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Para o juiz Luís Carlos Valois, o que mais chama a atenção no caso do mensalão “é a rapidez com que esses detentos conseguiram seus direitos”. “Ninguém vê os problemas dos presos comuns. A maior parte do Judiciário é muito rigorosa na concessão desses direitos aos presos comuns”, critica o juiz titular da Vara de Execuções de Manaus e integrante da Associação Juízes para a Democracia. A possibilidade de pagar por bons advogados, cientes dos direitos de seus clientes, favorece os políticos presos.
Valois alerta que as varas de execução penal de todo o país “estão abandonadas e entupidas de processos”, o que torna lenta a concessão dos direitos que a lei determina aos presos. “Tomara que essa discussão favoreça aos demais presos. Os condenados no mensalão estão sendo tratados como a lei manda”.
Coordenador nacional da Pastoral Carcerária, o padre Valdir Silveira concorda com a análise do juiz amazonense e acrescenta: “Se a Lei de Execuções Penais fosse cumprida, no regime provisório e no regime semiaberto, metade da população carcerária sairia das prisões”. A análise encontra respaldo nos números do Departamento Penitenciário nacional (Depen), que mostra que cresceu 14 vezes o número de presos provisórios entre 1990 e 2012.
Caos geral
Segundo Valdir, dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) apontam que 40% dos presos aguardam a pena em regime fechado. O padre lembra que na semana passada conheceu um homem preso há três anos em Imperatriz (MA) que ainda aguarda a primeira ida ao Fórum. “O tratamento deveria ser estendido a todos os presos, e não apenas a esses condenados. Que todos tenham as mesmas condições, e não tratamento diferente”, afirma.
Ao lembrar que Genoino teve direito a tratamento médico logo após a prisão, o padre dispara contra as condições de saúde das cadeias nacionais. “É precária, um caos geral. Há uma grande quantidade de mortos no sistema prisional por falta de médicos e remédios. A coisa é geral. A situação é terrível”, afirma. “Que os condenados no mensalão cumpram pena em seus estados para que conheçam a realidade. É bom que eles sintam a realidade”, prega o religioso.
Presos por corrupção são apenas 0,1% no Brasil
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