Rogério Marinho *
O anacronismo da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) é patente. Uma lei de 1943 não dá conta da realidade de 2017. Opositores da modernização das leis trabalhistas não conseguem ou não querem entender que a realidade do Brasil mudou, as necessidades são outras e o mercado de trabalho é completamente diferente.
Há um imenso Brasil que está à margem do mercado, da legislação e da representação sindical. Temos cerca de 138 milhões de pessoas em idade apta ao trabalho entre 16 e 60 anos, desses 39 milhões têm carteira assinada e 11 milhões são servidores públicos. Portanto, quase 90 milhões de brasileiros em idade laboral não estão cobertos pela legislação. O Parlamento tem o dever de enxergá-los, muitos em atividades precarizadas, desempregados, no mercado de trabalho informal e subempregados.
Mas, há grupos que insistem em barrar a modernização. O pior são os métodos utilizados para combater os avanços. Vamos mostrar algumas mentiras contadas sobre as medidas da modernização das leis laborais. Dizem que o substitutivo traz o trabalho intermitente que irá precarizar as relações de trabalho. Não é verdade, as relações deverão ser formais e sem redução de direitos como FGTS, férias e 13º salário. Exatamente por isso é que se regulou o trabalho intermitente: para gerar empregos e formalidade, sem tocar nos direitos trabalhistas.
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Repetem que a regulamentação do teletrabalho retira a responsabilidade do empregador e afeta direitos. É mentira novamente. Nenhum direito será retirado do trabalhador nessa modalidade. Pelo contrário, será ampliada a liberdade do uso do tempo pelo empregado, diminuirá custos empresariais e estimulará a eficiência e a produtividade. Mentem ao dizer que a partir da modernização o empregador irá impor o parcelamento das férias aos seus empregados. O trabalhador passará a contar com a possibilidade de dispor de suas férias em até três períodos. Ele decide em comum acordo.
Da mesma forma falam que a jornada de 12 horas de trabalho retirará direitos. Um rosário de inverdades. A proposta de modernização regulamenta uma realidade objetiva, por exemplo, do trabalho policial, das atividades da saúde e da segurança privada. Trabalham 12 horas e descansam 36 horas. Falam que o substitutivo da modernização abre brechas para a redução de salários. Não é verdade. Incluímos salvaguardas impedindo que um trabalhador seja demitido e logo a seguir recontratado como terceirizado ou pessoa jurídica.
É falsa a informação repetida de que a terceirização e mesmo o substitutivo atinge direitos como 13º salário e outros. O empregado sempre possuirá um vínculo empregatício com uma empresa e essa empresa deverá recolher e pagar todos os direitos previstos constitucionalmente do trabalhador. No substitutivo, a diferença é que uma empresa poderá terceirizar para outra a realização de atividades, reconhecendo e regulamentando uma situação que já é fato na economia e no mercado de trabalho.
Não é verdade que a modernização enfraqueça a Justiça do Trabalho. Reafirmamos que o judiciário trabalhista manterá todas as suas competências. Elas estão previstas na Constituição. Apenas, o relatório substitutivo determina que o Judiciário não poderá intrometer-se no mérito da negociação. Analisará somente os elementos do negócio jurídico, em respeito ao princípio da prevalência da vontade coletiva, podendo anular o acordo caso encontre algum vício.
O substitutivo propõe o fim da contribuição sindical compulsória. O dinheiro fácil e sem nenhuma fiscalização criou uma indomável fábrica de sindicatos. Chegamos ao número de mais de 17 mil entidades sindicais. A distorção é clara: na Argentina são 91 entidades, na Dinamarca 164 e no Reino Unido, berço do sindicalismo, 168. O fim da obrigatoriedade da contribuição sindical irá depurar e separar o joio do trigo. Sindicatos que têm condição e capacidade de reunir associados, celebrar acordos e representar os interesses de suas classes sobreviverão e prosperarão ao fim da contribuição.
Essas são algumas inverdades propagadas pelos que têm interesses em manter tudo como está, pois são beneficiários diretos desse estado de coisas. Vivemos um momento de ruptura e de oportunidades. Por isso, nunca foi tão fundamental reformar tudo que ficou obsoleto e construir um novo Brasil: próspero, ético e preocupado com aqueles que foram marginalizados e alijados do mercado.
Queremos o debate de ideias e de propostas para que o Brasil avance. Rejeitamos palavras de ordem e meias verdades que são bradadas como mantra de uma seita corporativa que pretende manter o país no passado, na inércia e o no comodismo conveniente para poucos privilegiados. Nosso país é plural, heterogêneo e livre. A tutela excessiva do Estado inibe a livre negociação e desestabiliza a relação entre trabalhadores e empresários.
