Nesta quinta-feira (29), o julgamento de Jair Bolsonaro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre sua reunião com embaixadores estrangeiros para tentar convencê-los a não confiar nas urnas eletrônicas durante o pleito de 2022 avança para o terceiro dia. Os ministros vão decidir se concordam ou não em tornar o ex-presidente inelegível por oito anos. Apesar do risco real, parlamentares da oposição na Câmara dos Deputados alegam não temer as consequências dessa inelegibilidade. E querem tirar proveito do discurso vitimista para crescer nas eleições municipais.
Para quem tem pressa:
- O julgamento de Jair Bolsonaro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) avança para o terceiro e possivelmente último dia, em que os ministros declaram seus votos sobre sua reunião com embaixadores estrangeiros para desacreditar as urnas eletrônicas.
- Parlamentares da oposição na Câmara dos Deputados afirmam não temer as consequências da inelegibilidade de Bolsonaro.
- Há consenso dentro do PL, partido de Bolsonaro, de que a inelegibilidade é o desfecho mais provável do julgamento.
- A oposição espera que o bolsonarismo continue crescendo após o julgamento, sem prejuízo para o bloco.
- A saída de Bolsonaro de cena ainda poderia beneficiar algum outro quadro da direita que disputasse em seu lugar na próxima eleição.
“O voto do relator [Benedito Gonçalves] pela inelegibilidade não foi surpresa nenhuma. Era algo esperado pelo Brasil inteiro. Mesmo assim, o Bolsonaro está tranquilo”, conta o deputado Lincoln Portela (PL-MG), ex-vice presidente da Câmara e aliado de Jair Bolsonaro. “Ele está tranquilo porque o bolsonarismo não morre. Não tem jeito”, complementou.
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O parlamentar afirma que, dentro do PL, partido do ex-presidente, há consenso de que o final mais provável para o julgamento no TSE é o da inelegibilidade. Sua eliminação nas próximas disputas eleitorais, porém, não comprometeria o capital político deixado para a oposição, segundo Lincoln. “Bolsonaro deixou uma conscientização clara, deixou uma mobilização que ninguém nunca teve e o grupo bolsonarista como um todo está fazendo aquilo que a esquerda faz há 100 anos, que é a organização”, apontou o deputado.
Portela antecipa que o julgamento deverá ser sucedido por uma etapa de alinhamento interno entre os movimentos e partidos que formam o campo político bolsonarista, em especial o PL, intensificando um processo que já ocorre na sigla. “Os fóruns de discussão já começaram. As mulheres já estão organizadas, os grupos jovens também estão se organizando em cada cidade. Já temos no horizonte debates sobre o Brasil, sobre a direita. Isso tudo vai fortalecer a direita bolsonarista brasileira”, relatou.
Com a garantia do alinhamento e da organização interna em seus partidos, Lincoln Portela conta que os parlamentares da oposição esperam tornar possível uma continuidade do bolsonarismo por meio de outro candidato nas próximas eleições caso Bolsonaro fique inelegível.
Um dos líderes da bancada evangélica, o deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), segundo vice-presidente da Câmara, avalia que não apenas a inelegibilidade de Jair Bolsonaro não prejudicaria a oposição, como fortaleceria seus aliados na próxima eleição. “Nós do PL não concordamos com o voto pela inelegibilidade, e enxergamos como uma deformidade democrática. Entretanto, ele fortalece ainda mais o nosso projeto: rodando o Brasil como vítima, atraindo novos filiados, fortalecendo as eleições municipais de 2024 e podendo ser o maior cabo eleitoral do país em 2026”, afirmou.
Fora do PL e afastado do campo bolsonarista, Kim Kataguiri (União-SP) também não espera outro resultado diferente do que consta no voto de Benedito Gonçalves. “Tenho como certo que ele se tornará inelegível”, pondera. Ele concorda com a tese de Sóstenes Cavalcante de um fortalecimento da oposição com a inelegibilidade de Bolsonaro.
O motivo desse fortalecimento, porém, ele acredita que se dê por outros fatores que não uma “martirização” do ex-presidente. No curto prazo, se daria por meio do impacto sobre os discursos adotados pelo governo. “Quanto antes ele sair de cena, mais fraco fica o discurso do governo de ‘herança maldita’. O governo perde seu inimigo preferido”, argumentou.
Kim Kataguiri diz esperar, em longo prazo, o fortalecimento da direita em decorrência da ausência de um candidato visto como ameaça pela esquerda. “Acho que qualquer governador de direita ou centro-direita que disputar a presidência contra o PT vence”.
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Pessoal de esquerda chamando os outros de vitimista. Os mesmos que se dizem vítimas de Discurso de Ódio, tem narrativa de vítimas de inclusão, de vítimas de racismo, de vitimas de fascimo, de vitimas de machismo… São tão vítimas que precisam até criar linguagem neutra para não serem vítimas de ataques da lingua portuguesa. Esse pessoal tá dizendo que o discurso dos outros é vitimista? Ora, que mundo que dá voltas.