O PSD saiu das urnas como campeão em número de prefeituras conquistadas — foram 882 vitórias. Gilberto Kassab, presidente do partido, afirma que a eleição mostrou uma predominância das forças de centro-direta. Ele tem se dedicado a passar alguns recados. O primeiro, é que não despreza a força eleitoral de Lula como candidato — ou eleitor — em 2026. Por isso, reafirma seu desejo de ver Tarcísio de Freitas disputar a reeleição em São Paulo e anuncia a disposição de ter candidato próprio ao Planalto.
A segunda mensagem diz respeito à eleição para a presidência da Câmara, em fevereiro. Segundo Kassab, a saída do deputado Marcos Pereira (Republicanos) da disputa teria ampliado as chances do candidato de seu partido, Antonio Brito. Disse, ainda, que ele e o presidente do União Brasil, Antonio Rueda, têm conversado e firmaram um acordo de apoio mútuo, sobretudo para enfrentar a candidatura de Hugo Motta, do Republicanos, nome lançado por Pereira.
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O resultado das eleições deu um pouco mais de nitidez ao turvo espectro dos partidos políticos no país. Kassab tem usado uma classificação que isola PL, PP e Republicanos na direita. No centro, coloca PSD, MDB e União Brasil. Os demais — PT, PSB, PDT, PCdoB e Psol — ficam à esquerda. O bloco do meio somou a maior parte dos votos dados no último domingo — cerca de 40 milhões. O primeiro pelotão chegou a 30 milhões, e a esquerda atingiu em torno de 20 milhões.
Essa força eleitoral conferida ao “centro” pode jogar contra as pretensões de Arthur Lira em sua sucessão. Ele vive último trimestre no poder. Abreviou seu mandato no cargo ao permitir que Marcos Pereira anunciasse Hugo Motta como seu candidato à sucessão. Lira ainda não declarou oficialmente seu apoio a Motta, mas a manobra já tirou-lhe a chance de conduzir o processo eleitoral com mais tranquilidade até fevereiro e abalou a amizade com outro candidato, Elmar Nascimento — que o tratava por “irmão”.
Lira se reelegeu com o apoio de praticamente todos os partidos — teve 464 dos 513 votos. Agora, o jogo é outro. O apoio do governo será decisivo para o resultado, e Lula tende não apoiar qualquer candidato patrocinado por Lula e muito menos vinculado a partidos da direita.
Lula fez o PT abrir mão de disputar diversas prefeituras para privilegiar alianças com partidos de centro que hoje integram o governo. PP e Republicanos também têm cargos no primeiro escalão, mas são aliados de Jair Bolsonaro. É o centro que fará a diferença em 2026. Lula trabalha para ser o comandante dessa nova “frente ampla”.
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