Nosso projeto aponta o caminho da modernização, da instituição de instrumentos extrajudiciais para resolução de conflitos, na retirada de anacronismos que não se adequam ao espírito do tempo, e, principalmente, para flexibilizar a lei de tal modo que ela sobreviva ao nosso marco temporal, diante de um futuro de inovações e transformações. Este é o nosso desejo. Esperamos que tenha ressonância junto aos demais deputados que fazem o parlamento. Juntos, podemos fazer muito mais por nosso país.
* Relator da reforma trabalhista na Câmara, é deputado pelo PSDB do Rio Grande do Norte.
a reforma afeta mais os advogados e sindicatos que os trabalhadores. não existe padrão bonzinho nem trabalhador 100% dedicado. me mostre uma empresa que não visa lucro e eu mostro uma empresa falida.
O deputado diz que “Incluímos salvaguardas impedindo que um trabalhador seja demitido e logo a seguir recontratado como terceirizado ou pessoa jurídica.”..muito bem…que empregado é esse, tão especial e importante, que a empresa precisa esperar 18 meses para contratá-lo como terceiro? Quem é esse superdotado especial que não pode ser puramente demitido com a contratação de outro em seu lugar via empresa terceirizada? Se um médico especializado pode ser demitido e colocado outro médico em seu lugar no dia seguinte, via empresa terceirizada, qual a garantia e proteção que esse político está dando? Vou ser direto: esse homem mente…e mente muito…ele sabe que isso é uma falsa salvaguarda usada apenas para servir de desculpa quando for pedir votos ano que vem…um sujeito que aceita relatar uma matéria dessa colocando sua reeleição sob risco deve ser um santo, um abnegado, um altruísta…bem, como no congresso não existe ninguém assim deixo a quem lê pensar quais os interesses e de quem ele defende…sinceramente, óleo de peroba…faça-me o favor…
Com muita lucidez e objetividade o nobre Deputado Rogério Marinho desmistifica os pontos chaves da reforma trabalhista. Convenhamos: 17 mil sindicatos no Brasil é uma brutal excrescência, sem comparativo com qualquer outro país. A “República Sindicalista” institucionalizada pela CF-88 deve acabar mesmo. Provavelmente, o nobre e saudoso Dr. Ulysses jamais imaginou que o sindicalismo exacerbado poderia chegar onde chegou e causar tantos danos ao povo brasileiro na magnitude que se vê. Levou à tamanha perda de produtividade e competitividade que dos quase 25% do PIB, o setor industrial brasileiro reduziu-se a 9% do PIB. E, não foram somente as grandes empresas, representantes do pseudo-capitalismo selvagem que se foram. Incontáveis pequenas empresas, que empregam, ou melhor, empregavam 80% da força de trabalho no Brasil fecharam as portas.
Por mais que se queira defender os “direitos dos trabalhadores”, este discurso clássico das esquerdas radicais populista não encontra mais guarida no mundo globalizado e bem informado de hoje, no qual se pode, na prática, comprar quase qualquer produto de qualquer país a preços muito mais competitivos que no Brasil.
Parece evidente também que, haver um funcionário público para apenas três trabalhadores da iniciativa privada não se sustenta a longo prazo. Este ponto precisa ser resolvido logo se não quisermos viver numa nação com 100% de funcionários públicos – o comunismo puro e utópico.
É isso Marcos…. e o que mais me deixa atordoado são os comentários (opiniões) em quase maioria dos sites (desse e outros assuntos). Tratam tudo como torcida de futebol. Difamam outras opiniões somente com argumentos pífios, ou melhor, sem argumentos… é tal de “peleguismo”… escravidão… vamos passar fome… os patrões isso… os empregados aquilo… ninguém lê, tenta entender, abre discussão séria e sadia… ou seja, como nosso país muda com pensamentos assim??
Se algumas empresas fossem responsáveis com o direito do trabalhador, tudo isso não estava sendo questionado, porém nós sabemos que existem muitas empresas e empresários irresponsáveis e ilícitos que não olham para direito algum do trabalhador, os tratando como escravos. Quando se trata de acordo entre funcionário e empregador, o favorecido sempre será o último citado, acoando o trabalhador que depende do salário e de seu trabalho.
Exatamente. Se existe um processo trabalhista é pq alguém faltou com o respeito ao acordo. Oque não falta é empresário vivendo do “suor” de seus empregados. Paguem o combinado, exijam oque é de Lei, e pronto.Ninguém precisa ir reclamar de nada.
