Depois da aprovação de André Mendonça para o Supremo Tribunal Federal (STF), os evangélicos poderão chegar ao Tribunal de Contas da União (TCU). O deputado Jhonatan de Jesus (Republicanos-RR) costura apoios à esquerda e à direita e desponta como o candidato favorito da Frente Parlamentar Evangélica para ocupar uma vaga no TCU.
Integrante da bancada evangélica e membro da Igreja Batista, Jhonatan rejeita qualquer semelhança entre sua candidatura e a indicação de Mendonça para o Supremo. O deputado ressalta que as discussões que chegarão ao seu gabinete, caso seu nome seja aprovado pelo Congresso, serão de caráter técnico e não demandarão qualquer interpretação à luz de suas convicções religiosas.
“Falam da minha idade [38 anos], de ser evangélico, de ser de um partido de direita, mas não falam da questão administrativa. Outro dia publicaram uma matéria ‘um evangélico no TCU’. Ser evangélico no TCU é crime? Não sou pastor, sou evangélico, sou cristão. Questionam isso por causa do ministro André Mendonça no STF?”, diz o deputado.
Jhonatan ressalta que, caso seja indicado para o TCU, terá de se debruçar sobre contas públicas, e não sobre questões constitucionais. “Nós evangélicos não somos diferentes. O culto que a gente vai, em relação aos católicos, só tem o dogma de diferença. Temos de separar isso para falar de um cargo público”, ressalta. “Estou falando de contas públicas, algo que não se compara ao STF. Sou evangélico, defendo a bancada evangélica e a ideologia cristã, não tenho vedação alguma. Mas meu trabalho será auxiliar o Parlamento e os municípios”, acrescenta.
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O ex-líder do Republicanos esteve recentemente em Manaus para assistir a um culto do pastor Deive Leonardo, considerado o youtuber com maior canal de pregação individual do mundo, com mais de 200 milhões de visualizações, 4 milhões de inscritos e outros 7 milhões de seguidores no Instagram. Na Câmara, Jhonatan conta com o apoio de alguns dos principais líderes evangélicos, como Silas Câmara (Republicanos-AM), Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ) e Cezinha De Madureira(PSD-SP), líder da bancada evangélica. Mas também conversa com parlamentares de partidos de centro e da esquerda.
O deputado tenta evitar rótulos e defende um TCU menos punitivo e mais orientador. “Muitos municípios erram por não ter um técnico capaz de auxiliar no processo. O tribunal tem de auxiliar a gestão pública a evitar fraudes e erros”, prega.
Aliado do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), Jhonatan concorre à vaga que será aberta em julho no TCU com a aposentadoria compulsória da ministra Ana Arraes, que completará 75 anos. Essa indicação cabe aos deputados. A expectativa é que a votação ocorra em fevereiro. A antecipação da escolha tem uma motivação prática: a ideia é garantir tempo para que os derrotados possam se preparar para a campanha à reeleição em outubro.
Além de Jhonatan, já estão em campanha aberta pela vaga os deputados Fábio Ramalho (MDB-MG), Soraya Santos (PL-RJ) e Hugo Leal (PSD-RJ), relator-geral do Orçamento. Também têm o nome ventilado para entrar na disputa Elmar Nascimento (DEM-BA), Luis Tibé(Avante-MG) e Helio Lopes (PSL-RJ), fiel escudeiro do presidente Jair Bolsonaro. Na próxima semana o Senado deverá decidir quem será seu indicado ao TCU. Estão na disputa os senadores Kátia Abreu (PP-TO), Antonio Anastasia (PSD-MG) e Fernando Bezerra Coelho(MDB-PE). Eles deverão ser sabatinados pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) antes da votação em plenário. Kátia é considerada favorita, mas Anastasia tem apoio do presidente Rodrigo Pacheco. O nome escolhido pelo Senado não terá de ser submetido à Câmara.
No caso do representante da Câmara ao TCU, o processo é diferente. Depois de ser sabatinado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara e passar pelo plenário, o nome terá de ser submetido ao Senado.
O Tribunal de Contas da União é um órgão colegiado e suas decisões são tomadas pelo Plenário da corte ou por uma de suas Câmaras. Apesar de ser um tribunal, não é ligado ao Judiciário. É um braço do Legislativo. Ele é composto por nove ministros. Seis deles são escolhidos pelo Congresso Nacional. Dois são indicados pelo presidente da República entre os ministros-substitutos e membros do Ministério Público junto ao TCU. O nono ministro é escolhido pelo presidente e submetido ao Senado. No fim do ano passado, Jair Bolsonaro indicou Jorge Oliveira para a vaga aberta no início de 2021 com a aposentadoria de José Múcio.
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