No último 23 de agosto, Eduardo Barbosa nos deixou. Além de grande amigo, era disparadamente um dos melhores e mais dedicados parlamentares que conheci. Sempre disse, aos quatro ventos e em alto e bom som, que Eduardo era o maior especialista em políticas de desenvolvimento social de todo o Congresso Nacional.
Eduardo foi deputado federal por Minas Gerais de 1995 até 2022, se licenciando apenas de 95 a 98, para liderar a Secretaria do Trabalho, da Assistência Social, Criança e do Adolescente do Estado de Minas Gerais, no governo Eduardo Azeredo. Compartilhamos esse momento, já que eu estava na Secretaria de Planejamento e Coordenação Geral. Foi aí que nos conhecemos. Testemunhei sua dedicação ao capitanear a transição do desumano modelo das antigas FEBEMs de atenção aos menores sem referência familiar para a humanizada estratégia das Casas Lares.
Eduardo era certa unanimidade na Câmara. Não só por seu jeito suave de lidar com aqueles que dele discordavam, mas pela consistência de suas propostas e pareceres na abordagem das políticas sociais. Tinha uma invejável capacidade de estudo e formulação. Não dispersava energias com outros setores. Tinha foco preciso: o desenvolvimento social. Principalmente, a defesa das pessoas com deficiência e sua apaixonada dedicação às APAEs.
O legado parlamentar do Eduardo é inestimável. Lembro que foi dele a iniciativa inicial que gerou o auxílio emergencial para assistir os mais vulneráveis na pandemia. Presenciei de perto sua capacidade de diálogo como relator do marco legal normatizando as parcerias do setor público com as organizações não governamentais. Eduardo tinha credibilidade junto a seus pares. Líderes de esquerda, centro ou direita paravam para ouvir quando ele argumentava e emitia opiniões.
No entanto, o momento mais frutífero de nossa fraterna convivência foi em meus oito anos como secretário de saúde, de 2003 a 2010, no governo de Aécio Neves. Ele liderava as APAEs de Minas Gerais.
Juntos, erguemos o mais arrojado projeto de apoio às APAEs de todo o Brasil. Pioneiramente, estabelecemos a remuneração às APAEs pelos serviços de saúde prestados ao SUS. Depois, isto tornou-se uma política do Ministério da Saúde. Fizemos amplo programa de investimentos em equipamentos de fisioterapia e saúde bucal, coordenado pela Federação Estadual das APAEs. Compartilhamos momentos mágicos nas duas “Jornadas de Superação pela Arte e pelo Esporte” que lideramos, com o apoio do ator Marcos Frota, que tiveram etapas regionais e culminaram no Campus da PUC do Coração Eucarístico em BH e no Palácio das Artes, com a participação do maestro João Carlos Martins, do músico Hebert Vianna e do esportista Lars Grael, entre outros.
Éramos muito parecidos. Conversávamos muito sobre nosso bom mocismo, quase ingenuidade, em um meio tão competitivo e traiçoeiro. A derrota inesperada em 2022 o baqueou inegavelmente. Poucos estenderam a mão para Eduardo depois. Ele tinha uma generosidade enorme e um coração do tamanho do mundo. Era um dos poucos que fazia política com alma e coração aflorados. E foi o coração que nos roubou Eduardo. Lutou mais de 30 dias na UTI e não resistiu.
Entretanto, a vida pública nos deixou como herança uma estrela de primeira grandeza. Ela tem nome e sobrenome. Chama-se Eduardo Barbosa.
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