O Congresso em Foco obteve acesso ao principal documento sigiloso utilizado como argumento da oposição durante sessões da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Atos Golpistas para acusar o governo Lula (PT) de negligência e de omissão nos atos golpistas de 8 de janeiro. De acordo com o documento, ao menos sete mensagens foram enviadas ao “ministro” do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), porém sem jamais citar o nome do general Gonçalves Dias, então ministro-chefe do GSI. Ele seria o destinatário das mensagens sobre os avanços de manifestantes e sobre o quebra-quebra, que foram enviadas via Whatsapp.
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O documento é frequentemente citado nas audiências da CPMI como “relatório”. Ele seria a prova de que o governo sabia que vândalos rumavam ao Congresso Nacional, ao Palácio do Planalto e ao Supremo Tribunal Federal (STF).
A mensagem a seguir foi enviada às 13h40 do dia 8 de janeiro de 2023 para o Centro de Inteligência do Exército (CIE); o Centro de Inteligência da Marinha (CIM); a Assessoria de Inteligência de Defesa do Ministério da Defesa (AID/MD); a Diretoria de Inteligência da Secretaria de Operações Integradas do Ministério da Justiça e Segurança Pública (DINT/SEOPI); a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT); o Ministério da Infraestrutura (MINFRA); a Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL) e ministro do GSI, de acordo com o documento.
“Iniciado o deslocamento para a Esplanada. Há discursos inflamados com pessoas pintando o rosto como se fossem para um combate. Há entre os manifestantes relatos de que as forças de segurança policiais e militares não irão confrontá-los.”
Cabo de Guerra
PublicidadeAssinado pelo diretor-geral substituto da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), Alessandro Moretti, o documento contém as mensagens enviadas desde o dia 2 de janeiro por dois grupos de Whatsapp responsáveis por alertar quase quatro dezenas de representantes de órgãos e instituições sobre os ataques perpetrados à Praça dos Três Poderes em 8 de janeiro.
Conforme membros do colegiado que compõem a oposição citaram ao longo das audiências da CPMI, iniciada em 25 de maio, o relatório da ABIN em si comprovaria que o governo federal recebeu informações o suficiente para impedir a depredação organizada por manifestantes bolsonaristas, inconformados com o resultado das eleições no ano passado.
A oposição insiste que a presença e o comportamento do ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Gonçalves Dias, no Palácio do Planalto na data dos ataques é mais um indício de culpa do governo por omissão em relação aos ataques feitos por milhares de pessoas trajando verde e amarelo.
Já a ala governista afirma que a tese é frágil, pois o governo, ainda no início da gestão, estava repleto de militares e funcionários partidários do bolsonarismo “contaminando” suas entranhas, o que impediria por inércia uma ação em conjunto, uma vez que representantes dos organismos estariam a favor do ex-presidente.
Outro ponto defendido pelos parlamentares da situação é que alojar e disparar mensagens, contendo informações de órgãos de inteligência de suma importância para a segurança nacional tendo o Whatsapp como canal oficial, demonstra amadorismo. Por último, os parlamentares governistas afirmam que pela lei a responsabilidade de assegurar a Esplanada dos Ministérios e a Praça dos Três Poderes é uma obrigação de equipamentos de defesa e de segurança pública do Distrito Federal.
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