Época
O deputado e o laboratório
Que os políticos pouco se preocupam com fidelidade partidária, todo mundo sabe. O comportamento-padrão da maioria é pautar-se prioritariamente por interesses particulares ou corporativistas. Isso ocorreu em maio na votação do Código Florestal, quando deputados da bancada ruralista ignoraram a vontade do governo e dos partidos e seguiram a orientação da “categoria”. Algumas relações, porém, ultrapassam o mero interesse de classe. Esse parece ser o caso do deputado federal mineiro Geraldo Thadeu, um ex-tucano que hoje está filiado ao pós-comunista PPS, mas já assinou o ato de criação do PSD, o partido que está sendo montado pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab. Atos, decisões, declarações e até doações dadas e recebidas por Thadeu sugerem que sua fidelidade maior é a um grupo empresarial comandado pelo empresário Fernando Marques, dono do laboratório União Química Farmacêutica.
Numa atitude classificada como ilegal por procuradores da República, Thadeu cedeu a Fernando Marques cerca de R$ 100 mil da cota de passagens aéreas que a Câmara lhe dá para o exercício do mandato parlamentar. Tudo pago com dinheiro público. Cópias de bilhetes, vouchers e planilha de gastos comprovam o uso indevido das passagens no Brasil e no exterior. Isso ocorreu entre 2006 e 2008. Além de Marques, foram beneficiados outros funcionários da União Química. Um deles, Daniel Tavares, entregou a documentação à reportagem.
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Tavares foi assessor parlamentar de Thadeu. Ele diz que o deputado o escalou para ficar à disposição de Marques toda vez que o empresário desembarcasse em Brasília. Tavares se aproximou tanto de Marques que acabou trocando de emprego. Virou assessor do empresário na União Química, a quem acompanhava em audiências públicas, uma delas com o presidente Lula. No começo do ano passado, Tavares saiu brigado da empresa. Não quis dizer o porquê.
Daniel Tavares faz mais acusações. Ele garante que participou da entrega de duas picapes importadas para o deputado Thadeu. Diz que foi uma retribuição de Fernando Marques à cota de passagens doada pelo parlamentar. Diz ainda, sem apresentar provas, que fez vários pagamentos a Thadeu a pedido de Fernando Marques.
PublicidadeÉPOCA ouviu o deputado Thadeu. Primeiro ele tentou negar a doação das passagens. Informado sobre os comprovantes, disse que, como não havia regras claras, podia fazer o que quisesse com sua cota. Sobre as picapes, negou que os veículos tivessem sido registrados em seu nome.
A crise vai poupar o Brasil?
As Bolsas de Valores não chegam a ser um termômetro confiável para medir a saúde da combalida economia mundial. Mas elas medem perfeitamente o estado de pânico ou de tranquilidade do doente com respeito ao próprio futuro. Na semana passada, as Bolsas despencaram, fazendo evaporar bilhões de dólares de empresas ao redor do mundo. No rastro da ansiedade que tomou o globo, o pânico chegou à Bolsa brasileira, que caiu 6% na quinta-feira, a maior queda desde a crise de 2008. Desde o início do ano, a Bovespa já perdeu 24%. Haveria justificativa para essa reação? No plano global, a resposta é: sem dúvida. Os Estados Unidos e a Zona do Euro não mostram sinais de crescimento. Não há expectativa realista de que eles voltem a produzir e gerar emprego em ritmo suficiente para compensar o recuo ocorrido entre 2007 e 2009. Mas e no Brasil? Para nós, a resposta é mais cheia de nuances. Infelizmente, a era da blindagem pode estar perto do fim – e começam a pipocar motivos para você se preocupar com nosso futuro. Embora o ministro da Fazenda, Guido Mantega, tenha falado em erguer um “cordão de isolamento” em torno do país, embora nossas reservas internacionais estejam em níveis confortáveis e nosso endividamento esteja sob controle, se comparado ao dos países ricos, toda essa proteção tem limites – e pode falhar num cenário econômico completamente novo.
