O presidente da CPI da Covid, Omar Aziz (PSD-AM), suspendeu a reunião desta terça-feira (13) após ameaçar prender a diretora da Precisa Medicamentos, Emanuela Medrades, por desobediência. Aziz anunciou que vai entrar com um embargo declaratório no Supremo Tribunal Federal (STF) para esclarecer o alcance do habeas corpus que garantiu à depoente o direito de não responder à comissão para não se autoincriminar. O senador se irritou quando Emanuela se recusou a dizer ao relator, Renan Calheiros (MDB-AL), qual era o seu vínculo com a Precisa Medicamentos.
“Iremos suspender a reunião, chamarei os advogados, entrarei com embargo de declaração contra o ministro neste momento. Quem decide sou eu. Vou fazer um embate baseado nessa resposta para que o presidente Luiz Fux possa dizer os limites [do habeas corpus]. Não vou perder meu tempo com uma depoente que não quer dizer nem qual seu vínculo com a empresa”, afirmou Aziz. “Vamos suspender e todos nós ficaremos aqui e vamos aguardar a manifestação”, acrescentou.
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O senador Fabiano Contarato (Rede-ES) defendeu que Emanuela fosse presa por crime de desobediência. Outros senadores pregaram cautela. A senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) defendeu que a depoente fosse dispensada, a exemplo do que ocorreu com o empresário Carlos Wizard, que também se negou a responder aos questionamentos dos senadores. Na semana passada Aziz decretou a prisão do ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde Roberto Dias, por mentir à CPI.
O presidente da CPI também fez um duro discurso contra o presidente Jair Bolsonaro e o seu governo. Ele disse não ter entendido por que senadores da base governista o acusaram de abuso de autoridade por ter prendido o ex-diretor do Ministério da Saúde, exonerado após ser acusado de corrupção.
“Arbitrariedade em mandar recolher um mentiroso que foi exonerado pelo governo porque estava negociando propina de um dólar por vacina, tomando chope, num bar? E os membros do governo aqui em defesa dele. Abuso de autoridade? Abuso de autoridade são as mortes, a omissão, é ser complacente com um governo que não tem um milímetro de solidariedade, um presidente incapaz de ser solidário aos brasileiros”, reagiu Aziz.
O senador cobrou a visita do presidente a hospitais e vítimas da pandemia e criticou a participação dele em “motociatas” com seus aliados. “Um presidente motoqueiro, que, em vez de ir aos estados e municípios e visitar num hospital uma família que perdeu um ente querido, vai assacar contra os seus adversários. Agressor de mulheres, que gosta de gritar com as mulheres, mas adora andar de motocicleta. Um péssimo presidente o Brasil tem”, continuou o senador.
PublicidadeA convocação de Manuela Medrades foi requerida pelos senadores Otto Alencar (PSD-BA) e Alessandro Vieira (Cidadania-SE). Também foi aprovada a transferência de sigilo telefônico e telemático da convocada. A empresa é acusada de participar de um esquema de propina na compra dos imunizantes, que envolve militares do Ministério da Saúde. Nessa segunda-feira (12), Emanuela Medrades teve pedido de habeas corpus deferido pelo Supremo e a executiva tem a prerrogativa de não responder questões que possam incriminá-la.
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