A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Atos Golpistas de 8 de janeiro adiou a oitiva do general Walter Braga Netto para o dia 5 de outubro. Em vez de receber o ex-ministro da defesa e ex-candidato a vice-presidente de Jair Bolsonaro em 2022, comparece à CPMI nesta terça-feira (19) o ex-coordenador administrativo da Ajudância de Ordens da Presidência da República, Osmar Crivelatti.
A defesa de Crivelatti protocolou um pedido de habeas corpus nesta segunda-feira (18) junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) para que ele não compareça ou tenha direito ao silêncio. O ministro André Mendonça fui incumbido por sorteio de decidir se o pedido de habeas corpus será aceito. Na semana passada, a CPMI deveria ouvir a ex-subsecretária de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal, Marília Alencar. Mas o ministro do STF Nunes Marques concedeu um habeas corpus que permitiu que ela faltasse à reunião.
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Crivelatti era subordinado ao tenente-coronel Mauro Cid, preso desde maio por adulteração em cartões de vacinação do Ministério da Saúde e suspeito de venda de joias sauditas e colaboração em tentativas de golpe de estado junto a Bolsonaro. A relação de trabalho entre ambos foi decisiva para que a relatora da Comissão, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), convocasse via requerimento o militar. Crivelatti é citado como um dos ajudantes que auxiliou na venda do rolex que integra os presentes sauditas.
Assim sendo, ao longo da audiência, Crivelatti deve ser inquirido pela senadora com o intuito de revelar se as tentativas de golpe de estado podem ter contado com financiamento vindo de fontes como a revenda de presentes presidenciais que possivelmente estariam no gabinete-adjunto de Documentação Histórica do Palácio do Planalto e foram recebidos de autoridades do Oriente Médio.
De acordo com o requerimento assinado pelo senador Rogério Carvalho (PT-SE), à Ajudância de Ordens, comandada pelo tenente-coronel Mauro Cid, teve papel central na tentativa de deslegitimação dos resultados das eleições. A Polícia Federal encontrou, no celular de Mauro Cid, uma minuta de golpe de Estado e mensagens exaltadas, trocadas com diversos agentes públicos.
Joias, EUA e Nelson Piquet na CPMI
“A atitude antidemocrática tinha por finalidade manter a todo custo o ex-presidente Jair Bolsonaro no poder (ainda não vencesse as eleições nacionais), e foi o embrião da contestação dos resultados das urnas e da invasão das sedes dos três Poderes em 8 de janeiro. Além disso, o militar foi incumbido de realizar o cuidado das joias sauditas na fazenda de Nelson Piquet. Sendo assim, é de extrema importância para os trabalhos desta CPMI a oitiva de Osmar Crivelatti, razão pela qual peço a aprovação do presente requerimento.”
O militar também é conhecido por ter conexão direta com o ex-comandante do Exército, Villas-Bôas Corrêa. Crivelatti foi o primeiro a ocupar o cargo de adjunto de comando, criado pelo comandante em 2015. Villas-Bôas é considerado o responsável pela retomada militar no contexto político atual e também pela indicação de Crivelatti para atuar junto à Presidência da República, em 2019.
Além de ser homem de confiança do ex-presidente e fazer a zeladoria das armas de Bolsonaro, foi Crivelatti quem o recebeu nos EUA, após a derrota nas eleições do ano passado.
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