Folha de S. Paulo
Gasto de turista brasileiro sobe 10 vezes em 10 anos
No embalo da valorização do real e da elevação da renda, os gastos dos turistas brasileiros no exterior aumentaram mais de dez vezes em uma década.
De janeiro a novembro de 2013, foram US$ 23,125 bilhões, 1.025% mais que os US$ 2,055 bilhões gastos no mesmo período de 2003.
Naquele ano, a realidade era outra. O dólar mantinha-se caro, após disparar em 2002 para R$ 4, devido ao temor do mercado com a eleição de Lula. O cenário era de retração econômica e aumento do desemprego.
Com isso, as viagens ao exterior recuaram e o saldo entre gastos de brasileiros lá fora e de estrangeiros aqui ficou levemente positivo.
De lá para cá, não só o número de brasileiros rodando o mundo cresceu em ritmo bem maior que o de estrangeiros vindo ao país, mas também o gasto médio lá fora disparou.
Justiça estadual tem o pior resultado contra corrupção
A Justiça estadual teve o pior desempenho no cumprimento das metas fixadas pelo CNJ (Conselho Nacional de Justiça) com o intuito de combater a corrupção no país.
O objetivo, definido em 2012, era que todos os processos de improbidade administrativa e de crimes contra a administração pública que entraram na Justiça até dezembro de 2011 fossem julgados até o fim de 2013.
As cortes estaduais julgaram apenas 40% das ações de improbidade e 52% dos processos criminais.
Outras cortes foram ligeiramente melhores. Mas todas elas também ficaram abaixo da meta do CNJ.
Campos diz que presidente precisa ser humilde para reconhecer erros
Em resposta a Dilma Rousseff, que alegou haver “guerra psicológica” contra sua gestão econômica, o governador de PE e presidenciável Eduardo Campos (PSB) disse que falta ao Planalto humildade para reconhecer erros.
“O Brasil tem problemas macroeconômicos que precisam ser enfrentados. Nós não precisamos esconder as deficiências”, disse Campos. “O pior erro na vida de um país, é quando a gente não tem humildade para reconhecer as coisas que precisam ser consertadas.”
O Estado de S. Paulo
“Processos ficavam em regra nas prateleiras”
O conselheiro Gilberto Martins, que coordena o Grupo * de Monitoramento da Meta 18 do Conselho Nacional de Justiça, alertou para o “interesse geral da sociedade”.
• Não há critério definido?
Temos que ter consciência de j que uma ação de grande repercussão social, onde um gestor público desviou milhões do erário, deixou em estado de calamidade a saúde e a educação e enriqueceu, não pode ter o mesmo ritmo daquela em que o inquilino sofre cobrança. O Judiciário não pode deixar de adotar políticas públicas. O ideal é que todas as ações sejam concluídas em prazo razoável. Mas como o Judiciário é hiperdemandado o que se pretende é que as ações de grande impacto social tenham instrucão mais célere, em nome da coletividade e do interesse geral da sociedade. É a política que um tribunal sério deve adotar, por isso a Meta 18.
• Quais as causas?
Em alguns tribunais, ações ficavam em regra nas prateleiras, não por tendência de proteção a acusados por improbidade e , condutas criminosas, mas por uma série de fatores. Todo júiz tem que atender a uma cota de produtividade, a carreira é muito exigida. Aí o juiz depara com uma ação de altíssima complexidade, de difícil instrução e um número enorme de investigados que vai levar 2 meses só para dar a sentença. O juiz está habituado a ações mais simples, em um mês ele produz 30 sentenças dessa natureza.
Quando a rua ameaça o poder do palácio
O fato político mais importante de 2013 foi, de longe, a série de manifestações de rua que irromperam por todo o País no mês de junho. À margem de partidos e de organizações tradicionais, como sindicatos e grupos religiosos, elas deixaram à mostra um profundo estado de mal-estar da sociedade brasileira em relação aos serviços públicos, à forma como são empregados os recursos obtidos com impostos, à corrupção crônica, à violência policial e às entidades de representação política, entre tantas outras causas levadas à rua naqueles dias.Centenas de artigos e vários livros já tentaram analisar as causas e os efeitos daquela movimentação de características praticamente inéditas, apesar das semelhanças com outros movimentos de massa na história recente do País, como a Passeata dos Cem Mil, contra a ditadura militar (1968); a campanha pelas Diretas Já (1984); e a ação dos caras-pintadas pelo impeachment do presidente Fernando Collor de Mello (1992). Passados seis meses, a pergunta que se faz é o que restou daquela agitação e das respostas que os governos e partidos políticos tentaram dar às pressas ao movimento.
