto. A ideia do marqueteiro era que Delgatti fizesse um código-fonte falso para mostrar a fragilidade das urnas, mas o plano não foi adiante.
No dia 10 de agosto, Delgatti se encontrou com Jair Bolsonaro no Palácio da Alvorada. Segundo ele, participaram do encontro Zambelli, o ajudante de ordens Mauro Cid e o assessor do então presidente Marcelo Câmara. O objetivo, segundo ele, era discutir os pareceres técnicos das urnas. Marcelo Câmara ficou incumbido de levá-lo ao Ministério da Defesa por ordem do ex-presidente. A conversa com Bolsonaro durou no máximo duas horas. Bolsonaro pediu que Delgatti o ajudasse a garantir a lisura do processo eleitoral e auxiliasse o país, conforme o hacker.
Walter Delgatti disse que, após a conversa com o ex-presidente, Zambelli o informou que ele precisava invadir qualquer sistema de Justiça, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ou qualquer órgão que demonstrasse a fragilidade do sistema eleitoral. De acordo com ele, Zambelli reforçou que se tratava de um pedido do presidente.
Isso resultou, segundo o hacker, na invasão ao Conselho Nacional Justiça (CNJ), de todos os tribunais e do TSE. Durante quatro meses, Delgatti teve acesso a todos os processos e senha de todos os juízes e servidores do sistema de Justiça brasileiro. A invasão culminou na implantação de um pedido de prisão, bem como a quebra do sigilo e de bens do ministro do Alexandre de Moraes.
Inserir um mandado de prisão contra o ministro dentro do sistema do CNJ era uma maneira de desmoralizar Alexandre de Moraes, que afirmava que as urnas são invioláveis. Delgatti afirma que recebeu a minuta de mandado de prisão da própria Zambelli. Para realizar os trabalhos de invasão, Delgatti recebeu o total de R$ 40 mil de um assessor de Zambelli em diversas transferências. A relatora Eliziane Gama afirmou que irá pedir via requerimento a quebra de sigilo telemático das pessoas citadas por Delgatti que estavam presentes nas reuniões.
9h15 – Relatora quer dados financeiros de Bolsonaro e Michelle
A relatora da CPMI dos Atos Golpistas, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), afirmou antes do início da audiência que recebe Walter Delgatti nesta quinta-feira (17) que irá negociar com o presidente da Comissão, deputado Arthur Maia (União-BA), para que haja uma sessão deliberativa para o colegiado votar a liberação de Relatórios de Informações Financeiras (RIFs) de Jair e Michelle Bolsonaro.
O objetivo da senadora é, por meio dos documentos, entender se com o dinheiro das joias sauditas ou de outra fonte de financiamento houve irrigação monetária para subsidiar os atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023. Eliziane disse ainda que não considera prorrogar a CPMI por hora.
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