O deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) nega que tenha feito uma edição deturpada sobre o que disse a psicóloga Tatiana Lionço sobre sexualidade infantil . “Não existiu nenhuma edição de má-fé. Eu achei até, depois que fiz o vídeo, que eu poderia ter melhorado, poderia ter sido mais contundente. Porque é uma afronta à família, é um desrespeito às crianças […] Não tenho nada a esconder, não. Para mim é um prazer falar desse assunto”, disse.
Segundo o parlamentar, as discussões sobre a questão têm um único objetivo, que é o de levar para as escolas de ensino fundamental materiais pedagógicos que “apoiam o homossexualismo”. “O que está na cabeça deles? É que a criança já nasce homossexual. No meu tempo, não tinha a quantidade de homossexual que tem hoje em dia, percentualmente falando”, afirmou.
Em tom de deboche, o deputado diz que “está muito preocupado com a representação” e que ficaria “sem dormir”. “Eu estou me lixando para eles. E seria um bom momento para mostrar que muito deputado não sabe o que está acontecendo. Deveria era ter uma representação contra os que participaram desse seminário”, disse, acrescentando: “Se depender de mim, os homossexuais vão apanhar muito aqui dentro da Câmara. Vão levar pau aqui dentro, e o pau que eles vão levar não é aqueles que eles gostam, não. Não vão ter paz na Câmara enquanto eu estiver aqui”, afirmou Bolsonaro.
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“Não vai para frente”
Para o deputado Jean Wyllys (Psol-RJ), a tática usada por Bolsonaro é danosa porque espalha na internet uma informação falsa, que raramente é checada. “As pessoas vêem essas coisas na internet e não sabem de onde veio, quem fez isso e acabam acreditando. Pouca gente vai atrás para saber o que é aquilo de verdade, não verificam o grau de manipulação da informação”, disse. O parlamentar integra a Comissão de Direitos Humanos da Câmara e defende o combate à homofobia.
Apesar da possibilidade de se abrir um processo contra Bolsonaro, Jean Wyllys disse ser cético em relação a um possível desenrolar do processo. Para ele, o Conselho de Ética é pouco atuante. “O conselho é inerte. Quantas vezes já fizemos representações contra parlamentares que desrespeitam claramente os direitos humanos e nada foi feito. Essas representações não vão para frente nesta Casa”, desabafou. O deputado afirmou que irá processar Bolsonaro na Justiça comum e pedirá à Polícia Federal que investigue as responsabilidades do parlamentar na edição do vídeo.
Tatiana Lionço também entrou em contato com o deputado pelo site da Câmara e solicitou que o vídeo seja retirado do canal do parlamentar no Youtube, além de publicar uma resposta sua no mesmo local. Ela também solicitou um parecer técnico da assessoria sobre a relevância da edição do vídeo, “com base nos preceitos constitucionais e com base no que deve orientar a atividade de um parlamentar”.
No entanto, Bolsonaro já avisou que não responderá a nada. “Nunca vou dar satisfação para essa psicóloga que defende o estímulo à homossexualidade para as crianças. Se ela esqueceu do que falou, eu mando o vídeo na íntegra para ela ter acesso às besteiras que falou na audiência pública. Não devo satisfações para essa mulher. O que coloquei no vídeo são palavras dela. Se ela acha que eu vou responder alguma coisa, está equivocada”.
CPI
Mesmo com a polêmica, o deputado quer instalar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Câmara para investigar material didático distribuído nas escolas de ensino fundamental. “Daqui a duas semanas vou começar a colher assinaturas para instalar uma CPI, cujo objetivo é produzir um relatório final para ser encaminhado ao Ministério Público pedindo que seja julgado inadequado esse material para as crianças dessa idade. Com todos que eu já conversei aqui, todo mundo assina. Quem não assinar é porque está dentro do armário”, afirmou.
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