O empresário Pedro Magno Salomão Dias confessou em depoimento à Polícia Federal (PF) que atuava como operador financeiro de Luciano Cavalcante, ex-assessor parlamentar do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), no esquema dos kits de robótica. Cavalcanti é um dos homens mais próximos de Lira.
Segundo o jornal O Estado de S.Paulo, o empresário se tornou fundamental na investigação da PF sobre fraudes em contratos para compra de kits de robótica em 42 cidades de Alagoas. A informação foi confirmada pelo Congresso em Foco. Policiais passaram meses à paisana o monitorando e descobriram uma intensa rotina de saques fracionados em espécie em agências bancárias e entregas presenciais em Brasília e em Maceió, de acordo com o jornal.
Preso na Operação Hefesto, o empresário prestou depoimento e confessou que atuava como operador financeiro de Cavalcante, segundo o jornal. O advogado André Callegari, que defende Cavalcante, afirmou que seu cliente conhece “superficialmente” Pedro Magno.
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Luciano Cavalcante é um dos homens de confiança de Lira. Segundo investigações da Polícia Federal e do Ministério Público, o esquema desviou recursos destinados à compra de kits de robótica para a rede escolar em 43 municípios de Alagoas. Durante as apurações da Operação Hefesto, a Polícia Federal localizou anotações de repasses de R$ 265 mil atrelados ao nome “Arthur” em meio aos pertences do motorista Wanderson de Jesus, funcionário de Cavalcante. O deputado negou, na ocasião, ser o destinatário do recurso.
Imagens divulgadas pela própria PF sobre a operação mostram a apreensão de um cofre recheado de dinheiro na casa do aliado de Lira. Segundo a PF, a fraude gerou um prejuízo de R$ 8 milhões.
Amigo do presidente da Câmara, Cavalcante foi afastado da liderança do PP na Casa assim que foi deflagrada a operação. Curiosamente, presidia o diretório estadual do União Brasil, controlado por Lira em Alagoas. No ano passado, o deputado tirou o senador Rodrigo Cunha do PSDB e o trouxe para o União Brasil para concorrer, sem sucesso, ao governo de Alagoas.
PublicidadeNo início do mês, o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), atendeu a um pedido da defesa de Lira, endossado pela Procuradoria-Geral da República, e anulou as provas da Operação Hefesto. O ministro considerou que a investigação, ao atingir Lira, que tem foro privilegiado no STF, não poderia ter sido autorizada pela Justiça Federal de Alagoas. Gilmar entendeu que houve usurpação da competência do Supremo no caso. Com base nesse argumento, a defesa deve pedir o arquivamento das investigações.
Bens omitidos
Nesta semana, o Congresso em Foco publicou reportagens exclusivas que mostram como, ao longo dos últimos anos, o presidente da Câmara dos Deputados Arthur Lira omitiu bens da Justiça Eleitoral.
Considerado atualmente um dos homens mais poderosos da República, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), era um deputado estadual quando pagou, entre 2004 e 2006, quase R$ 5 milhões (valor da época, ou cerca de R$ 16 milhões, em valor atual, conforme correção pelo IGP-M) por quatro fazendas em Pernambuco. Essas propriedades não constam da declaração de bens entregue por ele à Justiça eleitoral em 2006. Os bens declarados por Lira, na ocasião, somavam R$ 695.901,55 (valor da época).
Documentos obtidos pelo Congresso em Foco em buscas realizadas em Pernambuco e Alagoas revelam que ao menos R$ 3,7 milhões foram pagos em “moeda corrente” – termo utilizado pelos cartórios, segundo a Associação Nacional dos Notários e Registradores do Brasil (Anoreg), para se referir à moeda do país, no caso, o real. Não há especificação, nos papéis, se o montante foi pago em dinheiro vivo, cheque ou transferência bancária.
Lira também omitiu da Justiça eleitoral por 13 anos um imóvel rural denominado Sítio Nicodemus, conhecido como Parque de Vaquejada Arthur Filho. Comprado por Lira em fevereiro de 1997, conforme mostram documentos obtidos com exclusividade pelo Congresso em Foco, o parque localizado no município de Pilar (AL) só foi declarado como patrimônio por Lira na eleição de 2010, ano em que ele concorreu pela primeira vez a uma vaga na Câmara dos Deputados.
Desde então, a propriedade consta com o mesmo valor, de R$ 30.156,00 (cerca de R$ 75 mil, em valor corrigido pelo IGP-M, conforme a Calculadora do Cidadão, do Banco Central). O parque ficou de fora das declarações de bens entregues por ele à Justiça eleitoral em 1998, 2002 e 2006 – anos em que concorreu a deputado estadual.
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