Aliados do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), apostam que Arthur Maia (União Brasil-BA) seja o presidente da CPMI dos Atos Antidemocráticos. Por ser oposição ao PT na Bahia e devido à relação que possui com ACM Neto (União Brasil-BA), Maia sofre rejeição do Planalto para assumir a presidência da CPMI. Enquanto isso, Maia sobe na cotação da bolsa de apostas da CPMI.
Diante do fortalecimento do nome de Maia, o União se movimenta para uma possível aliança com o PL, com o intuito de obter a maioria necessária para firmar Maia à frente da Comissão. O movimento, contudo, causou desconforto junto ao governo, que avalia a aproximação como um alerta de possível entrada do União na oposição, oficialmente. Vice-líder da legenda, o deputado Danilo Forte (União-CE) ameniza. O motivo da indicação seria, segundo ele, o fato de Maia estar correndo sozinho na disputa, e poder, com isso, fortalecer a legenda.
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“A chance de Maia conseguir a indicação à presidência é de 100% porque não há outro nome disponível”, avalia.
Na balança das negociações, Forte joga para o Planalto a responsabilidade por eventuais prejuízos que a não colocação do nome de Maia poderia causar. É quase uma guerra declarada do União Brasil, que quer liberdade para suas negociações.
“O Planalto não pode intervir porque a relação que já não é boa com algumas alas da Câmara dos Deputados pode ficar ainda mais complicada”, analisou o deputado que acredita que a CPMI precisa ser resolvida o quanto antes para liberar agenda para temas mais importantes para o país como a agenda econômica da reforma tributária e o arcabouço fiscal.
Arthur Maia passou a ser considerado para a presidência após André Fufuca (PP-MA) oficialmente desistir do cargo em um comunicado oficial divulgado na quinta-feira (27) em suas redes sociais em que alegava que apesar do grande apoio recebido para conduzir a CPMI, as atividades à frente da bancada Progressistas o consumiam a ponto de não assumir a responsabilidade.
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Nesta semana, Maia conversou com o líder do PL no Senado, Rogério Marinho (RN), em busca de apoio para a obtenção da presidência. O encontro causou desconforto entre alguns parlamentares, sobretudo dos aliados de Lula, uma vez que foi visto como uma aproximação do partido da ala mais radical da oposição. Danilo Forte tenta agora amenizar os desconfortos, alegando que o diálogo é livre e que a conversa precisa ser feita.
Enquanto isso, o mais cotado para o cargo de relator é o senador Renan Calheiros (MDB-AL), tido como aliado do presidente Lula. Calheiros é opositor declarado de Arthur Lira e, diante da desavença, seu nome começou a perder cotação no mercado da CPMI. Nas negociações, surge a possibilidade de que o relator seja um aliado do governo menos polêmico. Entre os cotados, Eduardo Braga, líder do MDB no Senado, é o mais bem avaliado no momento.
Histórico
No dia 20 de abril, o deputado Lindbergh Farias (PT-RJ), em nome da bancada governista no Congresso Nacional, anunciou que o governo articulava para ocupar as funções de presidente e relator da CPMI dos atos golpistas com quadros de partidos aliados. A legenda entendia que esse é o caminho natural na formação do colegiado, tendo em vista a posição majoritária no Legislativo e o perfil do autor do requerimento, André Fernandes (PL-CE).
Tradicionalmente, proponentes da instauração de CPMI ou CPI ganham preferência na construção do acordo dos membros que compõem sua Mesa Diretora. Foi o caso, por exemplo, de Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que assumiu o papel de vice-presidente da CPI da covid-19 por ter sido autor de seu requerimento. A oposição, ao longo da coleta de assinaturas para a criação da CPMI, reivindicou o mesmo tratamento para Fernandes.
No entanto, Fernandes é réu em inquérito que corre no Supremo Tribunal Federal (STF) por conta de suas publicações nas redes sociais não apenas de convocação para os atos de 8 de janeiro, como também por ter debochado da depredação no prédio principal da suprema corte.
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