Parece que a novela Hugo Chavez andou culminando num festival de “cala a boca”. Segundo Eliane Cantanhêde da Folha, na Cúpula Ibero-Americana, o rei da Espanha, Juan Carlos, mandou o presidente Hugo Chávez da Venezuela calar a boca: ”Por que não se cala?”, irritou-se o rei, uma vez que Chávez chamou de fascista o ex-presidente espanhol José Maria Aznar. Literalmente, ela conclui: “O rei é adversário de Aznar, mas tudo tem limite”.
O que tem limite, cara Elianinha? Que presidente indígena emergente e periférico devia conhecer o seu lugar e não ficar se metendo em conversa de aristocratas europeus, malgrado os petrodólares que ele também devia enfiar no rabo só pra largar mão de ser comunista?
Já o outro “cala a boca” foi a favor de Chávez. Aliás, as coisas ficaram tensas na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara durante as discussões do projeto de inclusão da Venezuela no Mercosul (que dia 21/11 finalmente acabou aprovando a adesão daquele país, por 44 votos contra 17), segundo nossa repórter Soraia Costa (leia mais).
Irritado com as intervenções feitas pelo deputado ACM Neto contra a inclusão da Venezuela no Mercosul por causa do “ditador emergente” Hugo Chávez, o deputado José Genoino (PT-SP) ordenou que o colega se calasse: “Peço a Vossa Excelência que, democraticamente, permaneça calado”, e como o outro prosseguisse, mesmo com o microfone desligado, Genoino disparou: “Calado”, donde que ACM Neto deixou em silêncio sua cadeira.
Ou seja, Tonhão Malvadeza III, o Retorno, triplamente injuriado, manifestou-se de forma, digamos, dinástica. Mas se a História se repete como farsa, a decadência político-familiar também é um fato.
O relator do projeto, Paulo Maluf, qualificando Chávez de “cafajeste” e “psicopata”, apresentou voto favorável ao ingresso da Venezuela no bloco econômico ao longo de um texto que poderia ser considerado uma das mais preciosas jóias da coroa nazi-populóide, que finaliza com chave de ouro: “Enfim, nessa matéria talvez a solução esteja em adotar a postura paraguaia, qual seja a de precaução no que diz respeito à admissão da Venezuela no MERCOSUL. Isso mesmo: já que as nossas lideranças vacilam, deveríamos, nessa matéria, seguir a liderança do Paraguai!”.
O que ele quis dizer com, dois pontos, “postura paraguaia” e “liderança do Paraguai”, meu Deus? Algo como um neo-dadaísmo explícito?
Falando nisso, agora para dar um certo nível de realidade a outras questões-chave, o brilhante César Cardoso, “escritor de elite e candidato à Academia Brasileira de Letras de Câmbio”, segundo ele, constata que “um clamor surge das ruas onde existem jornais e universidades: é chegada a hora de definirmos o lugar do povo brasileiro em nossa sociedade, até porque tá na cara que essa gentinha não sabe qual é o seu lugar. E a maneira de estar no mundo desse povo, sempre de camiseta e chinelo de dedo, francamente, que São Louis Vuitton nos proteja! E quem sofre com isso? As nossas elites, coitadas, que há 507 anos tentam dar um jeito nesse povo! Se Pedro Álvares Cabral tivesse chegado não a Salvador mas a Miami, hoje o Brasil ficaria nos Estados Unidos e todo brasileiro falaria inglês, o que melhoraria ENORMEMENTE (caixa alta minha) suas chances como povo!”
Enfim, eis algumas questões-chave que ora atormentam nosso amado país.
Meditemos…
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