TJ paulista poderá ter varas específicas contra crimes
O desembargador José Renato Nalini, novo presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, informou ontem que a corte poderá criar em 2014 varas para atuação específica em processos sobre improbidade e crimes contra a administração pública. “Vamos estimular a prioridade a tais processos, mediante formação de comitês de assessoria técnica para temas específicos. O ideal é que nos adiantemos à cobrança do CNJ, nesse e em outros processos, afim de que a produtividade do maior tribunal do mundo seja também compatível com sua relevância. Se for o caso, poderemos destinar varas especializadas para tais julgamentos, a depender do número de processos em curso.”
Nalini alerta que “há muitas causas” para o fato de a Justiça paulista não ter concluído a pauta. “Estamos falando de um processo muito complexo. Depende de perícias, de estudos técnicos nem sempre familiares a um profissional de formação essencialmente jurídica. O juiz não é formado em ciência das finanças, nem em contabilidade, nem em estatística. Depois existe o natural escrúpulo do magistrado em não praticar injustiça. A decisão é fruto de serena e madura reflexão, análise dos elementos à luz da contribuição que os profissionais que participaram do processo trouxerem para auxiliar o juiz a formar seu convencimento.”
Correio Braziliense
A juventude do sobrenome
A mobilização dos jovens que foram às ruas nas manifestações de junho geraram pouco eco entre os grandes partidos políticos brasileiros. De liberais a socialistas, as legendas continuam a adotar uma postura à margem dos apelos da juventude. Além de contar com poucos representantes de até 29 anos em seus quadros, as siglas têm lideranças juvenis dirigidas, em sua maioria, por parentes de caciques da política brasileira.
O Correio enviou um questionário às lideranças das juventudes dos maiores partidos brasileiros perguntando sobre quem seriam os representantes jovens de destaque. Foram consultados PT, PSB, PMDB, PSDB, DEM e PDT. A maioria dos partidos não soube apontar dois nomes de militantes considerados jovens, segundo o Estatuto da Juventude, com até 29 anos.
Os democratas tratam, por exemplo, o prefeito de Salvador, ACM Neto, e o deputado federal Efraim Filho (PB) como representantes da juventude do partido, apesar de ambos terem 34 anos. Entre os trabalhistas, o presidente nacional da Juventude Socialista, Luiz Marcelo de Camargo, sugere os nomes do deputado Weverton Rocha (MA), 34, e da deputada estadual do Rio Grande do Sul Juliana Brizola, 38.
As estratégias antiprotesto
O ano que começa deveria ser de apenas uma preocupação para quem pretende disputar as eleições de outubro: vencer. Mas a lista terá de aumentar. Como ganhar, caso a população resolva voltar às ruas durante a Copa do Mundo, assim como no ano passado, para reclamar novamente da tarifa de ônibus, da falta de segurança e dos baixos salários pagos aos professores dos ensinos médio e fundamental? A movimentação para tentar evitar que os protestos ocorram já começaram, mas os resultados só poderão ser medidos em meio às partidas do Mundial, em junho, com impacto inevitável nas urnas meses depois.
Entre as medidas, as reduções no preço das passagens do sistema público de transporte foram implementadas ainda em meio aos protestos de 2013. Em São Paulo, a tarifa de ônibus, trem e metrô, que havia subido para R$ 3,20, retornou para o preço anterior, R$ 3. O bilhete integração, que chegou a R$ 5, também foi reduzido, para R$ 4,65. As negociações obrigaram políticos rivais a trabalharem juntos. As equipes do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), e do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), foram as responsáveis pelo acerto dos novos valores.
Black blocs se preparam para 2014
Para quem pensa que os mascarados e o gás lacrimogêneo serão apenas uma lembrança de 2013, um recado: “Com toda certeza, vai ter manifestação na Copa do Mundo, no ano que vem, e às vésperas das eleições”, avisa Raíssa Labanca. A estudante de direito faz parte do grupo que, batizado de Marcha do Vinagre, ajudou a levar dezenas de milhares de brasilienses às ruas, entre junho e setembro. “Não acabou porque as pessoas saíram das ruas. Já há convocações para 2014 com o mote “não vai ter Copa””, confirma Esther Gallego, professora de relações internacionais da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). A pesquisadora acredita que o momento de calmaria se deve a “uma reorganização para 2014”. Nas redes sociais, dezenas de eventos simultâneos já estão agendados para 25 de janeiro.
Turbilhão à vista na política nacional
O ano de 2014, que começou oficialmente à meia-noite de hoje, tem tudo para deixar os próximos 365 dias marcados na memória de todos os brasileiros. É ano de eleição presidencial, de Copa do Mundo no Brasil, de ruas repletas de manifestantes pedindo transporte público de qualidade, saúde, educação e dignidade na política. Tempo em que o Supremo Tribunal Federal (STF) poderá decretar o fim das doações de empresas para campanhas eleitorais, abrindo espaço para a reforma política. E que os ministros devem terminar de julgar o mensalão petista e iniciar o julgamento de outros casos políticos emblemáticos, mostrando que não compõem uma Corte que persegue os militantes do PT.
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