Foi durante o depoimento do ex-secretário de Comunicação da Presidência da República Fábio Wajngarten que o relator da CPI da Covid, Renan Calheiros (MDB-AL), sentiu a necessidade de ter um assessoramento que lhe permitisse a checagem das declarações dos depoentes em tempo real. Wajngarten falava e, nas redes sociais, começavam a pipocar postagens que desmentiam o que ele dizia. Muitas delas Renan aproveitou para confrontar o depoimento. O que lhe levou mesmo a uma altercação com o presidente da CPI, Omar Aziz(PSD-AM). Renan queria que Aziz desse voz de prisão a Wajngarten por perjúrio e ele se recusou a fazer isso.
Ao final do depoimento, Renan concluiu que precisava ter de forma mais orgânica e eficiente um mecanismo de checagem que o assessorasse nos depoimentos. Que conseguisse de forma organizada e o mais imediata possível rebater declarações falsas, distorcidas ou incorretas.
Foi requerida à Mesa do Senado, então, a contratação de uma agência de checagem de fatos. O pedido, porém, foi negado. Renan tentou, então, receber o assessoramento de jornalistas do próprio quadro da Secretaria de Comunicação do Senado que eventualmente checam e desmentem informações falsas a respeito da instituição. Também não conseguiu. A saída encontrada foi organizar um grupo de voluntários que já começava a se apresentar para auxiliar nas investigações.
De forma voluntária, a equipe de Renan organizou um grupo de 41 voluntários que checam em tempo real as informações dos depoentes. O grupo reúne-se pelo Telegram. À medida que os depoentes falam na CPI, eles vão fazendo a checagem e informam ao relator da CPI as inconsistências para que Renan as rebata.
O grupo de voluntários é formado por pessoas com boa experiência na navegação pela internet, que já trabalham com isso de forma individual ou para instituições e que resolveram auxiliar a CPI pela importância que reputam à apuração dos fatos relativos à pandemia da covid-19.
A solução voluntária para a checagem das declarações dos depoentes é algo decorrente de certa insatisfação que o núcleo da CPI vem sentindo com relação ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG). Integrantes da equipe mais próxima do relator, Renan Calheiros, do presidente Omar Aziz e do vice-presidente, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), reclamam que Pacheco tenta como pode atrapalhar os trabalhos. Desde o início, quando não queria instalar a CPI e acabou obrigado a isso por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF).
Segundo as reclamações, Pacheco inicia sessões no momento em que depoimentos estão acontecendo a esquentam, obrigando paralisações. E não leva adiante pedidos como o da contratação da agência de checagem. O que obriga à busca de soluções como a criação do grupo voluntário.
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