Em artigo de seu site pessoal, o ex-presidente José Sarney manifestou seu apoio à candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para a presidência da república. De acordo com o veterano do MDB, a campanha de Lula em muito lembra a sua própria candidatura, quando foi eleito vice-presidente na chapa com Tancredo Neves, marcando o fim da ditadura militar (1964-1985). Na sua avaliação, a democracia hoje corre perigo tanto nas mãos de Jair Bolsonaro (PL) quanto corria naquele momento nas mãos dos militares.
Um dos pontos chave para sua decisão é o tratamento dado por Bolsonaro ao Poder Judiciário. “Disfunções dos Poderes aconteceram de tempos em tempos, mas raras vezes se viu o ataque sistemático do Executivo contra o Judiciário”, alertou. Sarney relembra que, ao longo da história, o Supremo Tribunal Federal (STF) sempre se apresentou como o ponto de equilíbrio nos conflitos entre Poderes, e justamente por isso ganhou importância renovada na “Nova República”.
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O orçamento secreto é outro ponto de preocupação do ex-presidente, visto como uma ferramenta de supressão sobre o bloco minoritário do parlamento. Com isso, a oposição passa a ter “como única defesa apelar para que o Judiciário faça o que não é sua função e interfira no funcionamento do Congresso Nacional”. Esse esforço para anular a oposição, de acordo com ele, não ocorria desde o período imperial.
Sarney também chama atenção para a semelhança da gestão de Jair Bolsonaro com as de ditadores e governantes autoritários que se estabeleceram ao redor do mundo no mesmo período, apontando para sua proximidade com Viktor Orbán (Hungria), Vladimir Putin (Rússia) e Donald Trump (EUA). “Uma de suas marcas é a proliferação das fake news. Outras a xenofobia, o racismo, a divisão da sociedade. (…) Isso atenta contra todos os princípios democráticos e até éticos. É a guerra contra a democracia, o demos, o povo”, declarou.
As eleições, segundo Sarney, serão um cenário onde o voto em Lula será um voto pela manutenção da democracia e “o voto em Bolsonaro é um voto contra as instituições, que terá como consequência anos de autocracia, um regime de força, construído na mentira sistemática e no abuso do poder”. Com esse apoio, José Sarney passa a ser o terceiro ex-presidente a apoiar Lula, junto com Dilma Rousseff (PT) e Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Bolsonaro já conta com apoio de Fernando Collor (PTB-AL), e Michel Temer (MDB) não declarou apoio a nenhum dos dois.
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