A Câmara dos Deputados promoveu nesta quinta-feira (15) um seminário sobre a gestão das águas no Brasil. O encontro foi organizado pela deputada federal Duda Salabert (PDT-MG), em parceria com o Grupo de Trabalho Água da Frente Parlamentar Ambientalista e o Observatório da Governança das Águas, e foi realizado no Auditório Freitas Nobre.
Em seu discurso de abertura, a deputada destacou que “somos a última geração capaz de frear essa crise climática que nós já está mais do que explícita”. “Nos últimos nos 22 anos deste século, 18 bateram recorde de temperatura. Nós vimos essas consequências, não só no aumento da temperatura, mas de forma prática, nas enchentes, nas chuvas”, destacou.
A parlamentar citou dados de relatórios da Organização das Nações Unidas (ONU) que apontam que pelo menos dois terços da população mundial sofrerão diretamente a escassez e que, até 2030, pelo menos 8% da população global terá que migrar por causa da escassez hídrica. “Nós temos que fomentar educação climática, a educação ambiental no Brasil, nesse cenário de crise climática e crise que nós estamos”, destacou Duda.
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Diretora de Revitalização de Bacias do Ministério do Meio Ambiente, Iara Giacomini destacou que é preciso analisar o ciclo ecológico juntamente com o social para gerir efetivamente os recursos hídricos do país. “A gente vive hoje um ciclo hidro social da água, porque a água não flui mais livremente. Nós os humanos interferimos na água de diversas formas”, explicou a diretora.
Segundo Iara, a gestão da água deve se atentar às recargas dos aquíferos, aos ciclos de evaporação, e “tomar medidas olhando para cada uma dessas etapas do ciclo”. “A gente só vai fazer gestão da água respeitando a própria água respeitando o seu próprio ciclo e os seus próprios atributos intrínsecos a ela independentes da nossa vontade”, concluiu.
De acordo com o diretor da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), Mauricio Abijaodi Lopes de Vasconcellos, o Brasil ainda tem grandes discrepâncias no atendimento ao abastecimento de água e saneamento básico. Segundo Vasconcellos, enquanto 91% da população na região Sudeste têm abastecimento de água regularizado e saneamento básico, esses percentuais são de apenas 60% e 14%, respectivamente, na região Norte.
“A gente não pode esquecer as nossas diferenças regionais, as nossas diferenças das bacias hidrográficas, elas trazem realidades muito distintas e que precisam ser observadas de forma integrada pela nossa agência e pelo nosso país de uma forma geral”, destacou o diretor.
O evento na Câmara desta quinta ocorreu na esteira da recente Conferência de Água da ONU e teve como objetivo alinhar as estratégias de gestão de recursos hídricos do Brasil às metas do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável.
O seminário fez parte da programação da Virada Parlamentar Sustentável, movimento que reúne mais de 30 organizações da sociedade civil, criado para apresentar aos parlamentares propostas para uma agenda legislativa verde, que promova a preservação do meio ambiente e o combate às mudanças climáticas. O lançamento da Virada ocorreu no dia 6 de junho, no Salão Nobre da Câmara dos Deputados.
Reveja a primeira parte do seminário:
Reveja a segunda parte do seminário:
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