Eduardo Lopes*
É impressionante imaginar que a humanidade viveu por milhares de anos sem agredir tanto a natureza. O homem não tinha essa preocupação com os recursos do planeta. Achava que eles seriam inesgotáveis. Tempos depois, o espanto: a Terra poderia tornar-se inabitável! Nasce, daí, a concepção ecológica, impregnando os corações e mentes de todos os povos. Desde então, novas ideias e conceitos ambientais têm avançado por outras áreas, evidenciando o que hoje tentamos definir como desenvolvimento sustentável.
A Revolução Industrial do século XVIII foi a protagonista das causas e efeitos de um dos maiores dramas da realidade: a poluição causada pelo homem. Somente em 1972 a ONU realizou a primeira conferência mundial para tratar do assunto (Estocolmo, Suécia). Naquele ano, veio a público o relatório do Clube de Roma, intitulado “Os Limites ao Crescimento”, contrapondo-se à ideia de que a abundância econômica e o crescimento industrial não tinham fronteiras. O documento trazia o alerta de que poderia haver “um repentino e incontrolável declínio na população e na capacidade industrial”. A solução, apontada no próprio relatório, vinculava a preservação dos recursos naturais à estabilidade econômica.
Outro documento intitulado “Nosso Futuro Comum” (Relatório Brundtland, 1987), sintetiza o conceito de desenvolvimento sustentável como: “aquele que satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades”. É o começo da consciência mundial sobre a “condição humana”, especialmente em relação à extrema pobreza e desigualdade social.
A “Cúpula da Terra”, também conhecida como Rio 92 ou Eco 92, foi a mais importante conferência mundial sobre questões relativas à biodiversidade, clima, florestas e o desenvolvimento sustentável. Outros encontros se seguiram sempre na tentativa de resolver esses problemas.
Estamos, agora, às vésperas de outra conferência, a Rio+20, que também será realizada na cidade do Rio de Janeiro. O desenvolvimento sustentável, baseado nos três pilares: o ambiental, o social e o econômico, será a “menina dos olhos” dessa nova rodada de discussões. Decerto, fará parte dos debates a concepção de um novo indicador do desenvolvimento nacional. O PIB não faz distinção se o crescimento da economia provém de atividades produtivas ou destrutivas, de fatos naturais ou provocados pelo homem, ou se está amparado por endividamento da nação. Também não contempla as condições de vida da população.
Não é fácil mudar velhos hábitos nocivos à natureza. Quem sabe, a Rio +20 possa representar o início de uma nova fase, de novas práticas e de novas perspectivas nessa linha da sustentabilidade! Afinal, precisamos garantir a realidade do amanhã.
*Líder do PRB no Senado Federal
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