Amigo, você já trabalhou como terceirizado? E como PJ ? E como CLTFlex? Sabe o que é isso? Já prestei serviço em todas…Acho que posso falar se isso é bom ou não, certo ? Todas são formas de sonegar impostos e retirar rendimentos do trabalhador…A CLT não é velha…ela não é aplicada no rigor que tinha que ser como LEI que é…e, no meu entender, quem não cumpre lei é criminoso…Todos Deveriam ser contratados pela CLT SEM EXCEÇÃO…
Quem tem os lucros do negócio deve arcar com o ônus e o bônus…o empregado deve fazer sua parte e, se não fizer certo, sempre pode ser demitido…maior punição que isso não existe para o empregado…agora, tornar o emprego subsídio para empregadores espertos e incompetentes já é pedir demais…
As elites (mesmo e não as pequenas empresas) estão se aproveitando de um congresso fraco e corrupto com apenas 36 eleitos com votos entre 500 deputados…muitos financiam políticos com o objetivo de entrar como seu suplente e legislar sem votos, com patrocínios de entidades empresariais em troca de votos e projetos, aprovados à socapa, sem debate com a sociedade…E o tal governo? Jjacta-se de não ter medo do repúdio popular…qual governo eleito não se submete ao escrutínio da população? Apenas governos com vieses autoritários…não fiz a greve mas a apoio…sou como o povo..quando não me sinto ouvido procuro canais de manifestação…igreja, passeata, reunião de condomínio…o congresso está virando a cara para o povo..isso não é a coisa certa pois é lá que se negociam os acordos de governança mas o que vemos é a conta ser passada inteira para a conta do trabalho…
Há casos e casos Ademir, infelizmente tem aproveitadores dos DOIS lados. Tbm fui terceirizado, 18 anos de CLT, dos quais 6 como gestor adm em 3 grandes empresas sendo 1 multinacional (alimentos) e saí a 2 anos para ter meu próprio negócio. Vi e vejo coisas que não há lei que de jeito. O caminho que vejo é educação. Na minha visão a greve está sendo organizada pelos sindicatos por que vão perder receita, estão usando o povo como massa de manobra, ou seja, só estão pensando no próprio nariz.. Tem 17.000 sindicatos no Brasil, veja quanta gente vivendo a custa do trabalhador e empregador.
Bom dia, Odair…já fui microempresário também(jogo em todas, rsrs)… todo empreendimento tem riscos..fato…espero que vc esteja prosperando…sou totalmente contra a terceirização pela quantidade de crimes e falcatruas que vi…era uma coisa a ser proibida mas como dá muito dinheiro pra picaretas mil decidem matar a CLT… é uma opção preferencial pelo crime… não sou petista mas os outros novecentos partidos só fazem dificultar nossa vida é aí, só sobra o PT.. Como dizem o inimigo do meu inimigo é meu amigo…a maior orcrim desse país é o PMDB, daí saiu o PSDB e o PT foi na cola…não defendo nenhum só cito fatos…quanto aos sindicatos não tem jeito, acho que o pessoal não percebeu mas eles estão sendo fortalecidos e não prejudicados…pense comigo, OK, perderam a obrigatoriedade dá contribuição mas os sindicatos combativos aumentarão os afiliados..e como os acordos tem que ser negociados, e assinados, pelo sindicato dá categoria ou empresa eles ficarão com a faca e o queijo na mão…o pior é se sua empresa estiver vinculada a um desses sindicatos de picaretas que tem aí… Eles venderão sua assinatura à entidade patronal com cláusulas contra o trabalhador que não poderá recorrer nem à justiça do trabalho..não acha?
Sim, obviamente os sindicatos reuniram essas greve para os próprios interesses deles, mas se você for reparar, nenhum grevista levantou bandeira; de sindicato nenhum; de partido nenhum; de político nenhum. A bandeira que está sendo levantada pelo povo na greve é a de respeito que os políticos nehum estão tendo pela população.
Ademir e Alexandra, vocês tem opinião diferente da minha, porém não vieram com pensamento de massa, abre-se discussão no âmbito da razão… É isso que comentei, assim que vejo que deveria ser, quem sabe, se continuássemos a discussão chegaríamos a um denominador.
Nenhum deputado é nobre coisa nenhuma…ganham como um mas são nossos empregados…nunca vi meu empregado votando o próprio salário…esses políticos precisam saber que quem manda é o povo e não como eles pensam…’nobre deputado’..não se rebaixe, amigo, você é cidadão e a obrigação dele é servir ao povo e não servir-se dele.
Curioso, nosso código penal é da mesma década de 40 mas nenhum, repito, nenhum parlamentar está fazendo qualquer movimento para “modernizá-lo”, por que será? Ou será que as leis penais da década de 40 são perfeitamente adequadas à realidade de 2017? Só trouxa acredita que político quer o bem para o povo, só trouxa.
Ariel tem toda a razão!
Na hora de reduzir o peso do Estado, começando pela redução à metade do nº de deputados federais e de 81 para 54 Senadores, vamos ver que se coisa anda tão rápido… Só acreditarei em algum político brasileiro no dia que fizerem isto acontecer. Só para começar!
modernizar o código penal como? aparece deputados e senadores do pt psol pcdob e um monte de ong, advogados e sindicatos que acham que menor é santo e hediondo merece induto. pega 100anos de cadeia, sai com 6 e se livra com 10.
engano seu, as leis são elaboradas e aprovadas pelos deputados, não seria possivel sé com os votos do pt pcdob