Alex João Costa Gomes*
No atual mundo moderno, a maior parcela de nosso corpo social, ou seja, as classes menos privilegiadas, pensa política de forma equivocada, pois a reflexão está centrada na associação desta aos partidos políticos, campanhas eleitorais e a disputa de poder. Dessa maneira, a maioria da população faz uma análise errada, haja vista que se pararmos para fazer uma breve viagem no tempo, conseguiremos identificar os primeiros estudos acerca desse tema no mundo grego. A política, segundo alguns estudiosos, surge na Grécia antiga, mais especificamente em Atenas, uma das cidades-estado que compunha o mundo grego, com o intuito de promover o bem comum, uma melhor qualidade de vida aos cidadãos. O interesse maior era o da coletividade, o debate centrava-se na dialética, isto é, no embate entre argumentos, onde prevalecia a ideia com melhor defesa, aquela que tinha maior poder de persuasão, convencendo a maioria.
Atualmente, temos uma sistematização e uma determinada profissionalização da política, pois o objetivo maior é a obtenção do poder, para assim poderem usufruir de privilégios jamais vivenciados pela maior parcela da sociedade. Para o filósofo grego Aristóteles, o homem é um animal político por natureza, pois não consegue viver de maneira isolada, tem sua vida marcada por formas distintas de relação social. Sendo assim, não podemos de forma alguma deixar de participar das questões políticas que envolvam todo e qualquer assunto que interessa a vida da coletividade. Para Hannah Arendt, cientista política germânica de origem judia, que tem um estudo muito interessante sobre os governos totalitários, devemos respeitar e obedecer à autoridade política. Contudo, essa obediência não significa a perda de nossa liberdade, devemos pensar, falar e agir no sentido de participarmos de maneira efetiva das atividades políticas em nossa sociedade.
Não podemos em hipótese alguma nos tornar verdadeiros analfabetos políticos, como referência ao dramaturgo e poeta alemão Bertolt Brecht no poema “O analfabeto político”, onde o mesmo afirma que “O pior analfabeto é o analfabeto político, ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos… não sabe o imbecil que da sua ignorância política nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos que é o político vigarista, pilantra, o corrupto e lacaio dos exploradores do povo”. Nesse sentido, nossa reflexão infere que essa passividade, essa inércia da maioria da população diante do que ocorre nos mais variados ambientes políticos só interessa aos maus homens que a conduzem, pois quanto mais neutros e menos participativos formos, melhor para essa categoria que se apossou na íntegra da política. Com essa nossa forma de agir, só estamos contribuindo para a expansão de seus domínios, para imporem cada vez mais suas ideias, e que assim seja feita a vontade deles, assim na terra como no céu, até porque com a nossa postura, só estamos legitimando as ações dos que gostam de política e detêm o poder nas mais diversas esferas.
*Bacharel em História
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