Eu tinha pouco mais de 19 anos de idade e havia acabado de servir o Exército quando fiz o primeiro concurso de minha vida. Foi para o Banco do Brasil, e não fui aprovado. Fico pensando: se tivesse passado, seria hoje o professor Granjeiro ou um bancário de carreira? Talvez fosse diretor ou vice-presidente; quem sabe até presidente, por que não? Afinal, o atual presidente, Aldemir Bendine, é funcionário de carreira do Banco.
É impossível, claro, saber se minha vida teria tomado um rumo diferente, mas o fato é que esse tropeço foi de grande valia para o meu futuro. Nunca mais fiz concurso para o banco, porém a lição desse inesperado “fracasso” me valeu a aprovação em outros oito concursos públicos e uma carreira como servidor que durou 17 anos, até eu me tornar um empreendedor especializado no ensino para concursos, minha paixão profissional e meu sustento nos dias de hoje.
Conto esse episódio pessoal relacionado ao BB ao me sentar para escrever este artigo sobre o próximo concurso para o banco, que, sem dúvida, será um dos maiores da sua história, tal o interesse que vem despertando entre os concurseiros de todo o país. O movimento de inscrição nas turmas que abrimos no Gran Cursos é prova disso, e a tendência é o interesse aumentar ainda mais nos próximos dias.
A história e as dimensões do Banco do Brasil são fascinantes. Isso, por si só, já é um estímulo para quem deseja seguir carreira na instituição. O banco foi fundado em 12 de outubro de 1808 pelo Rei D. João VI, com um capital de 1.200 contos que só seria integralizado três anos mais tarde, pois a procura pelas ações ficou inicialmente abaixo do esperado pelo rei.
Passados mais de 200 anos, hoje o BB é o primeiro do país em ativos financeiros (R$ 982 bilhões), em volume de depósitos totais (R$ 472 bilhões), em carteira de crédito (R$ 450 bilhões), em base de clientes pessoas físicas (53,7 milhões), em câmbio exportação (28,1% do mercado), em administração de recursos de terceiros (R$ 593 bilhões, o maior da América Latina) e em faturamento de cartão de crédito (19,8% do mercado).
A natureza jurídica do Banco é de sociedade de economia mista, personalidade de direito privado, fruto de descentralização administrativa, vinculada ao Ministério da Fazenda, com capital dividido entre União (68,7%), Previ (11,4%), capital estrangeiro (6,9%), BNDESpar (5%), pessoas físicas (4%) e pessoas jurídicas (3,9%). O agronegócio, o financiamento das exportações e as linhas de crédito para capital de giro são pontos fortes de sua atuação no mercado, além, é claro, da movimentação de contas-correntes por seus milhões de clientes em todo o Brasil.
A missão do Banco do Brasil, nos dizeres de sua filosofia corporativa, é: “Ser um banco competitivo e rentável, promover o desenvolvimento sustentável do Brasil e cumprir sua função pública com eficiência.”
Naturalmente, trabalhar numa instituição desse porte, a qual conta com mais de 5 mil agências e mais de 15 mil postos de atendimento espalhados pelo Brasil, proporciona muitas vantagens. A começar pela possibilidade de fazer carreira até os mais altos postos de direção – a exemplo do atual presidente, que um dia também foi escriturário, como serão os concursados que ingressarem na casa nos próximos meses.
Os novos servidores do banco vão iniciar a carreira com salário de R$ 1.408, mais uma gratificação semestral, mas paga mensalmente, de 25% (R$ 352), para a jornada de 30 horas semanais de trabalho, ou seja, seis horas por dia, de segunda-feira a sexta-feira. Esses valores, somados a outros benefícios, como auxílio-alimentação (R$ 399,30) e cesta-alimentação (R$ 311,08), elevam a remuneração inicial dos novos bancários para R$ 2.470,08.
