O presidente do DEM, ACM Neto, declarou nesta sexta-feira (5) que não é hora de discutir as eleições presidenciais de 2022. Ele disse que a posição do partido é indefinida e pode ser de apoio a Jair Bolsonaro, Ciro Gomes (PDT), João Doria (PSDB) ou Luiz Henrique Mandetta (DEM).
Mandetta disse ao jornal Folha de São Paulo na quinta-feira (4) que ACM Neto é “maria-mole” e cobrou uma definição do partido sobre a disputa.
“O Mandetta tem um pensamento, que não é o pensamento do partido. O Mandetta desejaria neste momento, imagino que ele desejaria ser oposição, o partido não é oposição. O pensamento dele não reflete o pensamento majoritário do Democratas”, disse o presidente do DEM ao Congresso em Foco.
“Quando deixo em aberto as possibilidades é porque a discussão não começou a acontecer ainda, essa é a questão. Não se pode cobrar posição do partido sobre um tema que ainda não foi discutido.”
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Segundo ACM Neto, a sigla também não vai aderir à base de Bolsonaro e vai adotar posição de independência. Para ele, o fato da maioria dos deputados do DEM apoiarem Arthur Lira (PP-AL), eleito presidente da Câmara com o esforço do governo, não significa necessariamente que o DEM vai estar com Bolsonaro em 2022.
Publicidade“Hora nenhuma colocamos a eleição da Câmara sob a perspectiva de influência em 2022, hora nenhuma. Se alguém criou essa pretensão eu não participei disso”.
Em vídeo divulgados nas redes sociais, ACM Neto disse que a prioridade não deve ser as articulações para as eleições presidenciais de 2022, mas sim conter a pandemia do coronavírus.
O DEM vive uma crise por conta da eleição da presidência da Câmara. O ex-presidente da Casa Rodrigo Maia (DEM-RJ) tentou costurar o apoio do DEM ao candidato Baleia Rossi (MDB-SP), mas mais da metade da bancada preferiu ficar com Arthur Lira (PP-AL), novo presidente da Casa e aliado do governo federal. Com o objetivo de conter um desgaste e evitar uma demonstração ainda mais forte de divisão na legenda, o partido decidiu que não iria fazer parte do grupo de nenhum dos candidatos.
Maia saiu frustrado ao ver o seu próprio partido desembarcar da aliança de seu apadrinhado na Câmara e falou até em se desfiliar.
Congresso em Foco: Rodrigo Maia está mesmo decidido a sair do partido?
ACM Neto: Não sei, não tenho conversado com ele. De segunda-feira para cá a gente não se falou mais. Também acho que a gente não deve ficar em cima dele, o Rodrigo é um homem inteligente, preparado e vamos deixar ele tomar a decisão dele. Não adianta ficar em cima pressionando, criando situações.
O senhor tem falado que DEM pode apoiar Doria, Ciro, Mandetta ou Bolsonaro. Mandetta chegou a reclamar disso.
Em que momento eu disse que 2022 começou a ser discutido? Em nenhum momento. Se eu não comecei a discutir, não tem caminho ainda, acabou. Essa discussão não aconteceu dentro DEM. Então não tem caminho por enquanto. A imprensa gosta de fulanizar, eu compreendo, mas não queremos fulanizar agora, não queremos fulanizar. Graças a Deus o DEM é um partido equilibrado, aberto ao diálogo com todos, não se fecha a conversar com ninguém, sabe qual vai ser seu papel no futuro. Agora esse assunto ainda não começou a ser tratado, vocês querem que a gente diga: meu candidato é fulano, beltrano. Não tem isso ainda.
O Mandetta tem um pensamento, que não é o pensamento do partido. O Mandetta desejaria neste momento, imagino que ele desejaria ser oposição, o partido não é oposição. O pensamento dele não reflete o pensamento majoritário do Democratas.
DEM pode ter candidatura própria?
Isso pode acontecer, é óbvio que pode acontecer do partido ter um candidato próprio, hora nenhuma disse que não pode. Quando deixo em aberto as possibilidades é porque a discussão não começou a acontecer ainda, essa é a questão. Não se pode cobrar posição do partido sobre um tema que ainda não foi discutido. Eu não sou dono do partido, tenho até meus pensamentos, minhas preferências, mas não sou dono do partido.
Os deputados do DEM apoiaram na Câmara o candidato do governo.
A eleição da Câmara é eleição da Câmara, não tem nada a ver com 2022. Hora nenhuma colocamos a eleição da Câmara sob a perspectiva de influência em 2022, hora nenhuma. Se alguém criou essa pretensão eu não participei disso.
O vice-governador de São Paulo, Rodrigo Garcia pode sair do DEM para ir ao PSDB?
Rodrigo Garcia é um dos melhores quadros do partido. Não acho que vá sair do partido. Estou vendo essa coisa do PSDB em cima dele, normal, é claro que o PSDB desejaria ter Rodrigo Garcia como eu não quero perder, mas nós queremos criar todas as condições de conforto para que ele queira permanecer no partido, ponto. Não tem sentido isso porque essa precipitação toda de 2022 foi criada nesse momento e depois vai se esvair, esse tema de eleição do Congresso vai passar, daqui a pouco vocês já estão em outra pauta, natural que tenha essa ressacazinha, vai passar esse negócio. A gente tem que ter serenidade porque é uma eleição da Câmara dos Deputados que o DEM não estava nem participando, não tinha nem candidato.
Mas Maia apoiou um candidato e a maioria da bancada apoiou outro.
Pois é, pronto. E democracia é assim, não é? Presidente Maia, nem eu, nem ele, nós não somos donos do partido. O Democratas não é um cartório, tem partidos aí, que você sabe, são cartórios e têm dono, não é o caso do Democratas. Eu e Rodrigo tínhamos um pensamento igual, eu também achava que o ideal era que o partido blocasse com Baleia, mas não foi vontade da maioria dos deputados e aí? Posso passar por cima da bancada, eu não posso. Não me restou outra saída para manter a integridade do partido que não propor a saída de neutralidade. Foi a possível, a única possível.