Os contornos desse novo cenário não estão completamente definidos. Mas não são nada animadores. Os gastos e investimentos públicos dos últimos anos foram incapazes de tirar a economia mundial da UTI. A ideia de fazer o setor público gastar mais e reduzir juros para induzir o consumo de famílias e o investimento do setor privado simplesmente não funcionou. A estimativa é que o governo americano tenha investido US$ 9,7 trilhões na economia desde a crise de 2008. Na Europa, depois do naufrágio de Grécia, Portugal e Irlanda, os governos dos países mais fragilizados continuam tentando fomentar o crescimento de todas as formas. Na Itália, o primeiro-ministro, Silvio Berlusconi, anunciou que reduzirá os gastos públicos em e 48 bilhões e lançou um “plano de ação urgente” para fazer uma reforma fiscal. O Tesouro espanhol continuou a se endividar (captou e 3,31 bilhões em emissões de bônus) na tentativa de equilibrar suas contas combalidas. O Banco Central Europeu anunciou que implantará uma linha de créditos excepcional para tentar salvar os bancos ameaçados pela multiplicação dos calotes.
Gilberto Carvalho: “A Dilma não é lulodependente”
”Vinde a mim vós todos que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei.” Cristão de boa cepa – já quis até ser padre –, o ministro Gilberto Carvalho, secretário-geral da Presidência, continua com o hábito de escolher, matinalmente, o versículo do dia. O da quarta-feira, 27 de julho, era este Mateus 11, 28-30. Oprimido ele não está, mas o cansaço não dá para esconder. “Isso aqui não para”, disse logo depois de voltar de mais uma reunião “com a Dilma”. É como ele a trata, alternando com o “presidenta” quando acha mais adequado. “Eu chamo mais ela de Dilma que chamava o Lula de Lula. O Lula gostava muito que a gente o chamasse de presidente.” Aos 60 anos, o ex-seminarista, ex-sindicalista e ex-dirigente do PT quer ser ex-ministro no fim deste mandato, “se a presidenta quiser que eu fique até lá”.
ÉPOCA – Qual foi o erro do Palocci?
Carvalho – Nenhum erro enquanto agente do governo. Isso é que nos permitiu fazer a defesa. Vejo hoje que o que o Palocci fez, de maneira inadequada, foi acumular esses recursos da maneira como ele fez, ainda, diga-se com clareza, que tenham sido declarados. O erro não foi de juízo ético. Foi um erro político, de saber que uma pessoa que está no governo, ao amealhar uma riqueza como essa, vai se expor, porque vai suscitar um monte de dúvidas sobre as razões pelas quais aqueles que pagaram a consultoria dele o fizeram num montante tão alto.
ÉPOCA – Até quando vai seu fôlego para permanecer no governo?
Carvalho – Meu horizonte é o final deste governo, se assim a presidenta quiser. Porque isso aqui é perigoso. Isso aqui cria cacoetes, cria rituais com os quais você acaba se iludindo. Essa coisa de chamar de ministro, que eu acho um saco, diga-se de passagem. Procuro quebrar esses rituais, ainda que em certos momentos você tenha de cumpri-los. E também tem o risco de a gente começar a olhar a realidade através desses vidros e dos códigos que têm aqui dentro. Então não é bom ficar muito tempo. É bom trocar.
Uma aposta de risco na Defesa
Fazia muito calor no início da tarde da quinta-feira 4, em Tabatinga, cidade brasileira na fronteira com a Colômbia, quando o ministro da Defesa, Nelson Jobim, recebeu um telefonema do Palácio do Planalto. Muito nervoso, suado, saiu do helicóptero em que se encontrava e correu esbaforido na direção do jatinho que o levaria de volta a Brasília. Do outro lado da linha, a presidente Dilma Rousseff ordenava que ele retornasse à capital imediatamente.
