Alguns parlamentares do PT expressaram nas redes sociais preocupações a respeito da legitimidade das eleições presidenciais na Venezuela, contrapondo-se à nota oficial do partido. No último domingo (28), venezuelanos foram às urnas para escolher o presidente do país. No poder desde 2013, o presidente Nicolás Maduro já foi diplomado pelo Conselho Nacional Eleitoral do país para novo mandato a partir de janeiro de 2025.
Apesar da polêmica em torno da eleição e do fato de que o Brasil não reconheceu oficialmente a reeleição de Maduro, a Executiva Nacional do Partido dos Trabalhadores, do presidente Lula, cumprimentou o presidente venezuelano em nota oficial.
“O PT saúda o povo venezuelano pelo processo eleitoral ocorrido no domingo, dia 28 de julho de 2024, em uma jornada pacífica, democrática e soberana. Temos a certeza de que o Conselho Nacional Eleitoral, que apontou a vitória do presidente Nicolas Maduro, dará tratamento respeitoso para todos os recursos que receba, nos prazos e nos termos previstos na Constituição da República Bolivariana da Venezuela”, diz trecho do texto.
Conforme apontou o Autoridades Brasil, do Instituto Brasileiro de Pesquisa e Análise de Dados (Ibpad), o debate de autoridades políticas em torno do pleito da Venezuela ficou concentrado na ala da direita. De acordo com o levantamento, 55% das mais de 300 figuras políticas que se manifestaram sobre o assunto entre 26 e 29 de julho são da direita.
Em novo levantamento do instituto, que monitora 4,6 mil perfis de autoridades brasileiras nas redes sociais, as principais críticas dos petistas, entre 29 de julho e 1 de agosto, concentraram-se nos seguintes temas: falta de democracia e transparência, desrespeito aos Direitos Humanos e ilegitimidade do pleito. A pesquisa foi feita a pedido do Congresso em Foco.
Segundo o Ibpad, “as críticas refletem uma posição de ceticismo e reprovação quanto à legitimidade das eleições na Venezuela, destacando a necessidade de um processo mais democrático e respeitador dos direitos humanos”.
Entre os petistas que criticaram as eleições venezuelanas nas redes, estão os deputados federais Reginaldo Lopes (MG), Camila Jara (MS) e os senadores Paulo Paim (RS) e Fabiano Contarato (ES). Confira as manifestações dos parlamentares:
Um governo verdadeiramente democrático convive com críticas, questionamentos e oposição organizada. A atuação de Maduro na Venezuela é a postura de um ditador.
— Reginaldo Lopes (@ReginaldoLopes) July 29, 2024
Diante dos recentes acontecimentos na Venezuela, é fundamental reforçar a importância da transparência nas eleições. A auditoria dos resultados é o que vai garantir a legitimidade do processo eleitoral e proteger o que temos de mais precioso: a democracia.
— Camila Jara (@camilajarams) July 30, 2024
A situação na Venezuela é gravíssima e lamentável. Espero por dias melhores para o seu povo e para o país como um todo. Sem transparência no processo eleitoral, liberdade política e de expressão, e respeito aos direitos humanos, não há democracia.
— Senador Paulo Paim (@paulopaim) July 30, 2024
O resultado das eleições venezuelanas não merecem reconhecimento da comunidade internacional enquanto as exigências mínimas de transparência não forem satisfatoriamente atendidas.https://t.co/vffdauD0MJ
— Fabiano Contarato (@ContaratoSenado) July 30, 2024
Recém-filiado ao PT, o líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (AP), também criticou em entrevista o processo eleitoral no país vizinho. “Lamentavelmente, a Venezuela não é mais uma democracia, e enquanto não forem apresentadas as atas que comprovem a verificação do resultado eleitoral, não é possível o reconhecimento do regime do senhor Nicolás Maduro”, disse Randolfe à GloboNews.
O presidente Lula assinou nessa quinta-feira (1), junto aos presidentes da Colômbia, Gustavo Petro, e do México, Andrés Manuel Obrador, um manifesto conjunto clamando por transparência por parte da justiça eleitoral da Venezuela na solução do impasse decorrente das alegações de fraude do pleito do último domingo (28), e cobrando novamente a apresentação das atas de apuração de mesa.
Esta é a primeira iniciativa conjunta dos três chefes de Estado, que haviam condicionado o reconhecimento da declaração de vitória eleitoral de Nicolás Maduro à apresentação das atas, evitando assim tanto o apoio expresso ao presidente venezuelano quanto a ruptura diplomática. Os governantes também orientaram as lideranças nos dois lados da disputa política na Venezuela a “exercerem a máxima cautela e contenção em suas manifestações e eventos públicos, a fim de evitar uma escalada de episódios violentos”.
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