Temário Mota *
Na semana passada o Congresso Nacional deu um importante passo para ajudar a combater a crise, aprovando a mudança das metas fiscais de 2015 e preparando assim o terreno para enfrentarmos 2016, um ano que ainda será de dificuldades econômicas, em que o Estado precisará manter a austeridade e ao mesmo tempo garantir investimentos e projetos que possam promover a retomada do crescimento econômico.
Na contramão do esforço conjunto e coletivo de auxiliar no enfrentamento da crise, assistimos perplexos à “vingança” do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, que autorizou a abertura de impeachment da presidenta Dilma Roussef, uma retaliação pela decisão partidária de permitir que ele seja investigado pelo Conselho de Ética.
Para saber que estou do lado certo, se houvesse alguma dúvida de que esse pedido de impeachment é descabido e não se sustenta na Constituição Federal, basta vermos as entidades e movimentos sociais que são contra o processo. Diferente do processo contra Collor, entidades como a Ordem dos Advogados do Brasil, Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, União Nacional dos Estudantes e a Central Única dos Trabalhadores, entre outras, posicionaram-se classificando de golpe a tentativa de impingir à presidenta Dilma crime que configure cassação de mandato.
As chamadas pedaladas fiscais, uma forma pejorativa de classificar uma contabilização financeira, foram usadas por vários governos para garantir as metas de superávits e assim satisfazer o mercado. A presidenta Dilma optou por manter os investimentos e os benefícios sociais. Isso é crime? Claro que não!
Crime seria deixar de atender às populações carentes do Minha Casa Minha Vida, deixar de repassar dinheiro ao Sistema Único de Saúde ou de pagar o Bolsa Família.
Como vice-líder do governo no Senado, tenho convicção de que o governo Dilma poderá superar suas dificuldades, corrigir possíveis equívocos e dialogar com toda a sociedade sobre os rumos do país.
O partido do qual faço parte, o PDT, tem tradição de defesa da ordem democrática e jamais poderia compactuar com um processo que já começou errado, fruto de uma vingança de um deputado sobre o qual pairam graves denúncias comprovadas pelas insuspeitas autoridades brasileiras e suíças.
Às vezes acho que há inclusive um pouco de machismo nessa tentativa de atribuir à presidenta as mazelas que existem há tempos no país e só agora começam a ser combatidas. Digam o quiserem, não poderão nunca acusar a honrada cidadã Dilma Roussef de ter tentado impedir qualquer investigação no seu governo.
Será trabalhando com afinco e seriedade que melhoraremos a vida da população. Agora mesmo conseguimos garantir a liberação pela Funai da licença para a conclusão do Linhão de Tucuruí, o que significará a retomada de uma obra fundamental para o desenvolvimento de Roraima. Ao contrário de uns e outros que abandonam o barco ao menor sinal de que seus interesses podem ser contrariados, trabalho em prol do país e do estado que represento.
Enfim, o recado das ruas é claro, chega de conchavos, de intrigas e traições! É hora de todos os agentes políticos terem grandeza e atuarem para a superação da crise. Nós, brasileiros, que já avançamos tanto nos últimos anos, podemos mais, eu tenho certeza disso! Deixem a mulher trabalhar! Melhor: vamos nos unir e trabalhar juntos em prol do país!
* Senador pelo PDT de Roraima e vice-líder do governo no Senado.
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