A decisão do deputado Marcos Pereira (Republicanos-SP) de retirar sua candidatura para apoiar a indicação de Hugo Motta (Republicanos-PB) à presidência da Câmara não mudará a estratégia do União Brasil, que conservará o apoio ao líder da bancada, Elmar Nascimento (União-BA), na disputa ao cargo máximo da Casa. É o que dizem parlamentares do partido ouvidos reservadamente pelo Congresso em Foco.
Apesar de liderar a terceira maior bancada da Câmara e possuir uma relação próxima de longa data com o presidente Arthur Lira, Elmar Nascimento entrou na disputa pela sucessão enfrentando reservas por parte da base do governo: em especial da federação PT-PCdoB-PV, com grande número de parlamentares simpáticos à ideia de ter o líder do PSD, Antônio Brito (PSD-BA), como presidente da Casa. Marcos Pereira negocia com Lira o apoio à candidatura de Hugo Motta, amigo pessoal do presidente da Câmara. Para isso acontecer, Lira terá de abandonar Elmar, apontado até então como nome de sua preferência para a sucessão. Integrantes do União Brasil veem como remota esse cenário se concretizar.
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Entre deputados do União Brasil, porém, Elmar Nascimento permanece como preferido. “Estamos 1.000% alinhados”, chegou a afirmar um dos integrantes da bancada. A avaliação dos parlamentares ouvidos é de que a renúncia de Marcos Pereira não compromete a candidatura do deputado baiano: a bancada já contava com um nome do Republicanos participando da disputa, e não considera que a substituição possa trazer grandes mudanças de cenário. Pesa também o fato de o Republicanos não fazer parte do bloco de Lira, diferentemente do União.
Apesar da resistência do PT, o líder do União Brasil conseguiu consolidar o apoio por parte de partidos importantes do governo, como o PSB, do vice-presidente Geraldo Alckmin; o PDT, segundo maior partido de esquerda da Casa; e a federação PSDB-Cidadania, segunda maior bancada da oposição. Somadas, as três bancadas contam com 49 deputados, que se somam aos 59 do União, totalizando 108.
Do outro lado, o bloco do Republicanos segue fragmentado, dividindo-se não apenas entre Motta e Brito, mas também com o plano de Isnaldo Bulhões Jr (MDB-AL) de embarcar na disputa.
O sentimento sobre a possibilidade de uma declaração de apoio de Lira a Hugo Motta, porém, varia. Parte da bancada considera natural que, com a proximidade da eleição para presidência da Câmara, alguns partidos adotem posturas pragmáticas para fortalecer seus próprios quadros, levando Lira a refletir sobre manter ou não o apoio a Elmar. Outra parcela, porém, se irritou com essa possibilidade.
O principal motivo do incômodo foram os sacrifícios feitos pelo União Brasil para fortalecer seu nome. No início do ano, o partido abriu mão de reivindicar diversas comissões de sua preferência, como Segurança Pública e Relações Exteriores, em troca de acordos com as demais legendas para consolidar seu apoio a Elmar. Uma retirada de sua candidatura e a falta de um aval de Arthur Lira acabaria representando um prejuízo ao poder político da bancada.
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