– Olá, Dona Dilma, tudo bem?
– Você novamente, Eduardo? É um prazer conversar com você!
– Que bom! Fico muito honrado e feliz! Estou bem, me recuperando de um susto!
– O que houve?
– Eu mesmo não sei bem! Ora acho que foi um assalto, ora um mal entendido, não sei bem!
– Vamos aos fatos, meu filho.
– Seguinte: o médico me mandou tomar dois remédios: um comprimido de um, quatro de outro, para me preparar para um exame de rotina. Na farmácia, informaram-me que só vendiam caixas com 20 comprimidos, de cada. Fiquei chocado, sem saber se era assalto, mal entendido, brincadeira – de mau gosto, certamente – ou o quê! Ainda perguntei à atendente: “Mas não existe uma lei mandando vender remédios fracionados?” “Ah!”, disse ela, “essa lei não pegou, não!”
Fui interrompido por Dona Dilma, que disse:
– Mas não existe isso de “a lei não pegou”! Se existe a lei, e lembro-me bem dessa, ela tem que valer! Ainda mais por ser uma lei que favorece fracos e oprimidos!
– Como assim – disse eu – favorece frascos e comprimidos?
– Ora, Eduardo, não me venha como uma de Rita Lee. Sem essa de frascos e comprimidos; eu falei fracos e oprimidos! Temos que ser sérios e fazer a lei valer, pronto!
– Estou de pleno acordo, Dona Dilma; só falta …. fazer a Lei valer… Afinal, a senhora já pensou, se cada vez que formos abastecer o carro tivermos que comprar 100 litros de combustível? A Petrobrás e seus acionistas gostariam, não é?
– Mas não é assim que o governo funciona! O governo não pensa só em caixa! Não?
– Não! Definitivamente, não!
– Pois olha, eu até pensei que essa Lei dos remédios fracionados não tinha pegado em razão de algum tipo de acordo entre laboratórios e governos! Afinal, quanto mais gastamos com remédios, mais o governo arrecada! Então, se não foi isso, o que foi?
– Mas não é assim que o governo pensa! Nossa preocupação é com a saúde de todos, e as dificuldades para se garantir a qualidade dos medicamentos fracionados são enormes!
– Até acredito, mas, e a aplicação da Lei, como fica?
– Por certo a Anvisa está tomando as providências. Você acionou a Anvisa?
– Tentei, mas se eu contar a raiva que passei pela inutilidade dos contatos…. Só para começar, a atendente disse que eu deveria informar, à balconista da farmácia, sobre a existência da lei! Veja só, como se ela não soubesse! Depois, me mandaram falar em um número que jamais atendeu! Olhei na internet e vi uma entrevista do presidente da Anvisa, dizendo que o remédio fracionado é tão bom quanto o normal. Ainda tive esperança, até ver a data da entrevista: é de 2006, e nós já estamos em 2012! Desisti! A senhora, que já fez faxina em alguns ministérios, não poderia dar um jeito nessa agência?
– Mas trata-se de uma agência independente, não posso interferir!
– Será? Dizem que, na prática, a teoria é outra!
– Vou ver o que posso fazer!
– Dá-lhe, Dilma! A propósito, posso alertá-la sobre outras leis que não pegaram?
– Claro, quando quiser. É até um favor!
– Puxa! Que legal! Vou ter que ligar com muita frequência, hem?! Isso não a incomoda?
– Não.
– Valeu, presidente. Até mais!
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