Um olhar mais atento sobre os indicadores da economia brasileira nos leva a concluir que falta justificativa ao quadro recentemente pintado pelo noticiário econômico, carregado nas tintas com nuvens escuras e prenunciando chuvas e trovoadas no final do período. Para a época do ano, fosse a previsão meteorológica, teria grandes chances de acerto, mas para o destino da economia, está fadada ao fracasso.
Quando o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou o Produto Interno Bruto (PIB) de 0,6% do terceiro trimestre deste ano, razão das previsões pessimistas, a informação já chegou vencida. Na ocasião, já se sabia da recuperação da economia neste último trimestre, quando o PIB deve bater 1% projetando a recuperação da atividade econômica na virada do ano e ao longo de 2013.
Essa projeção se sustenta em informações do próprio IBGE, que estima para o setor agrícola uma safra recorde de grãos em 2012, que deve ainda ser superada no próximo ano. De acordo com o Ministério da Agricultura, a renda agrícola, que em 2012 vai atingir o recorde de R$ 235,7 bilhões, poderá ser 23% maior em 2013, quando as projeções indicam que atingirá o valor de R$ 291,7 bilhões, pelo aumento da produção e dos preços.
Os números do setor agropecuário são confirmados pela presidente da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), a senadora Kátia Abreu. Ao fazer um balanço do setor, ela disse que os produtores brasileiros poderão colher até 180 milhões de toneladas de grãos e fibras em 2013, e que o valor bruto da produção deve alcançar R$ 328 bilhões no próximo ano. As exportações serão de US$ 83 bilhões, 5% mais que em 2012.
No caso da indústria, setor que mais sente os efeitos da conjuntura mundial adversa, as previsões não poderiam ser melhores. De acordo com a edição de outubro dos Indicadores Industriais, produzido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), as horas trabalhadas no setor cresceram 0,5% em relação ao mês anterior, enquanto a utilização da capacidade instalada manteve-se em 81% pelo quarto mês seguido.
A mesma CNI informa que o emprego na indústria acompanhou o crescimento das horas trabalhadas e aumentou 0,2% frente a setembro, a segunda alta seguida. A massa salarial e o rendimento médio real cresceram tanto frente ao mês anterior (1%) quanto quando comparado a setembro de 2011 (2,7%). E o faturamento da indústria, se foi 1% menor em relação a setembro, cresceu 6,2% quando comparado a outubro de 2011.
A recuperação da atividade industrial, segundo a CNI, já se mostra nesses indicadores. A entidade reforça que o faturamento real cresceu em 16 dos 19 setores considerados, sendo este “o único indicador que mostra uma expansão disseminada na atividade industrial”. Por sua vez, o indicador de horas trabalhadas “é o que mais reflete a recuperação da atividade industrial nessa base de comparação”, sustenta a entidade.
Com uma participação de 10,8% no PIB brasileiro, o comércio não se assustou com o pequeno crescimento do terceiro trimestre. Para a Confederação Nacional do Comércio (CNC), entidade que representa o setor mais o de serviços e de turismo, o consumo das famílias variou 0,9% para o PIB de 0,6%. Em relação ao terceiro trimestre do ano passado, o avanço foi de 1,6%, a décima segunda alta consecutiva. De janeiro a setembro deste ano o crescimento foi de 8,6% ante o mesmo período de 2011, informa Fábio Bentes, economista da CNC.
Por fim, não se pode reclamar do crescimento zero do setor serviços, como um todo, no terceiro semestre de 2012, em relação ao trimestre anterior. A paralisia foi uma feliz consequência da queda abrupta dos spreads bancários, resultado do fim da farra dos juros altos determinada pela sequência de reduções da taxa Selic pelo Banco Central. Mais um motivo para a economia voltar a crescer.
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