Preso presidente da Assembleia de Rondônia
Justiça determina afastamento de presidente do Metrô de SP
Presidente da Assembleia de SP diz que auxílio-paletó não é “imoral”
Eu estava começando a amadurecer o tema para o artigo desta semana, quando, por acaso, deparei, num jornal carioca, com as manchetes transcritas acima. Num contexto de mudanças políticas em todo o globo, foi inevitável a comparação entre essas notícias e outras sobre a formação do novo governo italiano, agora presidido pelo economista Mario Monti. O progressista sucede ao direitista Silvio Berlusconi, de quem a Itália se cansou, diante de sua incapacidade de tirar o país da crise econômica e de seu hábito de se envolver em atos de corrupção e em escândalos sexuais, que vieram a público reiteradamente ao longo dos muitos anos em que Berlusconi esteve no poder.
1. Monti apresenta reformas a autoridades europeias
2. Mario Monti pulveriza recordes históricos de popularidade
3. Governo de Mario Monti vence voto de confiança no Senado
4. Mario Monti recebe confiança da Câmara
5. Mario Monti diz que Itália pode superar a crise
Manchetes como essas me remeteram a uma outra notícia bastante sugestiva sobre a linha política do governo de Mario Monti, totalmente oposta à de seu antecessor: tão logo assumiu o cargo, o novo primeiro-ministro formou exclusivamente com técnicos um gabinete destinado a lançar reformas que permitam melhorar a disciplina fiscal e reduzir a pressão dos mercados sobre a dívida italiana. Em outras palavras, os políticos estão fora de seu governo, numa experiência única e inovadora em matéria de gestão pública. Nunca se viu isso antes na história da Itália. Aliás, pode-se mesmo afirmar que nada parecido foi feito antes na história recente de toda a humanidade!
Cabe, aqui, um parêntese. Para que não haja dúvidas sobre a capacidade de Mario Monti de levar adiante, com sucesso, seu projeto de governo, vale lembrar que ele é formado em economia e gestão pela Universidade Luigi Bocconi, de Milão, e completou seus estudos de graduação na Universidade Yale, nos Estados Unidos, onde estudou com James Tobin, prêmio Nobel de economia.
Depois de refletir sobre tudo isso, concluí que é hora de realizar a experiência inaugurada por Monti também em nosso país, onde a corrupção assumiu índices catastróficos nos últimos tempos. Chegamos à inacreditável situação de escândalos em série levarem à substituição de nada menos do que seis dos sete ministros afastados por suspeita de corrupção ou má gestão em apenas um ano do governo Dilma. Não bastasse, há ainda mais dois na linha de tiro das intermináveis denúncias de abuso e desvio de dinheiro público.
Desenhado esse quadro, ficou claro que o simples fato de um ministro de Estado ter antes passado em branco pela política partidária não lhe confere blindagem contra a corrupção, embora esse seja, sim, um fator muito forte de redução de uma das piores pragas que acometeram o nosso país na última década. Agora mesmo, temos mais um caso, o do ministro do Trabalho, que leva ao ridículo qualquer esforço governamental em favor da seriedade da administração pública brasileira.
A praga da corrupção atormenta o Brasíl como a das formigas cortadeiras que, no início do século XIX, impressionaram tanto o botânico, naturalista e viajante francês Saint Hilaire. Atribui-se a ele a frase que virou exemplo da necessidade de tomada de decisão contra um mal que parecia não ter remédio: “Ou o Brasil acaba com a saúva, ou a saúva acaba com o Brasil.” O escritor Lima Barreto também discorreu sobre essas formigas, que infestavam o sítio do seu personagem Policarpo Quaresma. Patriota, Quaresma também era atormentado por políticos que o faziam pagar multas, não por irregularidades, mas por não transigir com a corrupção. Retrato de uma sociedade profundamente contaminada, a história termina com o personagem condenado à morte.
Exageros e analogias à parte, o fato é que chegou a hora de dar um basta a este verdadeiro show de horrores que se alastra pelo país, em todos os níveis de governo e na administração em geral, inclusive no Judiciário e no Legislativo. As coisas chegaram a tal ponto que a sociedade começa a se levantar espontaneamente contra a institucionalização da corrupção como política de governo e da roubalheira de dinheiro público como característica republicana.
Devemos aproveitar as marchas que se repetem pelos estados e na capital do país, como a que ocorreu no feriado de 15 de novembro, para desencadear um movimento nacional que nos leve a seguir o exemplo de Mario Monti na Itália. A única solução, também para o Brasil, é formar um governo de caráter exclusivamente técnico, voltado aos interesses do país, e não aos conchavos dos políticos de baixo nível. Nosso país cresceu no cenário internacional e estamos a caminho de nos tornar a quinta economia do mundo. Contudo, para isso é preciso vencer a corrupção, com todos os instrumentos de que dispusermos.
Estou disposto a me lançar nessa cruzada com todas as minhas energias. O primeiro passo foi a criação do Movimento pela Moralização dos Concursos, área que em passado recente também foi duramente atingida pelas investidas de corruptos e fraudadores de provas. O MMC é hoje uma realidade de que muito me orgulho estar à frente. Ela vem dando importante contribuição ao setor com ideias, propostas e projetos de lei em tramitação no Congresso Nacional.
Agora é o momento de batalharmos pela formação de um governo exclusivamente técnico, com profissionais de carreira no lugar dos políticos que só pensam em se locupletar com os cargos públicos, seja para eles próprios, seja para o loteamento vergonhoso na base do toma-lá-dá-cá, que é a regra atual. Um ministro, um presidente do Banco Central ou um diretor-geral de agência reguladora que tenham feito carreira na burocracia, em vez de na política, certamente terão muito melhores condições de administrar a máquina pública sem cometer “enganos”, como a assinatura de convênios com ONGs processadas pelos órgãos de fiscalização, a autorização de viagens em aviões na companhia de suspeitos de lesar o erário ou o pagamento ao mordomo da família com a verba de representação da Câmara.
De nada adiantará a reforma ministerial que se prevê para o início de 2012 se a presidente Dilma Roussef mantiver o critério de interesses políticos que marcaram a formação inicial do seu governo. Chegou o momento de acabar com essa saúva que ataca as raízes da nossa sociedade. Do contrário, a praga acabará com as instituições do país, tal o descrédito a que levará o governo, o Legislativo e o Judiciário diante da população.
O que proponho é muito simples. Vamos iniciar, em nível nacional, uma ação para a qual convocamos todas as pessoas de bem deste país, todos que quiserem se engajar conosco no
MOVIMENTO NACIONAL CONTRA A CORRUPÇÃO!
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