As imagens das câmeras de segurança do Palácio do Planalto que mostram a presença do então ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Gonçalves Dias, durante as invasões de 8 de janeiro renovou a pressão da oposição na Câmara para uma CPI mista sobre os atos golpistas. O líder do governo na Comissão de Segurança Pública, Pastor Henrique Vieira (Psol-RJ), acredita que o bloco governista deve apoiar a criação do colegiado para deter o ímpeto da oposição. Gonçalves Dias se tornou nesta quarta-feira (19) o primeiro ministro de Lula
O governo se opôs à criação da CPI mista dos atos golpistas. Oficialmente, a preocupação é que o colegiado possa atrapalhar as investigações já em curso na esfera judicial e desviar os esforços do Poder Legislativo para assuntos alheios aos interesses nacionais.
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Parlamentares do PL na comissão acusam o governo de ocultar informações que seriam reveladas pela CPI e afirmam que o governo teme uma exposição de supostas prevaricações. Henrique Vieira acredita que a posição do governo não é motivada pelo receio de trancar a pauta ou de exposição perante o parlamento, mas sim pelo medo de dar visibilidade aos seus rivais.
“A CPI mista seria um palco. A extrema-direita distorce os fatos, ela trabalha com mentiras em escala industrial, as chamadas fake news. Ela pode usar o colegiado para distorcer fatos e criar um palanque político. Eu acho que essa é a verdadeira preocupação do governo, que não deixa de ser uma preocupação legítima”, disse o deputado, que é um dos vice-líderes do governo na Câmara, em entrevista ao Congresso em Foco.
Apesar da circulação das imagens de Gonçalves Dias interagindo com invasores dentro do Palácio do Planalto, o deputado Henrique Vieira acredita que o governo deveria utilizar a CPI como uma oportunidade para rebater as acusações da oposição: “Eu vou conversar com o governo sobre isso. A verdade sobre os ataques está evidente”.
Embora a criação da CPI dê visibilidade para a oposição, Vieira argumenta que uma eventual comissão acabaria pendendo em favor do governo: “Quem organizou as invasões foi a extrema-direita, foi o bolsonarismo. A partir das imagens de dentro do Planalto, é possível até discutir se aquela foi ou não a melhor atuação do GSI. Agora, observando a sociedade, era a extrema-direita que estava ali. O que precisamos agora é deixar público e notório que o golpismo é o bolsonarismo”, defendeu.
As chances de o governo conseguir deter a CPI no momento são baixas. O requerimento de instauração já conta com a assinatura de ao menos 193 deputados e 33 senadores, sendo necessários respectivamente 171 e 27. A leitura do documento está prevista para acontecer na sessão conjunta do Congresso Nacional, agendada para o dia 26.
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