Quando chegou a Brasília, entregou a carta de demissão à presidente. Poucos minutos depois, o Palácio do Planalto anunciou a substituição de Nelson Jobim por Celso Amorim, um experiente diplomata que foi chanceler no governo Itamar Franco e no governo Luiz Inácio Lula da Silva. Jobim perdeu o cargo que ocupava desde julho de 2007 porque falou demais.
As circunstâncias da saída de Jobim tiveram duas consequências imediatas. Uma tem a ver com o conteúdo das declarações que provocaram a queda do ministro. Embora desastradas, as palavras de Jobim refletem o pensamento de muita gente do governo, mesmo de petistas. A outra consequência se refere ao futuro do Ministério da Defesa sob o comando de Celso Amorim. Trata-se de uma aposta de risco. Durante os oito anos do governo Lula ele ocupou o Ministério das Relações Exteriores e se notabilizou por polêmicas em relação à política externa, à qual imprimiu um viés grandiloquente, muitas vezes improdutivo para os interesses nacionais.
Há muitas dúvidas se o estilo trombador de Amorim vai funcionar entre os militares, setor ainda em adaptação à subordinação aos civis. O fato de se tratar de um diplomata de carreira faz aumentar as preocupações. Os militares se sentem incomodados com o integrante de outra corporação, o Itamaraty, no comando das Forças Armadas. No começo do governo Lula houve a tentativa que deu errado. O primeiro ministro da Defesa de Lula foi o embaixador José Viegas, que deixou o ministério depois de uma crise provocada pela divulgação de uma nota oficial do comando do Exército que fazia apologia da ditadura militar.
Istoé
Um mensaleiro dá as cartas no PP
Na alça de mira da presidente Dilma Rousseff desde a eclosão da crise política, o PP fez de tudo nos últimos dias para passar ao largo dos escândalos na Esplanada dos Ministérios. O esforço foi em vão. Na quarta-feira 3, o Congresso aprovou o convite para que o ministro das Cidades, Mário Negromonte, esclareça as denúncias de favorecimento a empresas doadoras de campanha, publicadas na última edição de ISTOÉ. Indicado para as Cidades pelo PP, Negromonte terá de explicar, por exemplo, por que o secretário nacional de Saneamento do ministério, Leodegar Tiscoski, cumpriu jornada dupla no ano eleitoral. Ao mesmo tempo que administrava obras de saneamento em todo o País, ele operava como tesoureiro nacional do partido. Era Tiscoski quem arrecadava recursos para financiar as campanhas do partido. O depoimento está marcado para a quarta-feira 10 nas comissões de Desenvolvimento Urbano e de Fiscalização e Controle. “Tudo tem que ser investigado. Há problemas não só como o PR, mas com o PCdoB, PMDB, PP. A denúncia envolvendo o PP é grave. A Dilma precisa agir com o governo inteiro como fez com o PR”, disse o líder do DEM na Câmara, ACM Neto (BA).
A bancada do PP promete comparecer em peso à audiência na tentativa de blindar o correligionário. O partido tem se empenhado em discutir alternativas para escapar da “faxina” a ser promovida por Dilma. Na quarta-feira 3, a cúpula do PP reuniu-se até altas horas da madrugada no apartamento do deputado João Pizzolatti (SC), localizado na quadra 311 Sul em Brasília. Além do anfitrião, de Negromonte e do líder da legenda na Câmara, Nelson Meurer (PR), participou do encontro o ex-deputado federal cassado Pedro Corrêa, réu no processo do mensalão acusado de formação de quadrilha, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A presença de Corrêa numa reunião em que foram discutidas estratégias do PP é mais do que sintomática. Conforme apurou ISTOÉ com vários parlamentares do Partido Progressista, o mensaleiro não apenas tem força como continua influenciando decisivamente nos rumos do partido. “Com a entrada de Negromonte no ministério, Corrêa passou a mandar mais, é ele quem está dando as cartas. Com o antecessor Márcio Fortes a coisa era mais discreta”, garantiu à ISTOÉ um parlamentar do PP incomodado com a intensa movimentação de Corrêa. “O mensaleiro é ele, mas o ônus fica para todos nós”, reclama o mesmo deputado.