Conversei com um amigo que trabalha no BB há muitos anos. Ele me explicou que a evolução na carreira obedece a uma série de normas internas, padronizadas para todo o Brasil. Essas normas regulam a ascensão profissional dos funcionários durante toda a carreira na instituição. Um programa intitulado TAO – Talentos e Oportunidades – armazena os dados e as qualificações dos empregados e é capaz de identificar e recrutar um deles em qualquer parte do país para preencher, por exemplo, um cargo em diretoria ou em agência de Brasília.
Esse amigo me relatou que existe um princípio não escrito na instituição segundo o qual “quem faz a carreira é o funcionário”. A ascensão, segundo o servidor, começa geralmente seis meses depois do ingresso no Banco, com a promoção ao cargo de assistente de gerência em uma das agências ou de assessor em alguma diretoria. Tudo vai depender da capacidade, do interesse e do talento do funcionário: se suas qualidades forem para os negócios bancários, ele alcançará a gerência de uma agência, depois de se tornar assistente de contas ou de relacionamento, em dois ou três anos.
Mas há outro caminho profissional que também premia aqueles que demonstram capacidade e interesse pelo trabalho. Esse caminho é traçado nos órgãos de direção e começa com a promoção a assessor (júnior, pleno e sênior), depois a gerente de divisão, a gerente executivo e, finalmente, a diretor de área. Aliás, para quem não sabe, no Banco do Brasil, só funcionários de carreira podem se tornar diretores. Apenas os cargos de presidente e de vice-presidente (nove, no total) são de livre nomeação pelo presidente da República.
Segundo o meu amigo do BB, obviamente a ascensão depende de avaliações funcionais periódicas (semestrais) e de pontuações que levam em conta inclusive a produtividade do empregado. Para estimular ainda mais o bom desempenho de seus servidores, o banco oferece participação nos lucros para todos os funcionários de carreira, semestralmente, de acordo com a função. Por exemplo, um escriturário pode receber R$ 2 mil e um gerente de agência até R$ 15 mil. Além disso, aqueles que estudam podem ter até 80% do valor de cursos de graduação e de pós-graduação pagos pela instituição. E todos gozam de plano de saúde considerado um dos melhores do país: Cassi.
Os funcionários do Banco do Brasil contam também com um plano de previdência privada para complementar a aposentadoria. A título de contribuição, são descontados mensalmente 3% do salário. Há outras vantagens, como férias de 35 dias a partir do vigésimo ano de trabalho (para quem ingressou no banco antes de 1998); abono de faltas de até 5 dias por ano por motivo de doença na família, nascimento de filho ou falecimento de familiar; e licença-prêmio de 18 dias por ano trabalhado.
A estabilidade no emprego é mais um fator de interesse pelo concurso. Diz o meu amigo do BB que, “hoje, o funcionário só vai pra rua se aprontar”. A despeito disso, o servidor precisa lembrar que estará sendo permanentemente observado. Naturalmente, será recompensado se corresponder às expectativas do banco, que saiu de sua tradicional posição de conforto para disputar o mercado e hoje tem de gerar lucro para seus acionistas, entre os quais o governo federal, o maior deles.
O Banco do Brasil conta hoje com 115 mil funcionários. Dezessete mil deles estão em condições de se aposentar a qualquer momento, daí a grande necessidade de contratar quem for aprovado no concurso deste ano, que vai formar cadastro de reserva. O atual quadro de empregados é consequência da grande expansão do banco na última década, quando o BB adquiriu uma série de instituições financeiras no país e no exterior: Nossa Caixa, Banco do Estado do Piauí, Banco Votorantin e Banco Patagônia, na Argentina. O quadro chegou a ser reduzido de 120 mil (em 1995) para 80 mil funcionários durante o governo Fernando Henrique, quando foram disseminados os planos de demissão voluntária. Mas voltou a crescer na era Lula.
Para quem vai fazer o concurso do Banco do Brasil, atenção para esta dica do meu amigo bancário: uma das especialidades mais valorizadas atualmente no quadro do BB é a de estatístico, com poucos profissionais disponíveis no mercado de trabalho. Outra área em que a carreira interna pode decolar com mais facilidade é a tecnológica, uma grande vantagem para quem tem o domínio dos segredos da informática.
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