Após sua soltura em 9 de agosto de 2011, Cesare Battisti continuou sendo alvo de bullying de parte da mídia, de magistrados e de agentes específicos que o Estado italiano colocou em seu encalço. Usando uma frase histórica da luta contra o fascismo, Battisti está sendo atacado por uma quinta coluna. Eu informei aos leitores de meu livro Os cenários ocultos do caso Battisti, na página 335, que, apesar do caso estar encerrado pelo Supremo Tribunal Federal, surgiam em diversos lugares as desagradáveis cabeças dos quinta-colunistas, que apareciam através da lama.
Durante a primeira grande catástrofe de genocídio da época contemporânea, que foi dirigida pelas forças católico-nazistas do general Franco contra o povo da Espanha (1936-1939), foi cunhado o termo quinta coluna, inventado pelo militar fascista Mola. Uma quinta coluna era um grupo de conspiradores que, através de desinformação, boato, propaganda derrotista, calúnias, frases de terror etc., tentava minar a moral da sociedade progressista de Madri, cidade que estava sendo atacada por quatro colunas militares. Depois, a expressão se aplicou em geral a todos os que fazem uma forma de guerra e sabotagem suja, sem escrúpulos e covarde.
Por isso, estou publicando aqui, textualmente, um comunicado de Battisti sobre as últimas fofocas, que ele escreve com a intenção de que sejam respeitados seus direitos de cidadão, como o de cuidar sua privacidade, trabalhar em tarefas lícitas, morar onde bem entenda etc.
A história começou já no mês da soltura, mas se repete com certa frequência. Em abril de 2012, uma jornalista de colunas de fofocas e informação trash tentou frustrar o lançamento do livro de Battisti, dando uma informação falsa: que ele próprio teria ligado a uma livraria (onde NUNCA tinha sido cogitado se realizar o evento), para cancelar a apresentação.
Pouco antes, um reprodutor de lixo jornalístico havia prometido a seus leitores que Battisti seria expulsado do país até o Natal. Depoiss disso, disse que seria durante o Carnaval (de 2012) e, como suas profecias não se cumpriram, continuou adiando as datas. Não sabemos qual é a próxima ameaça.
Essa campanha continua de vez em quando. Há algumas semanas, um dos mais generosos e esforçados defensores do escritor italiano, característico por sua extrema bondade e gentileza com todos, amigos ou não, foi surpreendido em sua boa-fé pela colunista já mencionada, que difundiu notícias erradas sobre o futuro emprego de Battisti, e até sobre a metragem de seu apartamento.
Publico aqui a resposta de Cesare, que ele pretende seja a última, e na que fixa sua posição. Isso deve bastar para convencer as pessoas que são simpáticas com sua causa e as que são indiferentes. As que são contrárias não precisam se convencer, porque já sabem que toda essa campanha contra ele é mentira e justamente eles estão entre os fabricantes dessas mentiras ou entre os que os auxiliam.
Mas, a esses, espero que esta carta, neutra, séria, amigável, sem qualquer conteúdo político, sirva para reparar que Battisti está decidido a continuar sua vida de escritor no Brasil. Para felicidade dele, morará num país onde, salvo as elites, é uma pessoa querida e respeitada, enriquecendo a cultura brasileira com um dos melhores escritores internacionais do período 1980-2000.
Pessoalmente (embora acredite falar em nome de alguns milhares de colegas e amigos), gostaria de advertir que essa campanha de agressão contra um imigrante que faz uma vida pacífica e normal, pode trazer consequências que acabem sendo indesejadas para todos, inclusive para os mesmos provocadores. Não sou ufanista, e sei que aquele que tem a força bruta, como dizia Miguel de Unamuno, tem a chance de destruir seu inimigo, mesmo quanto este tenha a razão. Mas, pode ser que esse ataque saia mais caro do que os próprios atacantes imaginam, mesmo se fossem vitoriosos.
Aqui vai o comunicado de Battisti. Ele foi enviado por e-mail, ontem, e já foi reproduzido pelo escritor Celso Lungaretti em todas suas redes sociais.
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