A central tucana de dossiês
Agentes infiltrados em movimentos sociais, centenas de dossiês sobre partidos políticos, relatórios minuciosos com os discursos de oradores em eventos políticos e sindicais. Tudo executado por policiais, a mando de seus chefes. Estas atividades, típicas da truculenta ditadura militar brasileira, ocorreram no Estado de São Paulo em plena democracia, há pouco mais de dez anos. Cerca de 50 mil documentos, até então secretos e que agora estão disponíveis no Arquivo Público do Estado, mostram como os quatro governadores paulistas, eleitos pelas urnas entre 1983 e 1999, serviram-se de “espiões” pagos com o dinheiro dos contribuintes para monitorar opositores. Amparados e estimulados por seus superiores, funcionários do Departamento de Comunicação Social (DCS) da Polícia Civil realizavam a espionagem estatal. Até o tucano Mário Covas, um dos maiores opositores do regime militar e ele mesmo vítima de seus métodos autoritários, manteve a “arapongagem” durante todo o seu primeiro mandato e por um período de sua segunda gestão. Entre os alvos preferidos na administração do PSDB aparecem o PT e a Central Única dos Trabalhadores (CUT), organização sindical fundada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Há dezenas de dossiês com informações sobre as duas entidades e seus principais expoentes. Já as investigações a respeito dos tucanos e seus aliados foram suspensas a partir de 1995, quando Covas assumiu o governo de São Paulo.
Eles fabricam sindicatos
A trajetória do ex-jornaleiro Carlos Lupi, que virou presidente do PDT e ministro de Estado, é um exemplo do quanto a política e os movimentos sociais no Brasil são capazes de transformar a vida de um cidadão. Foi a disciplinada militância de Lupi nos partidos e nos sindicatos que consolidou seu caminho até o Ministério do Trabalho. E desde que assumiu a pasta, em 2007, Lupi, associado ao deputado federal Paulinho da Força (PDT), ainda teve fôlego para tornar-se personagem de um novo milagre: o da multiplicação de sindicatos. Em apenas três anos de sua gestão no Ministério, foram concedidos 1.457 registros sindicais e há outros 2.410 pedidos em trâmite na Secretaria de Relações do Trabalho.
Nos primeiros seis meses deste ano, o ministro autorizou o funcionamento de 182 entidades sindicais, tanto de trabalhadores como patronais. Ou seja, em média surge um novo sindicato a cada dia no Brasil. Em vez de alta produtividade associativa, no entanto, parece haver uma situação de descontrole total na concessão de registros, como indicam uma avalanche de impugnações por parte de sindicatos históricos e o acúmulo de processos na Justiça do Trabalho. Há sinais contundentes de que a fabricação de sindicatos, federações e confederações vem atendendo a interesses políticos e partidários, não apenas trabalhistas. Denúncias, recebidas por ISTOÉ, indicam inclusive a existência de um balcão de negócios por trás da concessão das cartas sindicais, que chegariam a custar R$ 150 mil no mercado negro da burocracia federal.
Relações militares
O peixe morre pela boca e quem fala demais, de forma impensada, também. A demissão do ministro da Defesa, Nelson Jobim, na quinta-feira 4, é prova disso. Ele não caiu por seus atos ou por incompetência, nem foi vítima da onda de denúncias que atingiu a Esplanada dos Ministérios. Jobim foi demitido por suas palavras. Em entrevista à revista “Piauí”, voltou a falar mal do governo e levou a presidente Dilma Rousseff a antecipar uma decisão que anunciaria nos próximos dias: descartar Jobim e convidar para assumir a Defesa o ex-ministro das Relações Exteriores do governo Lula, Celso Amorim. A decisão, porém, trouxe insatisfação na caserna. “Desde quando um diplomata gosta de guerra? É como botar médico para cuidar de necrotério. Parece brincadeira”, atacou um oficial. “Jobim foi trocado por um fanático esquerdista”, reverberou o líder do DEM no Senado, Demóstenes Torres (GO), falando em nome dos descontentes. O Palácio do Planalto não respondeu às críticas, mas a presidente Dilma tomou a iniciativa de aparar arestas com os comandantes das Três Forças, em café da manhã na sexta-feira 5, no Palácio da Alvorada. Enzo Peri, do Exército, Juniti Saito, da Aeronáutica, e Júlio de Moura Neto, da Marinha, foram confirmados nos cargos. E a posse de Amorim está marcada para a segunda-feira 8.
