A Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira (9) um requerimento para convidar o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, para prestar esclarecimentos sobre as denúncias de interferência da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) nas investigações da Polícia Federal (PF) contra o filho mais novo do presidente Jair Bolsonaro (PL), Jair Renan.
O requerimento foi justificado com base em uma matéria do jornal O Globo, revelando que um espião da Abin teria sido encarregado de levantar informações de Jair Renan sob investigação da PF a fim de impedir o impacto sobre o presidente. O inquérito em questão busca averiguar denúncias de tráfico de influência por parte do “filho 04” de Bolsonaro, junto ao seu treinador físico, Allan Lucena. Este foi o primeiro a suspeitar ter sido alvo de espionagem, chegando a acionar a Polícia Militar.
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O autor do requerimento, deputado Ivan Valente (Psol-SP), chama atenção para o fato de essa não ser a primeira vez em que foram levantadas suspeitas sobre a atividade da Abin em favor de parentes do presidente. Em 2020, a agência confirmou ter tido uma reunião com o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) para tratar das denúncias de “rachadinhas” em seu antigo gabinete na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.
Na avaliação do autor, “admitir-se a manutenção dessa lógica significa permitir que o Presidente da República tenha sob seu comando uma verdadeira polícia política, cujas ações podem ser direcionadas para proteger seus aliados e perseguir seus adversários e desafetos, típico de regimes autoritários”. A diretoria da Abin, por sua vez, é escolhida pelo próprio Augusto Heleno, ministro de confiança de Bolsonaro.
Confira a íntegra do requerimento:
Heleno não foi o único chefe de segurança convidado para comparecer na comissão. Na mesma reunião, também foi aprovado requerimento para convidar o diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Silvinei Vasques. Esse, por sua vez, deverá prestar esclarecimentos sobre as ações policiais intensas realizadas nas rodovias dos estados do nordeste durante o segundo turno das eleições, podendo ter afetado o eleitorado do até então candidato Lula (PT).
O diretor também deverá explicar as ações para deter os bloqueios rodoviários mantidos por apoiadores de Bolsonaro, que exigem um golpe militar para anular o resultado das eleições.
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