Poucas horas após a decisão do presidente do Congresso Nacional senador, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), determinar o retorno do rito de tramitação das medidas provisórias (MPs), o clima entre o Senado e a Câmara está longe da calmaria. Nesta sexta-feira (24), foi a vez de o líder do MDB no Senado, Eduardo Braga (AM), ampliar a dose de combustível na fogueira ao alegar que falta maturidade ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), para tratar do tema. Lira, não gostou nada do anúncio de Pacheco, e classificou a medida de “truculenta”.
“Há uma questão de maturidade emocional. Isso é um processo que o Lira precisa aprender. Ele pode ter muitas virtudes, mas falta maturidade emocional. Neste processo das MPs, Lira está agindo com o fígado e quem acaba perdendo é o Brasil”, avaliou Braga.
Ao Congresso em Foco, Braga destacou como exemplos de “falta de maturidade” de Lira as divergências públicas, não apenas com Pacheco, mas também com o líder da Maioria no Senado, Renan Calheiros (AL). Calheiros é inimigo político declarado de Lira.
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“Somos mais experientes”
Foi com base em um pedido de ordem assinado por Braga e Calheiros que Pacheco determinou o retorno das comissões mistas para a análise das medidas. Os parlamentares demonstravam contrariedades a ações tomadas pela Câmara em relação ao tema. As alegações dos senadores partem do princípio de que a Câmara estaria descumprindo o que determina a Constituição.
“Nós no Senado somos mais experientes. Somos mais sabedores da política. Somos ex-governadores, ex-ministros, sabemos como lidar com tudo pela nossa experiência. O Lira está errado neste processo”, alfinetou o senador.
Ao todo, 26 MPs aguardam a apreciação do Congresso. Dessas, 15 foram enviadas pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e perderão a validade entre o dia 5 de abril e 31 de maio. Desde o início de seu governo, o presidente Lula (PT) já enviou ao Legislativo 11 medidas provisórias que tratam de temas importantes, desde a atribuição dos 37 ministérios até definições sobre os programas de governo como o Minha Casa, Minha Vida e o Bolsa Família. Com a tramitação emperrada, as primeiras ações de governo do petista correm o risco de perderem a validade a partir do dia 1º de junho.
Com a decisão de Pacheco, os líderes partidários vão indicar os nomes para os colegiados, aos moldes que ocorria antes da pandemia. Na Câmara, há rumores de que Lira possa dificultar as indicações. No Senado, contudo, os líderes partidários acreditam que, apesar das divergências, o rito de instalação das comissões não deve sofrer atrasos.
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