Carta Capital
A gota d’água
Foi, por fim, irônico. Ao desfazer uma situação nonsense em seu governo, definida de forma precisa por um experiente jornalista de Brasília (“O Brasil deve ser o único país do mundo que tem um ministro de oposição”), Dilma Rousseff usou uma só e certeira estocada contra as frenéticas canivetadas do subordinado. No lugar de Nelson Jobim na Defesa entra Celso Amorim, chanceler no governo Lula, colunista de Carta Capital e um dos principais alvos das futricas do antecessor. Conforme revelou documento da diplomacia dos Estados Unidos vazados pelo WikiLeaks, Jobim reunia-se com representantes da embaixada norte-americana no Brasil para falar mal da política externa conduzida pelo então colega de governo. O hábito da fofoca, como se vê, nunca abandonou o ministro recém-exonerado, vide a entrevista à revista Piauí, que selou sua demissão na quinta-feira 4.
Após a demissão, Dilma ligou para o ex-chanceler e o convidou para o cargo. Amorim aceitou o convite de pronto. E assim se consolida uma nomeação há muito desejada pela presidenta. Não fosse a insistência de Lula, Dilma teria preferido convidar o ex-ministro das Relações Exteriores a manter Jobim na Defesa. Será o segundo diplomata a ocupar o cargo. José Viegas Filho foi titular da pasta no primeiro mandato de Lula. Ninguém no governo sabe precisar ao certo quando Jobim decidiu sair do ministério ou o motivo de ele ter escolhido a estratégia de falar mal do governo em doses homeopáticas e contínuas na mídia. Há quem aponte machismo, pois a administração de Dilma não difere das linhas gerais daquela de Lula. Há quem diga que ele enxergou um esvaziamento de seu poder e não se conformou. A presença de Genoino na Defesa e a redução gradativa de sua influência em assuntos sensíveis, como a criação da Comissão da Verdade para investigar os crimes da ditadura, o teriam deixado amuado.
Uma base nem tão aliada assim
A presidenta Dilma Rousseff venceu a batalha da opinião pública ao promover a faxina do Ministério dos Transportes e reafirmar seu estilo de gerente dura no comando do país, se consideradas a aprovação de alguns colunistas da mídia e sondagens do marketing do governo. Mas a opinião pública não decide o dia a dia em Brasília. Em um semestre que promete ser mais difícil de lidar do que o primeiro, a presidenta terá que lidar com a insatisfação explícita e latente da sua base de apoio.
Do PR, que perdeu o Ministério dos Transportes e foi exposto à execração pública, até o PT, cuja relação com Dilma até hoje não se resolveu, paira um clima de insatisfação sobre o qual a articulação política do Planalto deveria meditar. Há entre os petistas do Congresso quem defenda um novo pacto na base aliada, capaz de garantir a governabilidade. Mas a presidenta não parece disposta a aceitar um arranjo que implique mudanças nos princípios que pretende estabelecer.
Segundo o secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, o governo é de coalizão, mas não há espaços para indulgência. “Temos de deixar claro que não usamos critério de permissividade, que já há mecanismos que permitem que os dividendos políticos cheguem aos partidos.” Carvalho não descarta um afrouxamento da base e admite que o semestre será delicado por causa da piora no cenário econômico mundial, dos contingenciamentos de gastos e das relações com a base. “A pauta política também pode se complicar e não queremos isso. A ordem é conversar ao máximo. Muitos problemas aconteceram por isso (falta de conversa).”
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