O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), caminha para ter uma vitória arrasadora na disputa à reeleição em fevereiro de 2023. O PT deve declarar apoio a Lira nesta semana, junto com o PV e o PCdoB, que fazem parte de sua federação, Brasil da Esperança. Como federação, eles terão de atuar pelos próximos quatro anos como se fossem uma única legenda. Além do partido do presidente eleito Lula, o PSB, do vice Geraldo Alckmin, também deve apoiar a recondução do deputado alagoano.
Caso a aliança com a federação encabeçada pelo PT e o PSB seja oficializada, Lira terá o apoio declarado ou sinalizado de 16 partidos, que somam 429 deputados (83% da Câmara). Em tese, o amplo leque garante uma vitória acachapante para Lira, principal distribuidor dos recursos do chamado orçamento secreto.
Já estão com Lira o PP (47 deputados), o União Brasil (59), o Republicanos (41), o PDT (17), o Podemos (12), o PSC (6), o Patriota (4), o Solidariedade (4), o Pros (3) o PTB (1). O PL, com 99 cadeiras, e o PSD, com 42, ainda não formalizaram o apoio ao líder do Centrão, mas a tendência é que também apoiem sua recondução ao cargo.
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A aliança do PT com Lira está associada ao apoio do deputado à aprovação da chamada PEC da Transição, que autoriza o governo a gastar com o Auxílio Brasil (Bolsa Família). A decisão deve ser confirmada em reunião da bancada petista e, posteriormente, da federação. Lira prometeu dar celeridade à proposta assim que ela for enviada pelo Senado.
“Lira tem o compromisso de que o texto que sair do Senado [da PEC da Transição], a Câmara ratificará, votará imediatamente”, disse à CNN Brasil nesse domingo (27) o deputado José Guimarães (PT-CE).
“Começamos a dialogar com ele (Arthur Lira) sobre nossa participação na reeleição dele, tendo em vista os interesses do governo (Lula). Nesta semana podemos fechar essa construção e, evidentemente, anunciar a posição oficial do PT”, completou o deputado, que é vice-presidente do PT. Lula prometeu que não se envolverá na disputa à presidência da Câmara para evitar eventuais problemas políticos no Congresso. Sem alternativa, os petistas consideram inevitável a aproximação com Lira. Do contrário, o futuro governo corre o risco de começar isolado.
PublicidadeO presidente eleito deve estar em Brasília nesta segunda-feira, depois de ter adiado a vinda para a cidade por causa de um procedimento cirúrgico na laringe. Ele tentará destravar as negociações da PEC da Transição. A expectativa é que o senador Marcelo Castro (MDB-PI), feche o texto com integrantes do governo de transição nesta terça-feira (29).
O líder do PSB, Bira do Pindaré (MA), confirmou ao Congresso em Foco que o seu partido tende a apoiar a Lira. “No geral não tem outro nome colocado. Só tem o Arthur. A tendência é que seja ele o nosso candidato. Mas não posso fazer qualquer anúncio porque cabe à bancada se reunir e formalizar isso”, afirmou.
O PSB, que terá 14 deputados na próxima legislatura, ainda não marcou reunião para tratar do assunto. Integrante da federação encabeçada pelo PT, o deputado reeleito Aliel Machado (PV-PR) considera encaminhado o apoio do grupo, que terá de atuar como um único partido pelos próximos quatro anos, a Lira.
“O PV fez indicativo de apoio a Arthur, mesmo que isso não signifique o apoio em bloco, já que o PT tem a maioria na federação e esse encaminhamento depende dos outros partidos”, declarou o deputado ao Congresso em Foco. Para ele, o governo não tem encontro caminho atualmente. “A relação do Arthur com o novo governo não tem como não ser de aproximação, até pela necessidade atual do futuro governo em relação ao Congresso e pela força do Arthur como um todo”, observou.
Além do apoio à PEC da Transição, os petistas também reivindicam de Lira o comando da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), a mais poderosa da Casa e pela qual passam obrigatoriamente projetos de lei e propostas de emenda à Constituição.
Lira, no entanto, já vinha negociando a CCJ com o PL. Tradicionalmente as comissões são distribuídas conforme o tamanho da bancada: a primeira escolha cabe ao partido que elegeu mais deputados, ou seja, o PL. A federação liderada pelo PT terá a segunda maior representação e ficaria com a segunda escolha.
O presidente da Câmara estuda a criação de um megabloco partidário em torno de sua candidatura, o que facilitaria a distribuição de cargos, inclusive um eventual revezamento entre os dois partidos na presidência da CCJ durante os seus dois anos de mandato.
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